Diversidade , equidade e inclusão palavras vazias
A edição 2023-2024 do “Perfil Social, Racial e de Gênero das 1.100 Maiores Empresas do Brasil e suas Ações Afirmativas”, realizado pelo Instituto ETHOS e publicado recentemente, traz à tona desafios que refletem a realidade estrutural do mercado corporativo brasileiro.
Ao analisarmos os índices apresentados, é possível notar que, embora 94% dos líderes concordem sobre a importância de ações afirmativas para a promoção de mulheres, a participação feminina em cargos de liderança permanece baixa, com apenas 27,4%.
E a polêmica em torno da fala infeliz de Tallis Gomes, CEO da G4 Educação “ Deus me Livre de CEOs Mulheres” só escancara este retrato...
Diversidade, equidade e inclusão são palavras que ainda estão no discurso, nos posts das redes sociais, na imagem de marcas que se promovem como marcas inclusivas. São raras as empresas que, de fato, promovem mudanças que impactam a cultura e a mudança de atitudes das lideranças.
Me lembro, em uma das minhas jornadas pelo mundo corporativo, de uma fala vinda de uma liderança feminina que tive a infelicidade de cruzar que afirmou com todas as letras que “era impossível eu ter alcançado a posição que eu havia conquistado, sendo mãe”... Ela solteira, sem família, com a vida dedicada, exclusivamente, ao trabalho, tinha em seus viéses que o sacrifício da sua vida pessoal era a única forma de justificar o crescimento na carreira. É... a discriminação não envolve sexo e, sim, valores (ou a falta deles....), viéses inconscientes de experiências pregressas que refletem preconceitos enraizados, os quais impedem o olhar para o outro sem suas crenças limitantes.
Considerando que mais da metade da população brasileira é composta por mulheres (51,5%), estes índices só refletem a persistência de barreiras internas e a existência de muito preconceito e discriminação.
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Fato é que, quanto mais alta a pirâmide hierárquica, menos representatividade dos grupos minorizados: em 2015, os conselhos de administração das empresas consultadas pelo Ethos eram formados por 89% de homens e 11% de mulheres. Na nova edição, os números avançaram para 81,4% e 18,6%, respectivamente, compondo um quadro melhor, mas ainda assim muito distante de uma equidade de oportunidades.
A questão racial segue a mesma dinâmica. Embora tenha havido um aumento no número de executivos negros, passando de 4,7% em 2015 para 13,8% em 2023, o número ainda é baixo, quando comparado com a representatividade negra da sociedade brasileira.
A presença de negros em posições de entrada, como trainees (70,8% em 2023), sugere que as empresas estão focadas em diversdiade nas fases iniciais da carreira, mas não conseguem garantir a ascensão para cargos mais altos. Esse "afunilamento" hierárquico reflete um mercado de trabalho que, mesmo consciente da necessidade de inclusão, ainda não proporciona as mesmas oportunidades de crescimento e desenvolvimento para grupos historicamente excluídos.
Para que mudanças substanciais ocorram, é necessário que as empresas invistam em políticas estruturantes que garantam a equidade de oportunidades no topo da hierarquia.
A inclusão genuína só será atingida, quando as empresas revisarem suas estruturas, garantindo que as barreiras de ascensão sejam eliminadas e criando espaços de liderança que realmente reflitam a diversidade da população brasileira.
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1 mBacana!
Analista de Comunicação I Especialista de Comunicação Interna I Engajamento I Sustentabilidade I ESG I Comunicação Institucional
3 mAndréa, muito interessante a questão dos viéses inconscientes que vc traz no texto. Eles deveriam ser trabalhados constantemente nas lideranças das organizações.