Dias de luta de uma mulher no trabalho
Eu não sou muito fã da palavra luta. Contudo, toda vez que tenho que ir a uma reunião ou a qualquer lugar onde a maioria é de homens, o sentimento que tenho é de estar sempre lutando. Lutando para falar, lutando para ter respeito, para ser ouvida, lutando por tudo. Sinto que sempre que eu saio de casa preciso estar preparada para o combate a qualquer momento. Parece que estou embaixo de uma cachoeira de 10 metros de altura caindo sobre meus ombros. Esse é o peso das palavras que as pessoas falam e, muitas vezes sem se dar conta, acabam ferindo quem as está recebendo, com tais significados.
Quando vou trabalhar, estou sempre pensando como vou me vestir para que os outros não me olhem como mulher e sim como um ser humano que pode contribuir e aprender com todos de maneira igualitária. Quando vou falar, preciso sempre pensar em como me posicionar sem que as pessoas que estão me ouvindo entendam que não é uma agressividade. Toda vez que chego em uma roda de amigos ou família, preciso sempre ter um argumento sobre a razão pela qual eu não quero ter filhos, ou porque não pinto meu cabelo para cobrir os brancos, e muitas outras preocupações que os homens não precisam ter perante a sociedade.
Falando em comunicação, quando a mulher se comunica de forma mais enérgica, é chamada de “estressadinha”, que está de TPM e outras coisas mais. Agora quando o homem utiliza as mesmas palavras, com a mesma intensidade no tom de sua voz, é chamado de assertivo, um bom líder. Eu me pergunto: por que mesmo temos dois adjetivos diferentes para o mesmo comportamento? Por que fazer uma provocação e, ao ouvir que o outro não gostou da colocação, dizer que a pessoa está estressada e foi somente uma brincadeira?
Precisamos ser mais conscientes em nossa fala. Precisamos entender que cada palavra vem carregada de uma história, de um significado implícito, e que pra você pode não ter o mesmo peso do que para quem está ouvindo. Estamos vivendo uma era de pessoas reclamando de que agora tudo precisa ser politicamente correto, e as pessoas que reclamam disso pode ter certeza que são em sua maioria homens, brancos, de classe média/ alta, e que talvez não sentiram na pele o que é ser parte de uma minoria. O politicamente correto não é ser cordial. Politicamente correto é você, mesmo nunca passando por uma situação, conseguir ter a empatia e humildade para com seu interlocutor e respeitar o sentimento do ser humano que está recebendo a mensagem.
Desejo a todos um ambiente de trabalho mais amistoso, onde a diversidade traga um pensamento mais criativo, e que todos sejam ouvidos e respeitados independente do gênero, raça, religião, idade e tantas outras diversidades com as quais convivemos.
Maria Roman
Mestre em Comunicação Humana Fonoaudióloga Facilitadora de treinamentos e workshops para desenvolvimento da comunicação.
5 aLindo e verdadeiro texto!
Project & Program Manager | Finance to business “translator” (and vice versa) | I simplify complexity to get buy-in | Change Catalyst | Removing business bottlenecks through financial guidance and top communication
5 aMa, passa pro ingles o texto pra eu compartilhar de novo. =)