Divã

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Sempre tive uma dificuldade danada para explicar para as pessoas o que faço no meu dia a dia de trabalho, mas outro dia meu companheiro de home office (e vida!) que me ouve falar sobre os projetos que estou envolvida o dia inteiro sintetizou bem: sou uma psicanalista das organizações.  

Não tenho a menor pretensão ou capacidade em transcriar um Freud corporativo, mas achei a associação interessante porque, no final do dia, o processo de Cultura Organizacional passa por colocar as instituições no divã para que cada uma entenda o que é em sua essência.

Nesse divã, deitam-se líderes, empregados e instrumentos de gestão (como políticas, processos, procedimentos e comunicação). A partir dos insumos gerados pelas escutas e análises de materiais, entende-se quais são os traços preponderantes desta organização e como eles podem alavancar ou barrar os movimentos do negócio. 

Esse processo, assim como a psicanálise, envolve elaborar traumas, tabus, ideias preconcebidas, papéis assumidos ao longo da vida, expectativas e tudo mais que forma a complexa existência humana. Ou seja, a dor do crescimento é sentida também pelas empresas que se dispõe a encarar o espelho e olhar para si em sua essência. Muitas empresas, assim como muitas pessoas, se afastam deste movimento justamente porque dá trabalho, dói, leva tempo e, por vezes, nos leva às inflexões que exigem enorme energia, vontade política e decisões difíceis.

Neste sentido, a Cultura Organizacional dá conta de responder muitas angústias como: por que as coisas nas empresas são como são? Por que se investe zilhões em sistemas automatizados e as pessoas seguem fazendo o controle de estoque com papel e caneta? Por que uma organização aumenta seu pacote de benefícios e as pessoas que lá trabalham seguem trocando de emprego pela diferença salarial de 2 litros de gasolina? Por que os profissionais de comunicação não conseguem resultados apesar de campanhas elaboradas, super interessantes e com peças lindas? 

Pensar Cultura Organizacional é ir além dos elementos visíveis. É entender a essência tanto das organizações quanto das pessoas que as compõem - o que só é possível com conhecimento teórico e prático, assim como aqueles que estão no atendimento clínico com Klein, Lacan, Bion & Cia embaixo do braço.

Dá para passar uma vida sem análise? Dá sim, mas é preciso ter consciência e concordância em viver com os esqueletos que estão dentro de cada armário.

Da mesma forma é possível deixar de investigar e manejar a Cultura Organizacional, mas é preciso um pacto em arcar com seus custos simbólicos e práticos.

Inês Ritzel

Gerente Administrativo | Gerente de Processos | Especialista em Gestão de Talentos

2 a

Sensacional! Adorei a forma leve de explicar!

Rachel Pessôa

Gerente de Comunicação Corporativa na Anglo American com expertise em Liderança para a Sustentabilidade

2 a

Adorei a reflexão Lia. Nos representa ❣

Cássia Miguel

Comunicação com atenção e presença. Menos viés, mais transcendência.

2 a

um divã com assinatura. bj

Emilene Esbrisse

Especialista em Diversidade, Equidade e Inclusão na CPFL Energia

2 a
Andrea Cardozo

HRBP | People & Culture | HR Lead | DHO

2 a

Impecável!!! 👏🏼👏🏼👏🏼

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