Dia Mundial da Saúde Mental - e eu com isso?
No finzinho do Dia Mundial da Saúde Mental, eu - portadora de transtorno de ansiedade generalizada e síndrome do pânico, em "remissão" (rs) graças a muita terapia e acompanhamento médico - decidi tomar um pouco o meu "lugar de fala" dentro desse tema para compartilhar algumas reflexões sobre os impactos do ambiente de trabalho na saúde mental.
A gente fala muito sobre o papel das empresas e dos gestores em ter sempre olhar atento e escuta ativa para evitar ser um "catalisador de burnout" entre o time, mas pouco se fala do nosso papel e responsabilidade enquanto colegas de trabalho (leia-se aqui pares, colegas de outros times, etc) para criação de um ambiente saudável e psicologicamente seguro para todos. Nem sempre é o chefe o grande "vilão". E nem sempre a gente que não tem um cargo de liderança ou não é um CEO acha que o assunto é sobre a gente também. Eu mesma confesso que demorei a entender que eu também tinha o meu papel e minhas responsabilidades em relação aos meus colegas, mesmo não liderando ninguém.
Então, queria convidar a uma reflexão com algumas dicas empáticas para todos, independente de nível hierárquico, poderem criar um ambiente minimamente agradável para trabalhar:
1) Bom dia pra quem? Você pode até não responder o bom dia do seu colega porque não ouviu, mas se ele for um ansioso crônico, é provável que fique ruminando o resto do dia o motivo pelo qual o seu bom dia não foi respondido, o que significa baixa produtividade, foco, etc. Na dúvida, sempre responda os "bom dias".
2) Reunião 1:1 - Assunto: em branco. Colocar a pauta da reunião nos convites não só é uma boa prática corporativa, como também ajuda os colegas ansiosos a se prepararem previamente e não acharem que vão ser demitidos no dia seguinte. O mesmo vale para o "quero marcar uma conversa amanhã" ou o "passa na minha sala?"
3) As batalhas de cada um. A máxima do "seja gentil, não sabemos as batalhas que cada um enfrenta" é muito verdadeira e não vale somente para quem eventualmente está com problemas familiares, por exemplo. Nosso colega pode estar enfrentando um problema de saúde mental sem que a gente saiba. Então pratique sempre a gentileza, independente de quem seja.
4) Não exclua, agregue! O ambiente de trabalho não deve ser igual a escola onde costumávamos excluir os colegas que não se pareciam conosco. Afinal, somos todos adultos. E acredite, isso impacta muito a qualidade de vida de quem lida com questões de saúde mental e acaba sendo o excluído. Colaboração é sempre o melhor caminho e na dúvida, convide sempre aquele colega de time mais quietinho pro HH, mesmo que ele não apareça.
5) Como você está hoje? Começar a reunião com aquele colega de outro time com essa pergunta pode fazer toda a diferença, acredite.
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6) Se tiver abertura, converse. Às vezes o seu colega de time pode estar passando por um período difícil e estar deixando transparecer. Se você sentir abertura, não deixe de conversar, oferecer ajuda, praticar muita escuta ativa e claro, recomendar sempre a busca de profissionais da área como psicólogo ou psiquiatra.
7) Aplicativos de mensagem, Teams, e-mails, etc. O ansioso tem necessidade de responder tudo no momento em que recebe. É o FOMO. Em um mundo tão conectado e online, avalie sempre os melhores canais e momentos para se comunicar com os colegas, respeite os status (online, ocupado, etc), vá direto ao ponto na mensagem. Isso vale não só como etiqueta corporativa que garante uma boa convivência e produtividade, mas também evita que aquele seu colega ansioso fique ainda mais ansioso.
8) Seja direto - sem meias palavras. O colega ansioso vai criar 1001 interpretações para aquele feedback, aquela reunião tensa de time ou aquele call. Na dúvida, seja sempre direto e objetivo. Além de garantir uma comunicação clara, você garante a boa noite de sono do seu colega.
9) Exponha suas vulnerabilidades - tá tudo bem! Se você já usou aquela ferramenta de saúde mental do seu trabalho ou a psicóloga do plano e o resultado foi bom, compartilhe com seus colegas - expor a vulnerabilidade não só cria proximidade, como também ajuda outros que estão em situação similar a também se engajarem a procurar ajuda, além de fazer com que todos se sintam sempre psicologicamente seguros. Ninguém é perfeito, e tá tudo bem!
Isso são apenas algumas dicas baseadas em experiências que vivenciei e vivencio - seja como pessoa ansiosa, seja como alguém que lida com pessoas e um mundo ansioso. Nada disso substitui a ajuda qualificada - psicólogos e psiquiatras são sempre os indicados para lidar com problemas de saúde mental.
Na foto ao lado, eu no final de 2014. Todo mundo achava que eu estava fazendo uma dieta milagrosa e que estava maravilhosa com apenas 52 quilos, afinal, eu cabia em qualquer roupa da Farm não é mesmo? O que ninguém sabia eram as inúmeras batalhas internas que eu estava enfrentando...
Comunicação Corporativa | Gestão de Reputação e Crise | Relacionamento com a Imprensa | Marketing Digital | Comunicação Interna & Employer Branding | DE&I
2 aTexto corajoso e necessário, Fe. Parabéns pela simplicidade e relevância do artigo.
Psicóloga e Comunicadora
2 aAdorei o texto, Fê! Muito franco e autêntico, além de ser um tema bem importante.
Comunicação | Reputação | ESG | Pessoas | C-level
2 aFê, obrigada por esta reflexão!
Coordenador de Comunicação | Grupo Unipar
2 aParabéns pelo texto e pela coragem de trazer através de sua experiência um tema tão relevante! Sucesso sempre, Fernanda!
Executive Assistant | Office Manager
2 aSó escreveste verdades! Obrigada👏🏼👏🏼