Discutindo a Ergonomia Industrial
Sabemos que a ergonomia é um caminho para tornar o trabalho mais eficiente, eficaz e confortável, com o resultado sentido pelos colaboradores e pela organização, afinal ninguém utiliza sua potencialidade e capacidade total se não estiver confortável.
Mas como será que as empresas estão atuando nesta área, segundo esta definição?
Tenho visto em várias visitas que fiz pela Dgrande, discutindo projetos de soluções em indústrias de diversos segmentos onde a ergonomia é o principal motivo para uma melhoria operacional, que existe um gap sério entre o possível e o ideal muitas vezes buscado pelos ergonomistas.
Sem entrar no mérito do certo ou errado, o que encontrei, muitas vezes, foram profissionais muito competentes, mas com visões de uma perfeição que, geralmente, acaba por levar a inação.
Não posso negar que algumas gestões industriais não compreendem muito bem a necessária inserção do assunto ergonomia entre tantos relativos a segurança do trabalhador, dando-se mais ênfase à NR-12 que a NR-17. Em poucas palavras, é lugar comum os gestores desconhecerem todos os problemas ergonômicos de suas operações, o que acaba por fazerem seus planos de investimento serem direcionados para outras necessidades operacionais. Podemos considerar que já encontramos mudanças significativas no comportamento das empresas quanto à segurança operacional do trabalhador. Há alguns anos, o mais comum eram investimentos em ergonomia só serem realizados quando do recebimento de Termos de Ajuste de Conduta - TAC, emitidos após uma auditoria do MPT - Ministério Público do Trabalho.
Hoje em dia a gestão valoriza a ergonomia e coloca na pauta de seu planejamento estratégico, investimentos para melhorias nessa área. Finalmente entendeu-se que o custo de um afastamento por doença ocupacional é mais elevado que colocar elementos para evitar estas doenças.
Agora precisamos evoluir quanto à realidade das expectativas do setor de segurança do trabalho quanto ao nível de solução empregada nas atividades.
Nossa experiência, como fabricante de equipamentos da marca Dgrande, voltados à ergonomia, permite participar da discussão na busca de soluções para os problemas nesta área. E nessa busca, algumas vezes, temos encontrado profissionais qualificados, mas com uma exigência de soluções definitivas, mesmo quando o processo operacional não oferece condições para tal.
Um dos casos clássicos onde isso acontece é o do processo de paletização, onde o colaborador retira caixas de uma esteira e as posiciona em um palete. Nesta atividade temos o movimento de flexão frontal que afeta consideravelmente a saúde da coluna, possibilitando aparecimento de lombalgias. Outro movimento deste tipo de atividade é a rotação de tronco, também prejudicial ao complexo osteomuscular do colaborador, que ocorre quando a caixa é retirada da esteira e direcionada ao palete.
Quando um ergonomista capacitado faz uma AET - Análise Ergonômico do Trabalho da operação, podemos visualizar vários graus de movimentação dos membros do colaborador e, a partir de uma análise acurada, podemos traçar um plano para o tratamento dos problemas encontrados, sempre procurando eliminar os mais perniciosos.
No caso da paletização, fica claro que o movimento mais danoso a saúde ocupacional do colaborador é o da flexão frontal, existente de forma repetitiva na operação, sendo seguidas de longe pelas outras movimentações incorretas.
Quando discutimos soluções para estas áreas nas empresas, não raro encontramos solicitação de um equipamento que, não só resolva o problema da flexão frontal como também todos os outros, como o da rotação de tronco do colaborador.
Importante: tudo isso a custo baixo, uma questão fundamental para qualquer gestor industrial. E aqui reside um problema para o fornecedor que, embasado em inúmeras experiências, sabe que a solução ideal, nestas condições, não existe.
Na esmagadora maioria dos casos, a eliminação de todo o risco de ordem ergonômica não é possível, mesmo com a substituição do colaborador por máquinas e sistemas automáticos, robótica e até, em muitos casos, sistemas de visão artificial.
Isso significa que, mesmo com uma solução automatizada, com investimentos consideráveis envolvidos, não há como garantir que o processo tenha eliminado os riscos operacionais completamente.
Entendo que, ao contrário, as soluções devem, inicialmente, abranger os maiores problemas ergonômicos da operação, para depois sofrer upgrades específicos, gerando um ciclo de melhoria contínua.
Outro ponto fundamental é que o aprimoramento constante, não só em termos teóricos como também práticos, buscando conhecer as soluções tecnológicas que o mercado oferece. Para isso, é importante buscar com fabricantes competentes de equipamentos o conhecimento das diversas alternativas para seu segmento quanto à ergonomia e segurança operacional.
Só assim, aliando forças e conhecimento, seguiremos com o processo de valorização da ergonomia, sempre buscando melhorias constantes e seguras.