Diário de pai — 07
Voltamos, depois de muito tempo, a contar vai a empreitada de Matheus, — 18 anos, em busca do sonho de se tornar jogador de futebol sob o olhar de seu pai, Paulo.
Para quem perdeu os últimos capítulos, eis aqui um resumo…
Começamos a acompanhar a história dos dois em fevereiro de 2015. Na época, Matheus era um promissor meia de 15 anos que iniciava seu primeiro ano na categoria sub-17. O garoto vivia em Mineiros do Tietê, distante 70 km da família que continuou em Bauru — no centro-oeste Paulista. Disputou o Paulista e outras competições da categoria. Com suas atuações, conseguiu chamar atenção do XV de Jaú, chegando ao clube em 2016 — seu último ano no ensino médio. Treinou até com os profissionais que disputariam a quarta divisão estadual naquele ano. A expectativa era de que ele participasse da campanha do clube na segunda divisão do Paulista sub-20 que acabou com o título do Galo, mas o desenrolar de 2016 acabou não saindo como Paulo e Mateus esperavam…
DIÁRIO — 07
Na última conversa com Paulo, para a retomada do diário, fizemos um exercício de recordação relendo juntos último capítulo que publicamos, ainda na versão antiga do Indústria de Base, “cara você está me contando coisas que eu nem lembrava, passou um filme na minha cabeça”, contou. Depois de março de 2016, quando Matheus vivia em Jaú, muita coisa aconteceu.
A estada em Jaú foi curta, durou dois meses. Por conta de um desentendimento envolvendo pessoas do clube e o empresário de Mateus, o jovem acabou voltando a morar em Mineiros do Tietê apenas dois meses depois de chegar ao XV. Apesar do tempo longe da cidade, terminou o ensino médio em Mineiros sem ter se transferido para qualquer escola de Jaú.
No segundo semestre do ano Mateus continuou treinando e disputando torneios menores. O pai conta que o jovem estava em um bom momento quando, por conta de uma parceria promovida por seu empresário, a equipe sub-20 do Grêmio Osasco veio até Mineiros se preparar para a Copa São Paulo de 2017. Oportunidade para Matheus, que não disputou a Copinha, mas chamou a atenção do técnico do time da grande São Paulo.
O garoto ficou em Bauru nas férias de dezembro e esperava o início da temporada para integrar o elenco do Grêmio Osasco que disputaria o paulista sub-20, “o empresário já tinha dado como certa a ida de Matheus para lá”, contou Paulo. Uma mudança de planos repentina, e inexplicável segundo Paulo, fez com que o garoto acabasse indo jogar na cidade de Campo Largo, no Paraná.
“ Primeiro era pra ter ido para a Ferroviária no ano passado, não foi. Aconteceu a mesma coisa com o Grêmio Osasco e o empresário acabou mandando ele para outro lugar. Não posso criticar, não sei o que foi acordado”.
Apesar de não compreender bem como tudo ocorreu e de saber que os dois meses no Paraná foram difíceis para Matheus — o garoto ficou só treinando sem jogar, Paulo acredita que o filho poderia ter aproveitado melhor o período, “independentemente de ter ido para lá ele deveria ter agarrado a oportunidade. Ele não quis ficar, não teve paciência para isso”. Matheus havia decidido desistir do futebol “se você não for jogar, vai ter que trabalhar”, avisou o pai.
Tempos depois, já em Bauru, Paulo conseguiu que o filho jogasse no Noroeste, o clube da cidade. Porém, mais uma vez Matheus acabou tendo uma experiência frustrante. Depois de um período de treinos, a expectativa era de disputar com a equipe os jogos abertos. O Noroeste seria o representante da cidade na modalidade futebol masculino, mas Matheus não estava nos planos do técnico.“O futebol é complicado, o moleque tem que ter paciência, coisa que ele não teve, de novo”, o jovem jogador sentiu que estava só completando os treinos, resolveu parar de ir.
EXÉRCITO E O FUTURO NO FUTEBOL
Ao completar 18 anos em 2017, Matheus se alistou no exército, já passou em duas etapas da seleção, a última será no dia 7 de fevereiro. Se aprovado, terá de prestar o serviço obrigatório à instituição em Bauru, o que inviabilizaria sua ida para qualquer no momento.
“Ele ainda quer jogar, voltou a treinar. Na verdade está muito indeciso, mas entre todas as opções que tem, ele mesmo fala que ainda tem uma esperança de jogar”
Sobre a expectativa em relação ao exército Paulo diz ser indiferente, “para mim tanto faz, se ele não passar vai tentar dar continuidade no sonho dele. Se passar, também é uma oportunidade. O exército vai proporcionar muita coisa que ele não faz nem ideia de como é, como funciona”, mas acaba admitindo a preferência pela carreira do filho dentro dos gramados, “eu como pai gostaria que ele continuasse jogando bola, isso se ele tivesse a oportunidade e fizesse por merecer, não adianta só querer”, finaliza.