A Diferença entre Storytelling e Lorotatelling no mundo das Startups
O mundo das startups é, por natureza, um ambiente de inovações, desafios e histórias inspiradoras. No entanto, à medida que a popularidade das histórias de sucesso de algumas startups são apresentadas “storytelling”, surge um fenômeno paralelo, o “lorotatelling”. Enquanto o primeiro se baseia na autenticidade e na conexão e feitos genuínos, o segundo se apoia em exageros, meias-verdades e uma falsa narrativa construída para impressionar. Neste artigo, vamos explorar as diferenças entre esses dois conceitos, os impactos que eles podem ter sobre a imagem e a credibilidade de uma startup, e como o conceito de “Walking the Talk” pode ajudar a criar uma cultura empresarial forte e digna.
O Que é Storytelling?
Storytelling é a arte de contar histórias. No contexto empresarial, refere-se à capacidade de uma empresa de narrar sua jornada, seus desafios, conquistas e, mais importante, sua missão de forma envolvente e autêntica. O objetivo do storytelling é criar uma conexão emocional com o público, tornando a marca memorável e digna de confiança.
Empresas que dominam o storytelling conseguem comunicar seus valores e propósito de maneira que ressoe com seus clientes, investidores e parceiros. A história que contam não é apenas sobre o sucesso, mas também sobre as dificuldades enfrentadas ao longo do caminho. Elas compartilham suas falhas e lições aprendidas, criando um relacionamento transparente e confiável.
Lorotatelling: A Arte de Dourar a Pílula
Por outro lado, o lorotatelling é uma distorção dessa prática. Em vez de focar na autenticidade, as empresas que praticam lorotatelling preferem criar uma narrativa inflada, muitas vezes exagerando seus feitos e escondendo as falhas. Elas buscam impressionar através de histórias mirabolantes, cheias de clichês e superlativos, mas que, na prática, não possuem substância. Em resumo: Vendem um bolo, mas quando você o corta, ele é só chantilly.
Um exemplo clássico de lorotatelling é quando uma startup foca exclusivamente no dinheiro que os fundadores supostamente ganharam, sem oferecer detalhes concretos de como esse sucesso foi alcançado ou se ele é sustentável. Esse tipo de narrativa, além de superficial, muitas vezes é adornado com referências a tecnologias de ponta que, na realidade, ou não foram implementadas ou não estão funcionando como anunciado.
O Fascínio pelo Sucesso Rápido: O Voo de Galinha
No coração do lorotatelling está o mito do “sucesso instantâneo”. Startups que praticam esse tipo de narrativa frequentemente divulgam conquistas extraordinárias em tempos recordes, criando a ilusão de que o sucesso é fácil e rápido. No entanto, ao examinar mais de perto, muitas dessas histórias são como o voo de uma galinha: impressionantes à primeira vista, mas sem a capacidade de manter a altura ou a velocidade por muito tempo.
Essas empresas podem, por exemplo, anunciar um aumento exponencial no número de usuários ou clientes, mas deixam de mencionar que esse crescimento foi impulsionado por promoções insustentáveis ou estratégias de marketing agressivas que não resultam em um engajamento de longo prazo. Além disso, o uso de fotos estratégicas e cheias de Photoshop serve para criar uma imagem de sucesso e luxo que não reflete a realidade.
A Hipocrisia da “Bondade Extrema”
Outra característica comum do lorotatelling é a narrativa em torno da bondade extrema dos fundadores. Não é incomum ver empresários se apresentando como “seres de luz”, que mudaram radicalmente a vida de pessoas menos afortunadas, apenas para expor essas pessoas em campanhas publicitárias sem oferecer um benefício real.
Esse tipo de história, além de eticamente questionável, revela uma tentativa de mascarar a falta de substância com apelos emocionais. É uma estratégia que, no curto prazo, pode atrair atenção, mas que, a longo prazo, compromete a credibilidade da empresa.
Diplomas e Títulos: A Tentativa de Completar o Buraco de Conteúdo
Quando a substância falta, o lorotatelling muitas vezes recorre à exibição de assuntos da moda, além do currículo, diplomas e títulos dos seus sócios como forma de preencher a narrativa. No entanto, em muitos casos, esse currículos, diplomas e títulos não têm relevância real para o que a startup está propondo. Eles são apenas acessórios para uma história que, de outra forma, seria fraca.
Empresas que praticam o lorotatelling podem exibir uma longa lista de reconhecimentos, mas ao investigar mais a fundo, percebe-se que esses títulos não contribuem de fato para a competência da empresa ou para a qualidade do produto ou serviço oferecido. Isso cria uma dissonância entre a imagem que a empresa quer passar e a realidade percebida por seus clientes e parceiros.
