Diversidade, uma inclusão de todas as formas de vida.
MIRIAN STEINBERG

Diversidade, uma inclusão de todas as formas de vida.

SOMOS NÓS !!!

 Mirian Steinberg

SOMOS NÓS !!!

As iniciativas e programas das instituições com a palavra e a ideia sobre a diversidade e inclusão estão na pauta do dia, fundamental esgotarmos esse tema. A diversidade é um tema para todos os momentos em todos os espaços de relações. É um assunto complexo que exige diferentes perspectivas para serem resolvidas, tais como saber comunicar a informação e a aceitação das diferentes opiniões, não pode ser uma imposição autoritária de uma verdade, por isso é fundamental aprofundarmos e criarmos reflexões sobre a diversidade.

Primeiro Ponto: Começar com as perguntas e não com as respostas definidas. A aquisição de novas ideias é um processo de construção coletiva de pensamentos e ações. A diversidade só pode ser exercida no coletivo, no “NÓS”!

O "NÓS" nos leva as relações mais horizontais e menos autoritárias, trazendo um sentido de pertencimento maior, partindo do debate como um caminho para pensarmos juntos sobre alguns problemas e com isso uma maior reflexão dentro dos programas sobre diversidade. Conclusão do Ponto 1 : uma aposta no coletivo e na diversidade para construirmos juntos as soluções, a partir da experiência de construção coletiva de ações, do debate e na convivência com respeito, cooperação e assim uma maior riqueza das diferentes visões.

Primeira Questão: Porquê, para que precisamos de programas sobre INCLUSÃO e DIVERSIDADE e como fazê-lo?

Porquê faz parte de todas as estruturas sociocultural e ambiental a diversidade. Todas as espécies de vida na natureza, na sociedade, na cultural estão estruturadas na diversidade.

Para quê : para colaborar (ou não) com a cultura da diversidade em nossa vida pessoal e profissional.

Como fazer e como colaborar com a cultura da diversidade? Será que estamos num sistema que reforça as desigualdades?

Resposta: Aqui começamos a deixar mais complexo o problema dos programas sobre a cultura da diversidade porque temos ações e pensamentos que divergem da diversidade e da inclusão. Primeiro os grupos precisam debater para compreender e situar as estruturas de desigualdades. Para isso reconhecer, nomear e trazer a clareza dessas estruturas para podermos mudar a cultura e criar novos formatos de experiência, de liberdade de ser e estar em todos os ambientes comuns, com direitos e oportunidades sem desigualdades de raça, de gênero, de deficiências, de classe social, de idade, de religião, de tipos de corpo, são inúmeras nossa cultura do preconceito e muito mais profundo resolver do que imaginamos!

Para aprofundar nesse tema sobre a diversidade é preciso agir e atuar nas diferentes pontas, aqui vou desenvolver duas delas: a do exterior e das ações, em paralelo e simultaneamente com transformações interiores, inconscientes e profundas das desigualdades. As soluções estão em princípio em dois eixos, trabalhar no aspecto mais exterior e outro mais profundo e interior.

Primeiro Desafio:



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AFETOS

Comunicação empática na escuta: Exercitar uma escuta neutra, não a priori, não uma escuta surda e sim uma escuta de disponibilidade ao outro, numa atitude empática. É fundamental compreender como escutamos o outro, cada singularidade tem uma voz do seu lugar de fala, numa perspectiva própria, diversa e específica, dentro de um repertorio e de um sistema de crenças e valores daquela pessoa. Modos de dizer e de escutar as narrativas de uma forma neutra, sem preconceitos ou julgamentos, um grande desafio! Uma escuta de abertura e aceitação do outro em você, uma escuta conectada também com os afetos.

Comunicação empática no olhar: observar as diferenças, as singularidades numa pluralidade de modos de ser e viver e, portanto, as diferentes pessoas, os modos de se expressar, de se vestir, de falar. Desconstruir em cada um de nós, os pré-conceitos dos padrões de beleza, classe social, gênero, raça. Ter uma abertura genuína para o outro e entender que, o que é do outro também faz parte de um todo maior, a humanidade.

Abertura dos canais de comunicação: Nesse sentido devemos incluir a ação, o gesto, a disponibilidade interna de escutar e ver a todas as pessoas e todos os diferentes corpos, as minorias sociais, raciais, de gênero, de idade, de tipo de corpo, por terem em si saberes e potencias fundamentais para agregar no contexto social e organizacional. O lugar de fala, o lugar do outro enriquece as experiencias nas relações humanas. Nos falta incluir todas as possibilidades de existências mínimas com suas inúmeras formas de vida que pulsam na natureza, nas manifestações de cultura e saberes.

Os programas de diversidade são um exercício e um desafio diário, a todo momento em que estamos em contato com o outro, é uma postura de escuta, de empatia e dos afetos como uma ética nas relações. A escuta dos afetos é tudo aquilo que te afeta, que te incomoda, que te move, que muitas vezes te tira do lugar de conforto e estabilidade para nos fazer repensar e rever nossos conceitos e preconceitos e, assim ampliar a percepção. Considerar as lideranças mais horizontalizadas e participativas, menos autoritárias e hierarquizadas, num formato afirmativo que considera todos e todas como um conjunto de várias forças.

