Divertidamente (Inside Out) e o RH - Armadilhas da visão.

Divertidamente (Inside Out) e o RH - Armadilhas da visão.

Eu poderia usar uma daquelas desculpas comuns. "Estava assistindo um dia destes com meus filhos...", mas na verdade gosto muito de filmes ficção, romance, aventura, bibliografias e romances digamos filmes para a família, aprendo sobre o humano neles como igualmente aprendo nos livros.

Meu filho de 7 anos queria assistir imitando o irmão mais velho no filme e nestes casos acompanhamos para tomar um certo cuidado com linguagens ou traduções. Assisti o número 1 e o número 2 mostram a situação da mente de uma menina, poderia bem ser de um menino, em dois momentos diferentes da sua vida, o que poderíamos chamar de pré adolescência e adolescência para a maturidade, comumente chamada vida adulta.

Não podemos negar pelos dados e fatos que está transição ou até diria ambas, por uma série de circunstâncias está se alterando em sua precisão de faixa etária e temos para todos os gostos na sociedade hoje, o que antes eram exceções ocasionais.

Isto afeta todo o público com quem o recursos humanos tem de lidar hoje e afeta sem dúvida uma nota comum que vem sendo debatida e até premiada a tal da gestão humanizada. Termo curioso porque qualquer gestão de seres humanos deveria ser naturalmente com tempero humanizado, afinal não estamos mais nos períodos da escravidão oficial e das disputas de etnia, embora possamos ter os propagadores de tal ideia e ainda alguns recantos isolados do mundo onde isto é uma verdade. Em geral e na prática a realidade é que temos humanidade fragmentada ou ausente o da abertura para indagações e suspeitas.

Agora temos os parâmetros definidos por regras como sempre e caímos na frágil ideia da programação das mentes e comportamentos, ao que chamamos de estratégia, tais pontos não sobrevivem a temperatura do fogo corporativo, divertida mente mostra os aspectos das mazelas e qualidades humanas e a necessidade de equilíbrio e valores construídos para definir quem é você mesmo diante de todas as situações, insinuações e desafios.

Temos a ansiedade, a tristeza, o medo, o comodismo temos e outros termos tão comuns na situação atual e temos a alegria que define o sonho e a possibilidade da loucura sã de construir um eu em direção a retidão.

No filme disputam os sentimentos e a razão com ansiedade e seus parceiros em direção ao prostrado, comportamento e mazela. Nele a luta para recuperar o que chamam de memória de quem é, e portanto de quem pode ser, pois não é a adolescência ou a maturidade uma ruptura com seu ser, mas o contrário uma afirmação de quem é.

As vezes é muito comum nos recursos humanos esquecermos que a sociedade nos entrega o que possui e para isto precisamos entender o todo, o público que chega até nós, que independente de experiência, conhecimento, ou posição têm suas peculiaridades e pessoalidades e igualmente pode sim não ter alcançado um conceito importante da maturidade ser quem você é, o que permitirá se corrigir, melhorar e aprimorar o ser diante da necessidade e percepção de mazela.

Nos debruçamos sobre conceitos robóticos de procedimentos e falas esquecendo o humano em si e muitas vezes os aspectos que possuem ou herdaram de sua cultura, criação, formação e educação. Não podemos formatar seria ferir a diversidade. As regras éticas, missão e cultura de uma empresa são na verdade um ecossistema onde a pessoa possa se inserir e contribuir de forma salutar para o todo e para seu próprio desenvolvimento. De novo damos o nome de estratégia de recursos humanos.

"Procedimentos de apoiados no entendimento da neurociência são uma Armadilha"

Procedimentos e técnicas como os atuais métodos de neurociência são uma armadilha quando usados para tentativa quase maliciosa de programar o coletivo comportamental. O que temos que ter em mente é que o humano é um encontro particular e privado consigo mesmo emoções e sentimentos, razão e a si mesmo.

Mapas de temperamento ou comportamento são apenas instrumentos para aquele individuo e não para o coletivo. Me parece que o caminho é uma ação coletiva, mas de alcance capilar nos recursos profissionais da empresa.

Seria portanto natural em uma gestão da humanidade pelo fato de que todos os envolvidos de forma direta são humanos.

O Papa Francisco escreveu uma carta (1) interessante, grande parte dela fala do humano e muito pouco da religião. Parece mostrar os aspectos semelhantes ao ““divertidamente"" mas dá aquele encontro dos sentimentos com o seu ser da razão, o nome de coração.

Aliás o fato é que os povos antigos davam plena consciência do Homem fosse na filosofia ou nos atos comuns, sempre houve o costume de falar fulano faz com o coração. Ou fulano põe o coração no que faz, se referindo a entrega no que fazia de sua razão, entendimento, sentimento enfim de seu espírito, sua alma.

