Dia Mundial da Saúde Mental

“A saúde mental é um direito universal”.

Este é o mote para a consciencialização da saúde mental a 10 de outubro de 2023, dia este, que é dedicado à reflexão dos desafios em torno desta área em particular.

Sabemos que falar de saúde é, inevitavelmente, falar de saúde mental, uma vez que o nosso bem-estar global só é possível através do equilíbrio físico e psíquico.

A saúde mental tem assumido maior relevância nos últimos anos, após a pandemia por COVID-19, e tem existido uma maior preocupação na promoção da literacia em saúde mental nos variados contextos.

Apesar de se falar muito em saúde mental, poucos saberão do que realmente se trata, sendo uma constatação que temos vindo a perceber junto de crianças e jovens na nossa intervenção com a comunidade escolar. Continuamos numa lógica remediativa, ao invés de prevenirmos as problemáticas, neste caso as do foro psíquico e emocional.

Das intervenções psicoeducativas que temos vindo a desenvolver junto das escolas, identificamos diversas situações de sofrimento psíquico em crianças e jovens que houve necessidade de sinalizar e encaminhar para acompanhamento especializado.

Estas situações corroboram as estatísticas da Organização Mundial da Saúde que indicam que 20% das crianças e jovens apresentam problemas de comportamento, desenvolvimentais e emocionais, sendo que um em cada oito padece de perturbação mental.

O grupo das crianças e jovens são uma área prioritária de intervenção e o panorama nacional para as questões de saúde mental, nestas faixas etárias, são assustadores e têm aumentado nos últimos anos.

Através das nossas intervenções junto destes grupos em específico, fomos percebendo que, apesar de existir informação sobre saúde mental nas escolas, as crianças e jovens levantam muitas dúvidas sobre a sua autorregulação emocional e curiosidade sobre as perturbações de ansiedade e depressão, pois são as mais conhecidas nos seus seios relacionais e familiares.

Não obstante, a própria comunidade escolar (pessoal docente e não docente) revela dificuldades na interação e gestão do comportamento emocional destas crianças e jovens, solicitando frequentemente a nossa colaboração para ações de prevenção e promoção da saúde mental.

No entanto, o desafio que se impera é que se sensibilize e se promovam competências de gestão emocional no corpo docente e não docente, por forma a saberem atuar quando necessário, dotando, também eles, as crianças e os jovens a identificarem sinais de alerta e de autorregulação emocional.

A escola é o elemento-chave de um processo de prevenção que deve ter a competência necessária a intervir numa primeira linha e que seja capaz de mobilizar os intervenientes necessários para uma intervenção coordenada e conjunta, entre alunos, professores, pais e profissionais especializados.

Desta forma, as nossas intervenções têm privilegiado a promoção da saúde mental, ao nível das estratégias para desenvolver a inteligência emocional nas crianças e jovens, defendendo uma educação com base na emoção e, consequentemente, na facilitação do desenvolvimento de habilidades socioemocionais.

É imperativo que as escolas adotem uma abordagem mais compreensiva e consistente na promoção da saúde mental ao longo do currículo do aluno e que os desenvolvimentos das habilidades emocionais sejam tão importantes quanto a aprendizagem da matemática, línguas e outras disciplinas.

O sistema educativo atual enfrenta um grande desafio, pois tem que ser capaz de adequar os seus planos educativos a um conjunto de problemas individuais de cada aluno e, ao mesmo tempo, assumir um importante papel na promoção do bem-estar global das crianças e dos jovens.

No âmbito da nossa intervenção escolar, temos desenvolvidos programas de prevenção e promoção da saúde mental, quer para alunos como para pessoal docente e não docente, por identificarmos diversas lacunas nesta área e neste público em particular.

Defendemos que, promovendo a saúde psicológica nas escolas, estaremos a contribuir para o sucesso escolar e a desempenhar um papel protetor e positivo.

Os problemas de saúde mental na infância e adolescência são preditores de problemas de saúde mental na idade adulta, aumentando o risco de problemáticas sociais e, em última instância, quadros de perturbações mentais graves que culminam em morte.

Falar de saúde é falar de saúde mental!

Já cuidou da sua saúde hoje? Permita-se a pequenos gestos de autocuidado neste Dia Mundial da Saúde Mental. Permita-se a olhar para Si.

A Ordem dos Psicólogos Portugueses disponibiliza um documento para leitura sobre autocuidado.

Faça a sua checklist: CHECKLIST SOBRE COMPORTAMENTOS DE AUTO-CUIDADO

Artigo: Dra. Bárbara Barros