Soluções para o primeiro desafio: ampliar os canais de comunicação

Existem ações e técnicas específicas de musicoterapia e das artes voltadas aos programas de diversidade e a ampliação dos canais de comunicação, com experiencias de diferentes olhares e escutas das sonoridades, das musicalidades e das vozes. A musicoterapia e as artes permitem uma experiencia estetica que integram as diferenças e ativam o potencial afirmativo e expressivo nas relações humanas, ampliando a percepção e a comunicação humana dentro das organizações. Para compor com TODAS as vozes, cada timbre, cada corpo como um instrumento numa composição musical.


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CADA UM COM SEU TIMBRE E COM SUA VOZ !!!

Segundo desafio:

Para atingir simultaneamente aspectos mais estruturais e internos é fundamental conhecer e reconhecer as desigualdades para ganhar maior consistências nos programas de diversidade. Propor transformações mais profundas na perspectiva dos modos de pensar estruturais de nossa cultura ocidental. Podemos trazer condutas, comportamentos e ações específicas para haver mudanças de comportamento.

Existe alguns pilares fundamentais de transformação de dentro para fora as pessoas e a organização como uma grande engrenagem de desenvolvimento humano e responsabilidade social, numa proposta de economia mais sustentável e mundialmente debatida. Inclusive foi pauta do Fórum Econômico Mundial em Davos/2020 sobre os valores e princípios conectados com propósitos e processos mais colaborativos, de autoconhecimento, conexão com a natureza, cuidado, generosidade, interdependência.

Estamos apoiados no eixo da linguagem, das palavras, das relações e dos valores de produtividade, meritocracia, competitividade, autoritarismo, e as diferentes relações de poder. Nesse eixo apoia-se a sociedade consumista de símbolos e imagens de poder associado a valores econômicos, com foco no consumo, num circuito de aquisição de bens, uma sociedade como máquina de produção de valores materialistas, símbolos de poderes e padrões estéticos.

Sendo assim, estamos nos modos de produção capitalista, social, burocrática e inconsciente que controla as pessoas com laços invisíveis. A questão que se coloca é o quanto o capital desumaniza as pessoas e colabora para criamos todos os tipos de preconceitos? Não podemos viver sem o capital e sem os avanços que ele promete, afinal apostamos no desenvolvimento econômico, mas junto com isso veio os modos de pensar separatistas e excludentes.

De uma forma geral a ideia de segregação permanece e gera a minimização da potência criativa de qualquer pessoa. Há de se saber que não temos condições iguais, há diferentes privilégios do centro da sociedade: os brancos, os europeus, os homens, os ricos são os centros de dominação. Quem está fora desse recorte imposto se adequa as condições menos favorecidas, os periféricos sociais, como por exemplo a mulher que muda de roupa e desvia o caminho dos olhares machistas, os negros não frequentam determinados locais, os pobres não entram em outros, os indígenas são mortos, os lgbtq não demonstram afetos em público, as gordas desconsideradas, os velhos são menosprezados, os deficientes são excluídos e assim segue a lista de exclusão e segregação. Resta saber como vamos movimentar os centros e colocar os periféricos, e questionar as diferentes nuances dessas categorias e sair das dicotomias:

Negras - Brancos, Mulheres - Homens, Pobres - Ricos, Indígenas- Europeus, homo-hetero, Gorda-Magra, Deficiente-Eficiente, Velha-Jovem e várias outros. Sem querer reduzir todas as nuances dessas duplas de categorias. Trata-se de observar que a desigualdade está estampada e gritando aos quatro ventos!

Acordamos para uma necessidade de mudar o discurso, para escutas mais abertas, sensíveis e humanizados, de empatia e de igualdade de direitos humanos e para isso a escuta das narrativas dentro dos espaços das organizações. Criar lugares de conversas empáticas, de mediação de conflitos, de compartilhar experiencias e de saberes, incluir o ser humano integrado em sua vida pessoal biográfica e a subjetividade também faz parte da vida profissional.

Soluções para sair da cultura do preconceito e transformarmos os valores e crenças numa cultura de SER PARTE de um sistema vivo e interligado !


Imagem da Fáscia do Corpo

Sistema tridimensional com multiplas articulações formando uma estrutura de organização do movimento

Cartografar os processos e programas para uma cultura da diversidade

A importância da colaboração nas organizações, as trocas de saberes, os protagonismos devem ser melhor agenciados, com roda de debates temáticos para mais trocas na rotina do trabalho e com ferramentas de integração, com os instrumentais para ampliação da percepção e da escuta do outro. Há muitas ações para estimular essas transformações, a partir da musicoterapia organizacional, acordar o corpo, os sentidos, a subjetividade, as artes para a experiencia, com toda sua potência de ampliação da percepção e apreciação estetica, não só a mente racional e lógica, num exercício ético dos afetos nas relações.