Temos isto nos grandes artistas, temos isto nos grandes nomes da gestão antiga, porque hoje está muito ligada a natureza e capacidade de fazer dinheiro e não muito ligada à gestão propriamente. O que talvez seja uma das razões do slogan : Gestão Humanizada ter surgido.

Não me parece natural focar em metodologias de neurociência, ou métodos de programação comportamental do coletivo para termos de fato uma gestão humanizada, como de costume. Precisamos reconhecer o conjunto do Humano, com erros, falhas, acertos, bondades e maldades causadas pelas mais diversas razões e sentimentos. Me parece que precisamos ajudar as pessoas no encontro do seu eu, em “divertidamente", ou do coração como no referido texto.

Não é uma tarefa fácil não podemos transformar o recursos humanos em divã, mas podemos ter iniciativas simples, como:

Recomendação de filmes

Recomendação de literatura

Grupos de discussão e opinião sobre os acima na empresa ( fora do horário de trabalho, até para evitar impacto, quem sabe subsidiado o cafezinho pela empresa)

Um modelo de acompanhamento mais ligado à preceptoria do que o coach (a diferença é que o primeiro se preocupa com o desenvolvimento do Humano. Formação Humana, interioridade a outra é mais no amago da ação profissional, externalidade)

Principalmente temos de reconhecer que temos gerações complexas em nossas mãos, gerações que não possuem propriamente um projeto para suas vidas, com pensamento de riqueza ou sucesso imediato e temos todo um passado igualmente de desnível entre a qualidade de vida e o trabalho.

Não vou entrar no aspecto de porque isto é ruim principalmente para as pessoas, mas também para empresa e a sociedade. Se não tivessem esta medida nem estariam falando em gestão humanizada. Obviamente se sente o efeito no produtivo e na receita das empresas no mundo inteiro.

Temos que trabalhar profundamente o encontro das pessoas consigo mesmas, quem são e porque estão ali e o que pretendem para si, os seus e os outros. Encontrar o caminho para isto me parece vital nas técnicas e procedimentos que o recursos humanos tenta implementar para trazer o humano a gestão e convívio na empresa e todos os benefícios que isto trás em pluralidade, participação, criatividade e inovação.

Não é um assunto que se esgota como nada no humano o é. Poderia falar do enorme potencial que existe com os jovens estagiários ou treineiros nas empresas em conseguir fazer com que parem para rever a si, como no “divertidamente" e se debruçam sob um projeto pessoal reconhecendo suas mazelas e qualidades humanas, seu potencial e sobretudo seu coração quem são. Isto tem um potencial enorme de satisfação para o todo. É um grande contributo à ESG raiz.

A continuar com esta tentativa tradicional de programação do ser fruto de séculos de visão equivocada do ser humano, diria um desvio do caminho, não lograremos êxito em auxiliar as empresas a conseguirem o melhor rendimento, com a melhor qualidade de ambiente e serem realmente o melhor lugar do mundo para trabalhar para os que estão lá.

Aliás, o prêmio de melhor lugar para trabalhar deveria ser uma grande disputa de empate no primeiro lugar para todas as empresas. O segredo parece ser o recursos humanos ajudar as pessoas a encontrarem a si, alcançando sua maturidade, encontrarem seu coração para serem quem são e a melhor versão de si mesmas.

Adamario Maximo dos Santos Filho.


(1) https://www.vatican.va/content/francesco/pt/encyclicals/documents/20241024-enciclica-dilexit-nos.html

Camila Gomes

Senior Account Executive, Mid-Market Sales @Nuvemshop Next | Plataforma eCommerce | TMS - Logística | Omnichannel | Pagamentos

1 m

Muito bom!!

Ugo Ribeiro

Provocações e a Tia Filó | BetaCodex Member

1 m

ADAMARIO MAXIMO, parabéns pelo texto. A ideia de usar a neurociência para "programar" o cérebro e para controlar o comportamento das pessoas partem de premissas sem sentido e de pressupostos preconceituosos sobre a natureza humana. As metáforas usadas para descrever o cérebro humano ("computador", "processamento") são ruins, mas levam as pessoas a acreditar como verdadeiras. Os pressupostos que levam às iniciativas de controle do comportamento humano nas organizações são preconceituosos, pois consideram que, se não houver controle, as pessoas farão merda! Nenhuma dessas ideias considera a complexidade da pessoa humana, nem os efeitos do ambiente de trabalho (contexto) sobre ela. Infelizmente, é o que temos por aqui! #BetaCodex #FreedomAtWork #WorkTheSystem #Descentralização #DemocraciaOrganizacional

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