A diferença entre fatos e percepções nesse mundo
Uma das questões mais importantes do setor do agronegócio brasileiro se origina pelas diferenças entre os fatos e as percepções geradas, principalmente no que diz respeito às questões de preservação ambiental.
É fato que o desmatamento no Brasil ocorre, mas este acontece em sua maioria por meio da ilegalidade. Para se ter ideia, 95% do desmatamento é ilegal e está concentrado em terras públicas, visto que tradicionalmente há um problema na região Norte por falta de titulação das terras. Ademais, há um outro problema que se origina pela grilagem. O grileiro é aquele que se apossa de terras devolutas (terras públicas sem destinação), ou também de terras de terceiros.
Essa prática normalmente está associada a outras práticas criminosas, como acontece com as árvores derrubadas para venda de madeiras. Nesse sentido, a derrubada da floresta tem valor para quem desmata. Um dos fatores por trás desta prática, talvez, seja o fato da região amazônica apresentar um baixo desenvolvimento socioeconômico, no sentido de que a sociedade desenvolveu pouco as capacidades e habilidades para explorar a floresta de maneira sustentável, ou seja, de identificar valor e oportunidade na floresta em pé.
É claro que há nos dias de hoje diversas pessoas participam da bio economia, em que há a extração da renda da floresta em pé por meio da retirada de árvores mais idosas de maneira ecológica, ou até, por exemplo, com produtos como o açaí e a palma. Contudo, como na região vivem mais de 20 milhões de pessoas e grande parte delas é afetada pela baixa renda, o problema se intensifica.
Entretanto, apesar do cenário do desmatamento ser protagonizado por madeireiros ilegais, grileiros e acentuada pelas más condições socioeconômicas da região amazônica, nos deparamos com outro vilão estampado na mídia: o agronegócio. Em 2019, vivemos uma onda de protesto espalhada no mundo pelo aumento do desmatamento e das queimadas no Brasil. Isso de fato ocorreu, mas se observarmos ao longo de 20 anos, eles diminuíram acentuadamente. Além disso, segundo dados do World Resource Institute, o Brasil tem um alto desmatamento, mas não é onde e nem está entre os países que o desmatamento mais cresce.
Fonte: Ministério do meio ambiente e dados do INPE
Para se ter ideia, temos hoje no Brasil grandes áreas florestais, sendo que aproximadamente 66% delas estão preservadas, principalmente nos grandes parques, nas reservas legais e nas terras indígenas. O Brasil é um dos países que mais tem área preservada, INCLUSIVE dentro de propriedades rurais, uma vez que o código florestal estabelece que os produtores rurais têm que manter em suas em suas propriedades as áreas de preservação.
Nas regiões Sul e Sudeste, pelo menos 20% da propriedade se destina para a reserva legal, enquanto no Centro-Oeste este valor passa para 35%. Já no bioma amazônico, esse valor corresponde a 80%. Tais razões podem corroborar para elencar o país como um player preservador de florestas, inclusive dentro das áreas privadas, em que os produtores não recebem nenhum tipo de subsídio para tal.
É importante pontuar que o agronegócio brasileiro apresenta suas irregularidades, mas estas são muito menos numerosas e/ou intensas do que àquelas anunciadas pela mídia. Muitas informações são divulgadas de maneira incorreta e devido às redes sociais e influenciadores, a velocidade de propagação se torna muito alta. Vale lembrar que durante as queimadas na Amazônia, muitas das imagens que circulavam no mundo ilustravam cangurus correndo das queimadas, mesmo eles nem habitem a região. Outrossim, houve diversas notícias publicadas em que claramente apresentavam alterações nas informações e nos contextos expostos.
Mesmo com tais dificuldades relacionadas à imagem, o agronegócio brasileiro deve se aproximar do ideal, pois cada vez mais há mecanismos de controle para combater quem de fato quer prejudicar o mundo. Sendo assim, acredito que teremos em alguns anos, com o auxílio de um forte trabalho da imagem, uma potência ainda maior e cheia de oportunidades para crescer de forma sustentável e preservacionista.