Uso de Assuntos da Moda como Ferramenta do Lorotatelling
Um dos elementos mais comuns do lorotatelling é o uso de assuntos da moda para criar uma imagem de modernidade e inovação que nem sempre corresponde à realidade. Um exemplo clássico é a afirmação de que a empresa está utilizando Inteligência Artificial (IA) em seus processos ou produtos, quando, na prática, essa tecnologia é apenas mencionada superficialmente ou não está realmente implementada de forma eficaz. Startups que praticam lorotatelling frequentemente alardeiam o uso de IA, blockchain ou outras tecnologias emergentes para impressionar investidores e clientes, mas, ao investigar mais profundamente, descobre-se que esses recursos não são fundamentais para o funcionamento da empresa ou para a qualidade dos serviços oferecidos. Essa tática pode inicialmente atrair atenção e criar uma aura de inovação, mas rapidamente se desmorona quando os resultados prometidos não são entregues, prejudicando a credibilidade da empresa.
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Walking the Talk: Alinhando Palavras e Ações
Um dos principais antídotos contra o lorotatelling é o conceito de “Walking the Talk”, que significa, literalmente, “fazer o que se diz”. No contexto empresarial, essa prática se refere à coerência entre o que a empresa comunica ao público e o que ela realmente faz.
Empresas que adotam o “Walking the Talk” garantem que suas ações refletem seus valores e promessas. Elas não apenas falam sobre inovação, transparência ou responsabilidade social – elas praticam esses princípios em seu dia a dia. Essa coerência é fundamental para construir uma cultura empresarial forte, onde os funcionários se sentem inspirados e comprometidos, pois veem que seus líderes agem de acordo com as palavras que pregam.
Criando uma Cultura Empresarial Forte e Digna
Uma cultura empresarial forte e digna é construída sobre a base da autenticidade e da coerência. Quando uma empresa pratica “Walking the Talk”, ela cria um ambiente de confiança e respeito, tanto internamente quanto externamente. Funcionários que veem seus líderes agindo de acordo com os valores da empresa são mais propensos a adotar esses valores em suas próprias ações.
Além disso, uma cultura forte é um diferencial competitivo. Em um mercado saturado, onde o lorotatelling pode até atrair atenção inicial, as empresas que realmente praticam o que pregam conseguem construir uma reputação sólida e sustentável. Elas não dependem de narrativas infladas ou de exageros para impressionar – suas ações falam por si mesmas.
O Impacto do Lorotatelling na Reputação das Startups
O lorotatelling pode até funcionar no curto prazo, criando uma impressão inicial positiva e atraindo investidores e clientes. No entanto, a longo prazo, essa estratégia é insustentável. Quando as inconsistências e exageros vêm à tona, a reputação da startup sofre um golpe severo, muitas vezes irreparável.
Os consumidores estão cada vez mais críticos e informados. Eles sabem identificar quando uma história é genuína ou quando é apenas uma tentativa de manipulação. Empresas que constroem sua imagem com base no lorotatelling correm o risco de serem vistas como desonestas e pouco confiáveis, o que pode levar à perda de clientes, parceiros e investidores.
A Importância da Autenticidade no Storytelling
Em contraste com o lorotatelling, o verdadeiro storytelling é baseado na autenticidade. Startups que se destacam nesta prática não têm medo de mostrar suas vulnerabilidades. Elas compartilham não apenas seus sucessos, mas também seus fracassos e as lições que aprenderam ao longo do caminho.
A autenticidade no storytelling cria uma conexão emocional genuína com o público. Ela constrói confiança e lealdade, pois os consumidores se sentem mais próximos de empresas que são transparentes e honestas sobre sua jornada. Além disso, histórias autênticas têm o poder de inspirar e engajar de maneira duradoura, criando uma base sólida para o crescimento sustentável da startup.
Como Evitar o Lorotatelling e Praticar um Storytelling Eficaz
Para evitar cair na armadilha do lorotatelling, é fundamental que as startups mantenham a honestidade e a transparência em suas comunicações. Isso significa não exagerar nos feitos, não criar falsas expectativas e, acima de tudo, ser verdadeiro com o público.
Algumas práticas para um storytelling eficaz incluem:
Conclusão
A diferença entre storytelling e lorotatelling em startups é, em última análise, uma questão de autenticidade. Enquanto o storytelling genuíno constrói uma conexão real e duradoura com o público, o lorotatelling cria uma fachada que, cedo ou tarde, desmorona. Em um mercado cada vez mais competitivo e transparente, as startups que escolhem a autenticidade em suas narrativas e praticam o “Walking the Talk” estão melhor posicionadas para alcançar um sucesso sustentável e manter a confiança de seus clientes e parceiros. A criação de uma cultura empresarial forte e digna passa pela coerência entre palavras e ações, e essa prática é o alicerce para qualquer empresa que deseja prosperar a longo prazo.
Diretoria de Encorajamento
4 mAloprou na comparação hehehehe, sempre bom acompanhar esse raciocínio que vai além da lógica comum.
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4 mMuito bom. E ainda tem uma outra consequência: quando se dá mais "palco" para as lorotas, quem tem boas ideias e intenções se afasta.