DO ESTADO CRIMINOSO BRASILEIRO

CANUDOS

Dois episódios da história republicana mostram uma face criminosa do Estado brasileiro: Canudos e Contestados.

Uma versão metabolizada da Guerra de Canudos: latifundiários da região, unindo-se à Igreja católica mobilizaram o imaginário político republicano vulgar atacando Canudos como uma ameaça contra o poder local e o poder republicano no Nordeste. Na capital da república, o jornalismo fez uma campanha florianista de um povoado fortemente armado monarquista que se rebela contra a recém-criada República.

Canudos foi atacada pelo Exército brasileiro que após várias derrotas acabou destruindo o povoado do Bom Jesus. A guerra terminou com a destruição total de Canudos, a degola de muitos prisioneiros de guerra, e o incêndio de todas as casas do arraial. Um Estado militar assassino bárbaro assassinou quase vinte mil sertanejos e perdeu cinco mil soldados.

A Guerra do Contestado foi uma guerra civil camponesa em luta contra os representantes dos poderes estadual e federal brasileiro travado entre outubro de 1912 a agosto de 1916, numa região rica em erva-mate e madeira, disputada pelos estados brasileiros do Paraná e de Santa Catarina.

A fronteira entre os estados do Paraná e Santa Catarina recebeu o nome de Contestado por ter os camponeses contestado a doação que o governo brasileiro fez aos grandes capitalistas madeireiros e à Southern Brazil Lumber & Colonization Company. Como região deflagrada ficou conhecida como Contestado, pois, havia disputas de limites entre os dois estados brasileiros.

A guerra civil do Contestado pôs de um lado o Estado brasileiro e de outro o povo rural. O Estado “nacional” republicano urbano voltou suas armas contra os camponeses em uma luta que fez do Estado um Estado fático, um Estado sem lei. Trata-se da versão republicana criminosa do Estado brasileiro.

O Estado fático criminoso agiu durante a democracia getulista na década de 1930. A perseguição ao jornalista Carlos Lacerda na democracia getulista da década de 1950 acabou em um atentado ao jornalista que desencadeou a derrubada de Getúlio e seu suicídio. A face do Estado criminoso republicano tomou o poder em 1964. A ditadura militar é a continuação do Estado republicano criminoso que destruiu Canudos e o Contestado.

Com o regime de democracia liberal 1988, o jornalismo e seus companheiros intelectuais universitários criaram a ideologia política que ocultava a face criminosa do Estado republicano. O fim da era petista desfez a ideologia do Estado republicano 1988 dos direitos humanos.

Hoje, o Estado republicano criminoso age abertamente participando do assassinato de políticos de esquerda no Sudeste. No Norte, Nordeste e Centro-Oeste, o Estado brasileiro criminoso usa o método do assassinato político para conter a ascensão da esquerda brasileira em um sentido amplo.

O fato que é o signo da existência do Estado criminoso no Sudeste é o assassinato de uma vereadora do PSOL, no Rio, (uma emboscada feita em alta velocidade) em plena existência de uma paródia de governo do Comando Militar do Leste no estado do Rio de Janeiro. A face criminosa do Estado brasileiro se deixa entrever pela total incapacidade (ou falta de vontade policial) da polícia investigativa em descobrir os executores e os mandantes do crime. Um general encontra-se no comando da investigação policial.

O Estado criminoso brasileiro espera que o jornalismo esqueça o assassinato da vereadora Marielle e de seu motorista Anderson. Tal Estado quer fazer do jornalismo seu cúmplice no estabelecimento do método do assassinato político no Sudeste no ano eleitoral 2018.

A eleição 2018 começou com o velho Estado republicano assassinando Marielle Franco e Anderson.

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