Diálogo interno: ponto de partida para a análise comportamental do outro
"The Thinker", Auguste Rodin

Diálogo interno: ponto de partida para a análise comportamental do outro

A nossa voz interna não se cala, exercendo um grande impacto na nossa conduta e nas conclusões que tiramos a respeito do comportamento do outro.

Nós a ouvimos, mas não a escutamos.

Assim como escutar os outros é uma questão de escolha e exige esforço, nos escutarmos também depende da crença de que se focarmos nos nossos pensamentos seremos capazes de responder de uma forma mais construtiva perante as situações, principalmente na presença de outras pessoas.

 Por que isso acontece?

Normalmente a nossa atenção está direcionada aos nossos estímulos externos, e não percebemos esse mundo paralelo que funciona dentro da nossa mente.

O problema é que essa voz é muitas vezes guiada de forma não consciente, e nos leva a pensamentos que distorcem a realidade, resultando em comportamentos inadequados, nos trazendo sofrimento e mágoa, ou provocando esses sentimentos nos outros.

Assim como vivemos no modo automático, realizando tarefas repetitivas, sem foco no que estamos fazendo, também temos “pensamentos automáticos”.

 Como lidar com isso?

Sabemos que podemos adotar estratégias que nos conectem mais com o momento presente e aumentem a nossa atenção e concentração nas nossas tarefas diárias, mas também existem maneiras de nos conscientizarmos sobre estes pensamentos, identificando-os e administrando-os para que nos levem a uma conduta mais justa em relação aos outros e a nós mesmos.

Normalmente estes pensamentos são espontâneos, não censurados e, na maioria das vezes, destrutivos. Eles acabam intensificando a emoção que estamos sentindo, prejudicando a nossa saúde mental e o nosso relacionamento com os outros.

Precisamos questioná-los, para que não acabemos acreditando neles como uma verdade absoluta, quando podem refletir uma distorção da realidade.

Devemos avaliar a sua lógica, procurar evidências, fazendo perguntas aos outros e a nós mesmos. Sermos os nossos próprios “advogados do diabo”.

Ao fazermos isso abriremos caminho para achar uma solução aceitável para nós e para os outros.

Se não interferirmos neste processo, esses pensamentos poderão ser catalisadores de outros, ainda mais destrutivos e mais distantes da realidade.

Como esses “pensamentos automáticos” se manifestam e o que podemos fazer com eles?

 1.  Generalizações

“Ele NUNCA me escuta”, “Ela SEMPRE esquece de me devolver os livros que lhe empresto”

Por trás de uma generalização existe uma emoção. Ele “nunca” me escuta significa, estou com “raiva” porque tive a impressão de que ele não estava me escutando.

Reconhecer, identificar a emoção é o primeiro passo para tirar o foco do outro e colocá-lo em nós, já que nós temos controle do nosso comportamento, mas não do comportamento do outro.

Ao reformular a situação tiramos essa carga emocional destrutiva que impede que vejamos com clareza o que está acontecendo.

Neste caso, devemos nos ater à situação específica: “Hoje eu tive a impressão de que ele não me escutou”. Pode ser que em outras situações ele tenha escutado sim. E pode haver motivos para ele ter agido dessa maneira, motivos desconhecidos para você.

 2.  Rótulos

 “Ele é um egoísta” “Ela é uma desconsiderada”

Ao rotularmos os outros encaramos a situação como irremediável. Acreditamos que as pessoas são como são e não vão mudar, portanto melhor aceitar e ir em frente (mas o ressentimento fica).

O que devemos fazer é reconhecer que esse rótulo corresponde a uma generalização, como mencionei antes, ou mesmo a um estereótipo.

Devemos trazer à memória outras ocasiões semelhantes e perceberemos que muito provavelmente ele ou ela agiu de maneira diferente.

Ou pode ser que não, talvez o outro sempre tenha se comportado assim. Neste caso, considere que ele pode ter seus motivos. Ou pode não estar ciente que o seu comportamento não é aceitável para você.

Todo este raciocínio nos dá tempo para reagir de forma mais construtiva, objetiva e racional (e por que não, mais justa).

 3.  “Leitura de pensamento”

“Ele não me escuta” “Ela não liga para mim”

Nós interpretamos comportamentos dos outros. Tiramos conclusões. Avaliamos. Mas só podemos ter certeza daquilo que vemos e ouvimos, mas não do que existe por trás dos comportamentos e palavras dos outros.

Não podemos afirmar o que se passa na mente do outro, só supor.

Por isso, devemos fazer perguntas, juntar informações, validar o que percebemos em relação à conduta do outro.

Precisamos ir em busca de evidências.

 4.  Expectativas

Precisamos considerar que as pessoas são diferentes. Diferentes valores, crenças, e isto afeta sua forma de agir.

Por outro lado, nunca teremos todas as informações que o outro tem, o que pode influenciar de sobremaneira a sua conduta.

Lembre-se que ele pode ter motivos que você desconhece para fazer o que faz o dizer o que diz.

 5.  Dramatização

“Isto é um desastre” “Estou perdido” “Vou ser mandada embora”

Projetamos consequências que podem não ocorrer.

Pode ser que em algum momento enfrentemos sim uma situação grave. Nesse caso os nossos pensamentos devem ir em direção à análise dos fatos e, se projetarmos consequências indesejáveis, imaginar quais os planos de ação a serem adotados para cada uma delas.

 Conclusão

Todo este processo exige prática. E a prática exige dedicarmos alguns momentos do dia, ou da semana, a “escutar” a nossa voz, nos familiarizarmos com ela, reconhecer padrões.

Trazer à memória eventos vividos recentemente e refletir como você reagiu, o que sentiu, o que pensou.

Esta reflexão pode nos ajudar a nos prepararmos para as próximas interações com os outros e pode mudar sensivelmente a nossa maneira de encarar a vida.

 

 

 

 

 

Karin Brigitte Guth

Gestão e Desenvolvimento Humano Organizacional. Idealizadora do Treinamento "Roda de Diálogos" Inteligência emocional 4.0 /Mentora/ Palestrante / Saúde Mental / "Projeto EU SOU - Autobiografia"

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Com os diálogos internos, podemos ser o nosso pior ou melhor amigo, é uma questão de escolha! Virginia Fantoni muito bom !!!

.Fábio Adiron

Mentor em inovação e consultor em marketing com dados. Professor de cursos de MBA. e estudioso do pensamento complexo

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Virginia Fantoni está cada vez melhor

Virginia Fantoni

Professora de Inglês /Criadora do método English Beyond, integrando o estudo de idiomas com as habilidades de comunicação/Mentoria em comunicação interpessoal

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