dIAlogos: A revolução do audiovisual já começou – e ela é movida a IA.

Mais uma edição de dIAlogos, onde exploramos as incríveis possibilidades da inteligência artificial e como ela está transformando as indústrias criativas. Hoje, temos o privilégio de conversar com um verdadeiro visionário da produção audiovisual, o Thiago Ananias , conhecido como Mr. Pezão. Veja o instagram dele aqui.

Com uma trajetória que une sua paixão pela música e pelo cinema, Pezão não só acompanhou a evolução da tecnologia, mas tornou-se um dos pioneiros no uso da IA para criar videoclipes e shows que impressionam tanto pelo impacto visual quanto pela inovação técnica. Pezão está em projetos que já envolveram nomes com artistas renomados, como Dennis DJ, Zé Felipe, Ana Castela e Luan Pereira. Seu trabalho recente no DVD de Manu Bahtidão chamou a atenção da indústria pela forma disruptiva com que a tecnologia foi empregada. E ele não para por aí: novas colaborações estão a caminho, incluindo nomes internacionais de grande relevância no cenário musical.

Não só apenas um entusiasta da IA, Pezão é um exemplo de como a criatividade e a tecnologia, quando combinadas, podem quebrar barreiras e redefinir o que consideramos possível no entretenimento.

Na conversa de hoje, vamos descobrir como ele está moldando o futuro, enfrentando desafios e enxergando oportunidades que poucos conseguem vislumbrar. A seguir, a entrevista completa.

Vitor: Como você começou a integrar a inteligência artificial em seus projetos de filmografia e quais foram suas primeiras impressões?

Pezão: Na verdade, sempre fui da área de cinema, dirigia videoclipes e tinha minha carreira artística; eu era cantor, tive uma carreira bacana e alcancei alguns milhões de views no YouTube e Spotify. Mas minha paixão sempre foi dirigir videoclipes de altas produções. Como o custo sempre foi e sempre será alto para uma grande produção, vi na IA a possibilidade de fazer coisas impossíveis e talvez com mais qualidade do que filmar realmente e usar VFX. Claro, tem que saber controlar a IA, porque o descontrole dela ainda é grande, e acredito que sempre será descontrolada; então, você tem que segurar a “emoção” dela nos prompts. Eu comecei lá atrás, nas primeiras ferramentas de animações de vídeo como Pika e Haiper, que hoje já foram desestruturadas pelo avanço de outras ferramentas até então.

Vitor: Quais ferramentas de inteligência artificial você utiliza atualmente em seus projetos e o que você acredita que ainda falta para que essas ferramentas se tornem mais profissionais e completas?

Pezão: De vídeo, uso praticamente todas; cada ferramenta tem seu charme. O segredo está aí: saber qual o charme de cada uma e qual a especialidade de cada ferramenta. Você nunca vai conseguir fazer um vídeo bom e completo apenas com uma ferramenta e também nunca vai conseguir fazer nada bom se não desembolsar um bom dinheiro e investir em todas as ferramentas; ferramentas grátis são ilusão.

Vitor: Pode compartilhar um exemplo específico de um projeto onde a IA trouxe uma inovação significativa e como isso impactou o resultado final?

Pezão: Recentemente fiz o DVD da artista Manu Bahtidão. Fiz a parte das animações dos painéis de LED dela, que chocou a indústria da música brasileira dessa parte de DVD e até videoclipes pelo uso correto dessa tecnologia que temos na mão. Ela, por até então, tinha sido a única a usar em um DVD essas tecnologias, mas agora já estamos sendo procurados por grandes nomes da música nacional e internacional para execução de novos trabalhos no mesmo sentido e também videoclipes…

Vitor: Quais foram os maiores desafios que você enfrentou ao longo do tempo ao usar IA na produção de filmes e como você os superou?

Pezão: Os maiores desafios são a consistência de personagens quando animados e lipsync, e o segredo é ter paciência. Ainda não superamos isso, rs. É o grande desafio.

Vitor: Como foi sua experiência no evento em Las Vegas e quais tendências futuras você identificou que podem transformar a indústria cinematográfica? Além disso, como as ideias apresentadas pelo diretor Cedric Kyles influenciaram sua visão sobre o futuro do uso de IA no cinema?

Pezão: O evento Ai4 em Las Vegas foi uma experiência surreal, onde grandes nomes da IA mundial estavam presentes. Percebi que o Brasil está e vai ficar bem atrasado nessa corrida e quem está na frente, por incrível que pareça, são os indianos, ao contrário do que todos pensam, que são os chineses ou americanos. Sobre a indústria cinematográfica, a IA vai ser devastadora sobre esse mercado, vai destruir muitos empregos, mas vai criar muitos novos; porém, com poucas pessoas executando e sendo melhores remuneradas por isso, inclusive colossalmente remuneradas. Engenheiros de prompt que saibam usar bem as ferramentas, preparem o bolso, pois não vão passar aperto nunca mais, rs.