Dickens, a borboleta e a educação
Conta-se que durante uma conversa informal, em uma tarde londrina, um conhecido membro da Câmara dos Comuns, dizia, entre uma xicara de chá e outra, sobre a proposta de lei que levaria para a próxima discussão na comissão de educação. Segundo esse deputado, estaria propondo a supressão das matérias de música e arte nas aulas das escolas públicas inglesas. Dizia ele que tais disciplinas nada ou muito pouco acrescentavam aos alunos, que deveriam usar esse tempo para aprender mais a língua inglesa e a matemática. Essas sim matérias que tinham a acrescentar em sua vida para o atendimento da sociedade moderna. Todos os presentes acenavam a cabeça em consonância aos argumentos eloquentes do nobre deputado, menos um distinto cavalheiro que parecia estar mais interessado em uma pequena e colorida borboleta que pousara próximo de seu guardanapo. Aparentemente contrariado pela ausência de qualquer manifestação daquele cavalheiro, o nobre deputado, dirigindo-se a ele, perguntou: Senhor Dickens, me parece que a proposta de mudança do currículo, com a retirada das matérias de arte e música, não recebe sua aprovação, estou errado? Contudo, em uma ação rápida Charles Dickens, consegue prender a borboleta dentro de um copo, e em seguida, segurando-a pelas asas, começa gentilmente sacudi-la. Esse movimento fez com que as escamas que davam o colorido das asas aos poucos fossem sendo substituídas por uma cor mais acinzentada, até que não houvesse nenhum vestígio daquele colorido vivo. Todos estranharam a atitude de Dickens, inclusive o ilustre membro do governo, que resolveu reprimi-lo de tal gesto: Senhor, por que resolveu privar essa bela criatura de suas cores, não vê que deixou a pobre muito mais feia? Dickens, fitando os olhos de seu interlocutor, respondeu: Fiz exatamente o que vossa excelência pretende realizar com as mudanças propostas para nosso sistema de ensino.