"Diversidade para quem?" A publicidade brasileira e seus estereótipos
O Facebook em parceria com a consultoria 65 | 10, mapeou os principais estereótipos da publicidade brasileira, esse estudo reuniu informações do senso IBGE de 2010 e um workshop de co-criação com especialistas da America Latina.
Dentro do estudo temos 9 perfis muito comuns na publicidade brasileira, e com certeza você já viu algum deles por ai!
São eles:
O Provedor
É fácil imaginar, propaganda de fundos de investimento, um homem branco de meia idade sentado em uma poltrona lazy-boy e uma narração dizendo que agora você pode controlar seu investimento de qualquer lugar com o App x do fundo de investimento y. A figura do "chefe de familia" ainda é super forte em aspectos publicitários, mas não é um retrato fiel da população.
Super Mulher e Mulher Perfeita
Ela trabalha, cuida dos filhos, organiza a casa, se engaja em ações sociais da comunidade e ainda tem tempo para cuidar de si com o novo creme de rejuvenescimento facial ou consegue arrasar naquela reunião importantíssima depois de tomar um remédio para cólica. Esse estereótipo reforça a ideia de que você tem que estar bem o tempo todo, mesmo em uma rotina exaustiva, essa visão é uma das mais comuns e perigosas.
A Mulher Objeto e o Macho Perfeito
Apesar de surgirem como categorias separadas dentro do estudo, esses dois perfis aparecer juntos com uma freqüência assustadora. Antigamente era comum vermos a mulher objeto em propagandas de cerveja, mas o mercado se modificou (felizmente) e nesse setor, hoje em dia a maioria das marcas segue uma linha diferente nesse sentido, mas esse estereótipo ainda é presente em muitas situações, principalmente no mercado da moda, anúncios de marcas masculinas tem explorado bastante a figura de um homem branco forte, com uma jaqueta de couro, e quando ele entra em um ambiente várias mulheres o acompanham com olhar de desejo.
Para os homens que veem o “macho perfeito” esse tipo de propaganda cria uma valorização do consumo como forma de sucesso. E com as mulheres que identificam o padrão “Mulher objeto” há uma diminuição da voz feminina e um reforço extremamente tóxico de modelos estéticos, roupas e atitudes.
Lésbicas Hiperssexualizadas ou Masculinizadas -
Esse perfil não é tão presente, principalmente, porque o mercado ignora o público LGBT+ em ações, mas como a publicidade é comunicação de massa… vemos essa visão de hiperssexualização em filmes, séries e sketches de humor.
Particularmente, para esse estudo faltou uma menção a hiperssexualização de mulheres e homens negros... esse quadro é tão natural para a publicidade que é raro ver propagandas que fujam desse padrão.
Negros Subalternos
Falando sobre o retrato de pessoas negras na publicidade, é comum ver o negro diminuído. Na maioria das vezes ocupando posições servis ou agraciado por pessoas brancas caridosas. No final do ano tivemos o melhor exemplo disso… a propaganda da Perdigão em que a cada chester comprado, um produto seria doado para uma família carente.
Algum dia ainda vou escrever apenas sobre os estereótipos associados as pessoas negras na comunicação, mas o fato é que esse posicionamento reforça uma visão racista que dificulta a representatividade.
O Gay Afeminado
Esse perfil surge como o oposto do “Macho Perfeito”, a publicidade retrata o gay como feliz e engraçado, um personagem extremamente sensível e caricato, é uma imagem da restrição de papeis.
O Gordo Engraçado
Quando não aparece suado e ofegante, o gordo engraçado aparece fazendo piadas sobre sí mesmo. Ele é aquela pessoa que sobra o papel de ser legal, já que o sucesso é para pessoas magras. Esse estereótipo reforça a busca pelo corpo ideal e cria vários problemas de aceitação
A Gorda do Antes e Depois
Esse é o estereótipo que associa sobrepeso ao fracasso. Ligado ao anterior, ele demonstra que seu corpo deve ser o padrão ou consequentemente você não será respeitado, amado ou querido. Na maior parte das vezes, ele está atrelado a um discurso sobre saúde, mas a vida saudável existe em vários formatos e não se limita a um corpo padrão.
Esses são os principais perfis levantados pela pesquisa, e você? sentiu que falta algo? Representatividade é extremamente importante e em uma industria publicitária tão premiada como a nossa já passou da hora de vermos que o mundo é plural e que há espaço para todos.
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Mãe do pequeno Bento| Presidente do Instituto Josefinas| Mulher afroindígena e nordestina| Engenheira de produção| Mentora e consultora de negócios| Conselhereira da cidade do RJ, apaixonada por ações coletivas.
5 aMuito bom artigo Gabriel, obrigada por compartilhar seus saberes.