Dia do Trabalho x Tarsila do Amaral
Dia do Trabalho x Tarsila do Amaral
No MASP, percorrendo entre as obras de Tarsila do Amaral, me comove especificamente o quadro Operários.
Olho para o quadro ou quadro me olha?
Explico.
O contexto da obra é o ano de 1933, porém hoje, no feriado do 01/05/2019, me transporto a época do quadro, ou seja, me enquadro nele!
Há uma diferença gritante, as pessoas do quadros estão sisudas, e eu , pateticamente sorrio.
Talvez realizada após 2 horas de fila para adentrar ao cartão postal paulistano e templo de Lina Bo Bard., mas até isso foi motivo de celebração com os demais da fila, pois significa que as pessoas estão em busca da arte!
Tarsila retrata a realidade dura dos imigrantes, pincela os diferentes traços de cada povo africano, europeu e asiático, que por imposição da realidade de cada pais, aportaram por aqui, e depressa, parafraseando Caetano Veloso, aprenderam a chamar de realidade o avesso do avesso!
O Brasil é o pais dos avessos, e as pessoas do quadro, despersonalizadas como assim nos tornamos dentro dos metros, das ruas lotadas e apressadas, me retornam o olhar...
Eu, pessoa miscigenada, sou parte do quadro, meus antepassados estão lá a me questionar:
- Valeu a pena nosso sacrifício?
Respondo com um sonoro e mudo:
- SIM!
O brasileiro vale a pena, mesmo que digam que a nossa cultura do jeitinho é distorcida, eu deponho a favor de nós brasileiros, trabalhadores, desempregados e aposentados.
Em São Paulo, às 5:00 os acessos ao transporte publico estão repletos de seres com esperança de chegar no horário ao trabalho e voltar em paz para seus lares. O ir e vir acionado no piloto automático.
Arrastam heroicamente um corpo maltratado pela má alimentação, mas estão lá, no horário especificado em sua jornada de trabalho ou não, adentrando pela madrugada até a exaustão que seus corpos e mentes suportam trabalhar, como os autônomos, os informais, os "quarteirizados"...
Eu carrego um corpo saudável, afinado por horas de treinos para maratonas, e mente afiada por horas de estudo para vencer 2 graduações e 3 pós-graduações.
Enquanto no quadro as pessoas estão na base da pirâmide de Maslow, eu estou realizando o sonho de uma nova carreira.
Nada consegui sozinha!
Sou uma consequência dos meus antepassados, da minha família, da cultura das 10.000 horas de labuta e estudos, do acordar antes do sol e parar somente após a hora crepuscular.
O meu sorriso não significa afronta, mas agradecimento, pela coragem a todos os imigrantes por terem vindo e ajudado incansavelmente a construir este país com seu trabalho.
HRBP (Business Partner) | Parceiro de Negócio | Gestão de Talentos | Desenvolvimento Organizacional | Relações Trabalhistas | Planejamento de Sucessão | Engajamento | Clima e Cultura
8 mQue belo texto, Lu! Que jornada bacana ❤️
Advogada Corporativa Sênior na Fundação Bradesco | Gestão de escritórios | Especialista em Direito do Trabalho
1 aRelendo o artigo após os 115 anos de Imigração Japonesa no Brasil! 🎉
Project Management, New Products, Business Development, Pharmaceutical Industry
5 aOi Luciana, que bonito seu texto, ... parabéns! :-)
Gerente Jurídica | Auren Energia
5 aAmei o texto, Luciana. Adorei a produção e estou ansiosa pelos próximos. Abs
Enfermeira (Bacharel e Licenciatura)
5 aSensacional! Parabéns Luciana Nagayoshi Alves!!! 😍👏