Diagnóstico de curso para o ENADE
Todo planejamento que se preze começa com um bom diagnóstico. Hoje vou apresentar um modelo de diagnóstico de curso, que já se mostrou eficiente em diversas ocasiões, para identificar fragilidades e potencialidades nos ciclos avaliativos do MEC/Inep.
O objetivo principal é fazer uma gestão eficiente, sem desperdiçar recursos, com foco no que é importante e visando alavancar os resultados do ENADE e do CPC.
Vou usar o curso de Direito como exemplo (omiti os dados da IES, por motivos óbvios, já que este é um resultado real).
O (NOME DA IES), sediada no município de (XXXXXXXXXX), estado de (XXXXX), possui 22 cursos já avaliados pelo Inep desde o ciclo de 2014. Foram 1.012 concluintes inscritos desde então com 848 participantes (taxa de adesão de 83,8%).
No ciclo de 2021, foram 9 cursos avaliados e 8 áreas de conhecimento: Ciências Biológicas (Bacharelado e Licenciatura), Educação Física ((Bacharelado e Licenciatura), Letras-Português e Inglês (licenciatura), Matemática (Licenciatura), Pedagogia (Licenciatura) e Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas. Foram 181 inscritos e 159 participantes (taxa de adesão de 87,8%).
No ciclo de 2019, foram 6 cursos avaliados e 6 áreas de conhecimento: Educação Física (Bacharelado), Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Nutrição e Tecnologia em Estética e Cosmética. Foram 140 inscritos e 127 participantes (taxa de adesão de 90,7%).
No ciclo de 2018, foram 7 cursos avaliados e 7 áreas de conhecimento: Administração, Ciências Contábeis, Direito, Serviço Social, Tecnologia em Gestão de Recursos Humanos, Tecnologia em Logística e Tecnologia em Processos Gerenciais. Foram 170 inscritos e 118 participantes (taxa de adesão de 87,1%).
O curso de Direito (código XXXXX), objeto desse diagnóstico, contou com 66 inscritos e 60 participantes no ciclo avaliativo de 2018 (taxa de adesão de 90,9%). A seguir, apresentamos um detalhamento dos resultados de cada componente do ENADE e do CPC.
Uma visão da série histórica, desde 2009, dos resultados do curso demonstra uma regularidade nos resultados do ENADE, com pequenas variações ao longo do tempo, porém, sempre se mantendo na Faixa 3 (considerada suficiente pelo MEC/Inep). Os resultados do CPC sofreram uma queda da Faixa 4 para a Faixa 3, quando comparados ao ciclo de 2012, que foi o melhor da série histórica.
No ciclo avaliativo de 2018 se observam algum elementos que contribuíram para a diminuição do resultado do CPC, mais precisamente a proporção de Doutores, o Regime de Trabalho dos docentes e a Nota Bruta do Componente Específico. Os demais insumos posicionam a instituição em uma faixa superior do CPC.
Recomendados pelo LinkedIn
Quando comparados com a média nacional (BR) os resultados da IES demonstram diversos pontos de atenção (todos indicados na faixa vermelha na imagem acima). Os demais, que se encontram na faixa verde na imagem acima, apresentam oportunidades de melhoria que podem alavancar os resultados do curso no próximo ciclo avaliativo.
Destacamos o Regime de Trabalho dos docentes, que em 2018 apresentava 28,57% como parcial ou integral e a Proporção de Mestres e Doutores, com 76,19% no ciclo de 2018, por Faixa do CPC. Os gráficos demonstram qual o esforço que a IES precisa empreender para melhorar de faixa.
Os resultados de Formação Geral (FG) e do Componente Específico (CE), da Prova ENADE 2018, demonstram que o foco principal de atuação da instituição deve recair sobre o CE, haja visto que a FG já apresenta um resultado suficiente para estar na Faixa 4 do Conceito Enade. O esforço necessário no CE será de6,7 pontos, aproximadamente, buscando um resultado aproximado de 46,3 pontos no próximo ciclo avaliativo, desde que mantenha o resultado da FG em torno dos 54,9 pontos conseguidos anteriormente.
A busca pelos 6,7 pontos necessários para alavancar o Conceito Enade do curso recai, prioritariamente, no resultado observado das questões Objetivas do Componente Específico (OBJ_CE), que apresentou um resultado inferior à média nacional (BR). A imagem acima mostra os pontos positivos (círculos verdes) e negativos (círculos vermelhos) de cada elemento avaliado na Prova Enade 2018.
Ao analisarmos o percentual de acerto de cada questão objetiva do Componente Específico (OBJ_CE), identificamos algumas em que o resultado da IES foi inferior ao resultado da média nacional (BR), demonstradas na imagem acima na cor vermelha. Cada uma delas pode identificar um gap de aprendizagem que contribuiu negativamente para o resultado final do curso. Citamos como exemplo a questão nº 15 (%Q15), que ficou 14,4% abaixo da média nacional, cujo Conteúdo é de “Direito Civil Direito Constitucional”.
No detalhamento das respostas dos estudantes na mesma questão 15, identificamos uma tendência para a alternativa “B”, enquanto o gabarito da questão seria a alternativa “D”. A análise dos distratores demonstra uma incerteza nas respostas dos estudantes, muito dispersa entre as alternativas, o que pode indicar uma falha no processo de ensino e aprendizagem ou uma dificuldade de interpretação na questão em tela.
Ao avaliar os resultados das questões discursivas do Componente Específico notamos um quantitativo significativo de respostas inválidas e/ou não respondidas. Este cenário compromete o resultado dessa etapa da prova, que poderia ser um indutor da alavancagem do resultado final. Apesar de estar junto à média nacional, ainda não é suficiente para alcançar um conceito maior no ENADE.
A principal dificuldade apontada pelos estudantes que realizaram a prova foi a “Forma diferente de abordagem do conteúdo”, o que pode indicar uma falta de familiaridade com o modelo de avaliação do Enade ou com a Tipologia das questões utilizadas na prova. Podemos inferir, ainda, que o modelo de avaliação dos docentes do curso não é adequado ao modelo que o estudante encontra quando da realização do Enade.
Acerca da Percepção discente sobre as condições do processo formativo (Questionário do Estudante), diversos pontos merecem atenção dos gestores e da CPA, pois apresentam oportunidades de melhorias significativas. Destacamos 2 deles na imagem acima, que tratam das condições de infraestrutura das salas de aula e dos equipamentos e materiais disponibilizados para as aulas práticas. Ambos apresentam uma concordância abaixo da média nacional e abaixo do resultado médio do curso. Aqui o resultado mínimo desejado pela IES seria em torno dos 60% na opção 6 (Concordo Totalmente), o que estiver abaixo disso contribui para a redução da nota neste elemento.
Espero ter cumprido com o objetivo de demonstrar este modelo de diagnóstico e agradeço por você ter chegado até aqui 😉! Este diagnóstico não é, nem de longe, finalístico, pois existem mais de 200 indicadores distintos na base de conhecimento que tenho desenvolvido ao longo desses anos. As mesmas análises podem ser feitas para qualquer curso, de qualquer IES que já tenha passado por pelo menos 1 ciclo avaliativos do Enade.
Se quiser saber mais, ou discutir sobre o diagnóstico do seu curso, deixe um recado nos comentários ou acesse Laureat Consultoria Educacional.
Grande abraço!!!