Digitize-se #26: desmistificando a Inteligência Artificial
Sempre que uma inovação surge, invariavelmente, discussões sobre a sua regulação virão à tona. Não foi diferente com a Inteligência Artificial (IA). Debates a respeito já duram anos e foram reforçados pela popularização de ferramentas como o ChatGPT. Autoridades e especialistas defendem leis sobre o tema, especialmente para proibir ações discriminatórias baseadas na tecnologia e trazer mais transparência aos processos.
Esse é um dos temas – novamente - desta edição da Digitize-se, que também traz a necessidade de as empresas que trabalham ou pensam em trabalhar com IA colocarem os seres humanos no centro e até a opinião de Bill Gates sobre o assunto. Confira:
🧑🏽 ⚖️ Novas tecnologias não surgem sem polêmicas e estas costumam envolver regulações. Hoje, a proposta mais avançada para regulamentar a Inteligência Artificial é da União Europeia. A redação final da lei ainda está sendo debatida e deve prever agressivas proteções contra o uso da tecnologia em ações de “alto risco”, como decisões sobre vagas de emprego. Já nos Estados Unidos, a gestão Biden apresentou não tem muito tempo o projeto para uma espécie de Declaração de Direitos da IA, que aborda pontos como discriminação, privacidade e capacidade dos usuários de optar por não participar de sistemas automatizados.
🤖 No Brasil a opinião de especialistas não é diferente. Em evento promovido pelo Centro de Inovação, Administração e Pesquisa do Judiciário da FGV Conhecimento, advogados, magistrados e pesquisadores disseram ser urgente legislar sobre o uso discriminatório da Inteligência Artificial. A lei deve ter como base os seres humanos, não os robôs, e definir parâmetros de transparência e explicação de decisões. No fim do ano passado, juristas entregaram um relatório ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), com o objetivo de estabelecer princípios, regras e diretrizes para o desenvolvimento e a aplicação da tecnologia.
🧠 Ferramentas de Inteligência Artificial gerativa, como o ChatGPT, são uma faca de dois gumes. Por um lado, são capazes de criar textos, responder a perguntas e até mesmo conversar. Por outro, ajudam a espalhar desinformação. Nesse cenário, empresas que já usam ou pretendem usar IA em seus processos precisam pensar em adotar a tecnologia de forma que não seja prejudicial aos seres humanos. Na palestra inaugural do MIT Thinker-Fest, organizado pela MIT Initiative on the Digital Economy e pela Thinkers50, Renée Richardson Gosline, pesquisadora da MIT Sloan, e Sanjeev Vohra, diretor administrativo sênior da Accenture, falaram sobre como as organizações podem manter as pessoas no centro de seus esforços de IA e porque isso é importante.
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💬 Para concorrer com o ChatGPT, o Google abriu, para usuários nos Estados Unidos e Reino Unido, o acesso público ao Bard, ferramenta de Inteligência Artificial conversacional da gigante de tecnologia. Os interessados precisam se inscrever numa lista de espera e serão adicionados continuamente. O Google afirma que o serviço é um “experimento inicial” para permitir que os usuários colaborem com esse tipo de tecnologia. O chatbot é alimentado por LaMDA, modelo de linguagem que a empresa desenvolveu internamente, e o Bard poderá extrair suas respostas do que o Google considera fontes de informação de “alta qualidade” para exibir respostas atualizadas.
⚙️Em post publicado em seu blog, Bill Gates afirmou que o desenvolvimento da Inteligência Artificial é o avanço tecnológico mais importante em décadas, comparando as ferramentas com a criação do microprocessador, do PC, da internet e do telefone celular. Isso porque, segundo um dos fundadores da Microsoft, a IA mudará substancialmente a maneira como as pessoas trabalham, aprendem, viajam, obtêm assistência médica e se comunicam umas com as outras. Vale lembrar que em janeiro, a Microsoft, onde Gates ainda atua como consultor, realizou um aporte bilionário na OpenAI, desenvolvedora do ChatGPT.
Por fim, se o objetivo é colocar “seres humanos no centro”, imaginem como ficarão as discussões nos conselhos, uma vez que há uma enorme variedade de fatores geradores de riscos ao se utilizar algoritmos de IA – que, ao ingerirem dados, preferências do mundo real, partes interessadas, podem correr o risco de aprender e imitar possíveis vieses e preconceitos. Já imaginaram como ficarão os instrumentos de governança para gerenciar possíveis erros gerados pela IA, relacionados com elementos como preconceito, opacidade, reputação, desinformação, manipulação de informações e tantos outros? São perguntas ainda sem respostas.
Até a próxima!
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1 aExcelente edição do "Digitize-se", Sergio Alexandre Simões! Apesar de longo, o artigo do Bill Gates ("The Age of AI has begun") vale muito a pena ser lido! Forte abraço e parabéns!