Desprezar o networking é perda de oportunidade

Sempre que o assunto é networking e a relevância que ele possui em nossas oportunidades profissionais, a controvérsia está garantida. As opiniões costumam ser divididas de acordo com a afinidade que as pessoas possuem com a técnica.

Existem aquelas pessoas com grande talento, que surgiu naturalmente e foi sendo aprimorado. Elas têm a habilidade de construir relações por onde passam e fazem isso parecer simples. Eu, com certeza, não sou uma delas. Mas gostaria. 

Assim como temos aqueles profissionais que reconhecem a importância, mas possuem uma certa dificuldade em conseguir inserir essa dinâmica em seu cotidiano ou precisam de muito esforço para manter essa prática ativa, porque reconhecer a necessidade não é dominar. Estou neste grupo, com certeza.

E, por outro lado, há aquelas pessoas que combatem energeticamente o networking com o argumento de que oportunidades são obtidas com bom trabalho, dedicação e resultados. Eles estão errados? Claro que não. Porém, é uma maneira muito simplista de encarar as coisas. Na filosofia, esse comportamento é conhecimento como reducionismo. E o problema é que, sintetizar um contexto que precisa de uma abordagem ampla e dinâmica, reduz sua visão estratégica sobre todos os benefícios que o networking pode trazer para sua carreira.

Não confunda networking com oportunismo

No começo da minha carreira, fui uma grande ativista contra quaisquer comportamentos explícitos de networking. E só abandonei essa causa perdida quando consegui identificar a origem desta reatividade. Era oportunismo travestido de networking.

Neste contexto, oportunismo é a definição para o uso inadequado das relações, que beneficiam pessoas desqualificadas para assumirem funções as quais não estão aptas, preparadas e, muitas vezes, nem mesmo comprometidas. O resultado disso é um efeito sistêmico que afeta o senso de justiça nas empresas e que prejudica, sim, quem realmente tem competência e experiência. 

Não existe problema algum em você empregar um amigo, um familiar, um conhecido, caso isso não seja contra as regras de compliance da empresa. O problema é quando esta pessoa não preenche os requisitos necessários e não entrega o desempenho que o cargo exige.

Após compreender melhor que existe uma grande diferença entre networking e oportunismo, consegui investir tempo para aprender a construir um relacionamento estratégico com o mercado de trabalho.

Networking não é ferramenta de desempenho, mas traz visibilidade para seus resultados

Não podemos desconsiderar que, em algumas situações, as argumentações contrárias que usamos para descredibilizar o networking, na verdade, podem ser sintomas do medo que sentimos de enfrentar a construção de relações profissionais, que nos tira da zona social de conforto. Situação onde nos relacionamos apenas com quem temos afinidades.

Você pode até não gostar ou ter dificuldades, mas precisa compreender o poder do networking e saber como ele acontece. Por isso, conceituei a técnica em dois significados macros: 

Networking ocasional: quando você cria relações de maneira natural, como no ambiente de trabalho ou em eventos sociais. São pessoas que participam do seu ciclo social e profissional, direta ou indiretamente.

Networking intencional: quando você intencionalmente provoca relações com outras pessoas que fazem parte do seu convívio ou não.

Apesar das duas definições, nenhuma delas representa o networking bom ou o networking mau. Ambos trazem importantes benefícios para sua trajetória. Como todo método, o networking também possui boas práticas:

1. Networking é relacionamento. Relacionamento precisa de investimento e atenção contínua, mesmo que não sejam tão frequentes;
2. Você não precisa ter afinidade com uma pessoa para manter um relacionamento profissional saudável com ela. Respeito é tudo;
3. Dar atenção a uma pessoa não é ser puxa saco;
4. Se você só lembra da sua base de networking quando precisa pedir um emprego ou um favor, você não tem uma base e nem mesmo sabe fazer networking;
5. Networking qualificado é aquele que você amplia sua base e consegue ter contatos nas mais diferentes áreas, empresas, setores e níveis hierárquicos;
6. Networking também é ferramenta de aprendizado, onde você pode usufruir das suas relações para adquirir conhecimento com a experiência do outro;
7. Não adianta você se preocupar com o networking com o mercado externo e ignorar a importância do relacionamento com seus colegas de trabalho e com seus colegas de empresa, com os fornecedores, com os clientes;
8. A sustentabilidade do seu networking é a realização de um excelente trabalho.

O networking não é uma competência obrigatória para o mercado de trabalho. Mas ele sempre será uma habilidade que garante um diferencial competitivo.

Sobre mim

Sou escritora e mentora de pessoas e negócios. Atuo na transformação de profissionais, lideranças e ambientes organizacionais. Acredito que o futuro do trabalho está no compartilhamento de responsabilidades.

Um mundo onde as pessoas busquem continuamente o aprendizado que transforma seu comportamento e melhora seu desempenho, alinhado aos seus objetivos e seu bem-estar. Pessoas que aprendem a posicionar o valor do seu trabalho, para desenvolver seu melhor e serem devidamente recompensadas por isso.

Um ambiente corporativo onde os profissionais sejam respeitados como indivíduos. Onde seja possível compreender que a inovação e o sucesso são conquistados com orientação para resultados, gestão e autonomia, estabelecendo uma produtividade que alcance a eficiência, sem sobrecarregar as pessoas.

Meu propósito é gerar nas empresas, as mudanças que as pessoas precisam. E gerar nas pessoas, o desenvolvimento que as empresas buscam.

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