Transformações acontecem no exterior e no interior, das pessoas e das organizações. Podemos pensar em ações que abordam o exterior que se refere aos modos de comunicações, numa economia coletiva de desejos articulando pessoas, interesses, circuitos econômicos e relacionais.

No contexto organizacional o colaborador precisa estar conectado com os interesses da empresa e vice versa. Ponderando o desejo da empresa, do coletivo e agenciados com os desejos particulares, numa relação de agenciamentos coletivos com diferenças de papeis, considerando o desejo individual e da empresa. Somos parte de várias representações conscientes e inconscientes que nos moldam para assegurar nossos modos de vida.

Isso é muito diferente dos processos hierárquicos em que a liderança se impõe, num jogo de poder e os outros obedecem, sem questionar os fazeres e saberes. Numa relação de poder que se apoia em estruturas de formações repressivas, meritocráticas, julgadoras e inquisidoras que precisam ser observadas para serem flexibilizadas e humanizadas nas estruturas autoritárias. As decisões das lideranças devem considerar os interesses econômicos da empresa e somar com programas e ações sobre diversidade.  

A única maneira de liberar o desejo e integrar aos modos de trabalho é agenciar uma economia do desejo coletivo, escutar a todos, é dando ao desejo do outro o meio de exprimir no campo social, manifestar-se! Alta performance é estar implicado nas relações com o desejo próprio em consonância com desejo do todo.

Observar para não reproduzir atitudes quase que sádicas e masoquistas que se institui, reproduzindo situações de autoritarismo, de lideranças destrutivas que minimizam a potência do outro e o desejo como algo que falta. Cuidar para que as ações de incentivos não estejam fundamentadas em excessos de poderes materiais, incentivando a competitividade destruidora e, com isso aumentando as atitudes reativas, destrutivas e improdutivas. Minimizando e poluindo em profundidade as iniciativas aparentemente colaborativas, participativas e humanizadas.

O verdadeiro metabolismo do desejo está em sua existência, por exemplo: o desejo de viver, de ser bem sucedido, de ganhar dinheiro, de encontrar caminhos, de se relacionar com pessoas, funções, relações econômicas e socias, voltado para uma política global de preservação de todas as espécies de existência mínimas e diversas.

Para tanto é necessário realizar uma análise institucional, com analisadores coletivos que cartografam, especializam, abrem espaços para marcar a necessidade de uma abertura dos problemas da vida cotidiana nas instituições em direção a uma micropolítica.

Conclusões e soluções Estratégicas

Ampliar a percepção para integrar a compreensão, a colaboração e a interconexão. Construir uma comunicação mediada nas relações mais participativas, como um mapa, onde cada um é um território e ocupa seu lugar e seu papel.

Pensarmos como uma Cartografia permite liberar o desejo ativo, criativo e produtivo. Desenvolver um cartógrafo em cada pessoa, que possa expressar seu potencial de trabalho e construir ideias nas organizações. Ações fundamentadas nos saberes e na experiencia das Artes, do Corpo e da Musicoterapia Organizacional focadas nas questões da diversidade é uma estratégia para desenvolver uma cultura da diversidade e inclusão. Libertar o desejo criativo e consistente para além do consumo, o desejo de pensar, sentir e fazer para si e para o todo, o “nós” de todos “nós”!

Mirian Steinberg – Participa de consultorias em Empresas com planejamento e programas específicos na área de Recursos Humanos. Oferece treinamentos e workshops de Cartografia do Desejo Criativo e Musicoterapia Organizacional. Atua em Programas de Desenvolvimento Humano, Comunicação, Diversidade e em processos e procedimentos criativos no cotidiano. Musicoterapeuta Clínica e Organizacional, Docente de Ensino Superior. Mestra em Artes pela UNESP no Grupo de Pesquisa do cAt -Ciência, Artes e Tecnologia na UNESP. Pesquisa sobre Performance no Cotidiano, Escutas, Cartografias.

Projetos e Programas realizados no Instituto Federal de São Paulo/ Campos do Jordão, Cargill, Ambev, FAU-USP, Univoz Fonoaudiologia Empresarial, Bienal de São Paulo, Galeria Choque Cultural, entre outras empresas.

Contatos – miriansteinberg7@gmail.com

11 997 877 445

 



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[1] Mirian Steinberg- Pesquisa e Atua com Arte e Clínica em consultório há mais de 25 anos e Programas de Desenvolvimento Humano nas organizações. Mestra em Processos e Procedimentos Artísticos no Instituto de Artes Visuais/UNESP. Musicoterapeuta Clínica e Organizacional e Arte Educadora. Atualmente realiza Projetos de Cartografias do Desejo Criativo e Mamilos da Terra com diferentes intervenções. 




Vivian Steinberg

Professora e pesquisadora de literaturas portuguesa e brasileira na Universidade São Paulo e na Unicid

3 a

Necessário!

Vivian Steinberg

Professora e pesquisadora de literaturas portuguesa e brasileira na Universidade São Paulo e na Unicid

3 a

Super interessante! 😍

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