Destruição Criativa

Destruição Criativa

A internet já é uma quarentona, o computador pessoal já tem mais de 30 anos, a world wide web já está na maioridade – tudo isso deixa claro que já está mais do que na hora de parar de falar nas “novas” tecnologias e começar a discutir os efeitos já bem claros que elas têm provocado na sociedade.

O economista Joseph Schumpeter criou a expressão ‘ondas de destruição criativa’ em sua teoria sobre a inovação econômica e os ciclos de negócios para descrever o processo de mutação industrial que incessantemente revoluciona a estrutura econômica de dentro para fora, sempre destruindo o velho e criando o novo.

No mundo da tecnologia da informação e das comunicações essas ondas, descritas pela Lei de Moore, vem ocorrendo em frequências cada vez maiores, o que faz com que muitas empresas acabem tomando ‘caldos’ fabulosos. Algumas jamais se recuperam, inclusive. Mas, de forma geral, os efeitos da Lei de Moore têm sido largamente mais positivos e criativos do que destrutivos.

Dentre as coisas que a melhor performance dos chips de computador e seu proporcional barateamento tem causado, a que chama mais atenção é o que os físicos descrevem como mudança de estado. Estamos vivendo exatamente esse momento em que o líquido vira gasoso. Uma nova sociedade está se formando pela computação e o perfil deste novo mundo só está começando a emergir de uma névoa formada pelo encantamento com o que a tecnologia é capaz de realizar.

É preciso perceber que as tecnologias digitais se tornaram tão poderosas que nos forçam a repensar conceitos sobre o que as máquinas podem ou não fazer. Mesmo depois da virada do milênio, para chegar até um endereço desconhecido, um motorista pegava um volumoso guia de ruas, criava uma rota, ia marcando as paginas e de tempos em tempos tinha de parar para consultar o mapa ou pedir instruções em um posto de gasolina.

Hoje, basta colocar o endereço no Waze que o aplicativo não só oferece várias rotas como dá a hora estimada de chegada e ainda vai ditando o caminho e avisando de possíveis ocorrências. Com isso, toda a experiência de dirigir mudou. As pessoas gostam da ideia de estarem ajudando as outras ao reportarem situações para o aplicativo, reduzem o tempo emitindo gases dos seus veículos, evitam aumentar o seu índice de stress no trânsito e ainda ganham independência.

Avanços como estes nos fazem prever que os carros que se dirigem sozinhos, e que pareciam uma miragem distante, já estão virando a esquina e rapidamente estarão entre nós.

Mas, nem todos ficam maravilhados. Há os que se perguntam o que vai acontecer com os motoristas profissionais. Bem, nesse caso, voltamos para a questão da destruição criativa. Pode ser que o número diminua e que as pessoas sejam obrigadas a procurar outro trabalho que, talvez, os faça mais felizes. Pensar assim é a mesma coisa que deixar de usar e-mails para não desempregar os carteiros. Ou desligar a televisão para proteger os atores de teatro. Não foi isso que aconteceu e não será isso que acontecerá.

Em última análise, quem pilota a economia é a tecnologia e quem comanda a tecnologia é a sociedade. Um exemplo claro é a utilização da energia nuclear. A descoberta da tecnologia de enriquecimento de urânio foi aplicada em bombas destruidoras, sim, mas também é base do fornecimento de energia elétrica há décadas. Graças a essa tecnologia não foi preciso destruir árvores para fazer carvão para as termoelétricas e os países puderam crescer cada vez mais verdes. Agora, os alarmistas de plantão escolheram a Inteligência Artificial como o risco da vez. Mas é apenas uma questão de tempo para que todos entendam que máquinas e pessoas precisam se unir sob o princípio da co-evolução.

A despeito da verdadeira fobia de automação que toma conta de algumas almas, é preciso considerar que surfar as ondas de destruição criativa tem sido muito saudável para a humanidade. Das descobertas científicas que derrubaram mitos limitantes à utilização recreativa da realidade virtual, o que mais se vê a é a tecnologia ganhando de lavada das preocupações.

André Dessandes

Head of Creative Strategy at The Ad Store Brazil

6 a

A narrativa da criatura se virando contra o criador sempre renderá um bom filme!   

Acredito que as discussões sobre o uso das tecnologias devem se concentrar e ter como foco as questões éticas e não econômicas (isto é perda de tempo), no que se refere, por exemplo, a utilização da Inteligência Artificial e a evolução das máquinas. Qual o limite de decisão que estará à cargo das máquinas em benefício da evolução e do bem estar da sociedade? Essa e outras reflexões deverão centrar os debates. 

Luana Bento

Gestão de equipe, supervisão e programação físico-esportiva, gestão de projetos e de Programas Físico-esportivos no SESC SP Serviço Social do Comércio

6 a
Matheus Gonçalves Dias

Diretor Comercial, Marketing & Processos | Black Belt | Melhoria Contínua

6 a

Muito bem Walter! A questão da evolução vai muito além da perda de empregos, há todo um cenário sócio-econômico ao redor de todos esses assuntos, mas o problema é a crítica precipitada acerca de algo sem estudo prévio, o que gera diversas barreiras na evolução tecnológica e até mesmo social. Parabéns!

Carlos J. Lira

Consultor I Auditor I Conselheiro I Advogado I Diretor Administrativo e Financeiro

6 a

Parabéns Walter! Sintetizou bem o papel das "ondas de destruição criativas". Vamos em frente, a humanidade está sedenta. Abraço.

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