Do Gambito da Rainha a Moneyball – Jogada de Risco
Xadrez Corporativo

Do Gambito da Rainha a Moneyball – Jogada de Risco

O que podemos extrair de conhecimento para aplicar aos negócios assistindo a estas duas obras?

Ao primeiro bater de vista no título, você deve estar pensando:

Que raios este maluco esta fazendo a associação de O Gambito da Rainha com Moneyball - Jogada de Risco?

A série é sobre uma criança com um passado conturbado.

Ela descobre um dom e com a ajuda de um mentor, passa por um processo de lapidação desta habilidade até partir em uma jornada em busca de ser a melhor, onde encontra aliados e enfrenta inimigos até provar do que é capaz.

Ao contrário da referida minissérie, o filme "Moneyball - Jogada de Risco" retrata o pequenino Oakland Athletics e Billy Beane (interpretado por Brad Pitt).

Um gerente esportivo de beisebol que enfrenta uma grande crise por conta do pouco orçamento que seu time possuia, e que mesmo assim surpreendeu o mundo do baseball ao conseguir destaque na Liga Americana contando com a menor folha salarial de todos os times profissionais.

No filme Beane é obrigado a se reinventar com a ajuda de um economista que possuia métodos pouco ortodoxos até então: basear a análise da eficiência dos jogadores na matemática, efetuando assim um cálculo dos atletas mais rentáveis e com alto potencial.

O longa busca mostrar justamente o "truque" que levou o time ao sucesso, e que passou a ser adotado por muitas outras esquipes da MLB (Major League Baseball) nos anos seguintes.

Ambas as obras possuem uma inclinação a jornada do herói.

E é neste ponto onde nossa correlação começa.

Imagine que o tabuleiro de xadrez é nosso ambiente de negócios.

O Mercado!

Aquele que se mantem no centro do mercado, ou próximo dele, esta mais apto e na vantagem de conquistar as melhores ofertas e ainda receber o maior valor sobre suas mercadorias.

No xadrez, O Gambito da Rainha é a resposta mais popular das brancas à Abertura Simétrica do Peão da Rainha e, de longe, o “sacrifício” de peão mais popular na teoria da abertura do xadrez .

O movimento 2. c4 ajuda o branco a lutar por uma vantagem de espaço no centro, que é um componente chave dos Princípios de Abertura.

Logo, conquistar o centro em seu mercado, e mantê-lo é o objetivo de todas as companhias.

Para que o objetivo traçado se torne aplicável, temos que pensar em estratégia e em conjunto dele a tática.

Eis aí a correlação entre as duas obras citadas acima.

A primeira ao abordar o Xadrez correlaciona o tabuleiro e as jogadas com o o ambiente a ser avaliado e estudado no campo da estratégia.

A segunda da ênfase na tática, utilizando de recursos da matemática e estatística para traçar os melhores cenários operacionais de acordo com a estratégia traçada.

"A estratégia sem tática é o caminho mais lento para a vitória. Tática sem estratégia é o ruído antes da derrota."

O famoso estrategista militar Sun Tzu postulou isso como uma lei.

Contudo, é costumaz a dificuldade em entender e diferenciar os conceitos de estratégia e tática.

Estratégia x Tática - o que é? Qual é a diferença entre os conceitos?

Tanto “Estratégia” quanto “Tática” têm origem militar.

O primeiro autor de Estratégia, Sun Tzu, diz que as táticas tratam do uso de força em combate, enquanto a estratégia foca nos combates como forma de se alcançar os objetivos (em um confronto militar, exemplo de Sun Tzu).

Trazendo para o ambiente de negócios, podemos citar como exemplo uma empresa que tem como estratégia a expansão internacional e deseja estabelecer em um novo mercado (digamos, uma multinacional brasileira a entrar na India ou no Vietnã). As táticas poderiam ir desde adquirir marcas ja estabelecidas na região, firmar parcerias com grandes varejistas, adquirir fabricas locais, ou mesmo tropicalizar o produto ou operação ao mercado de destino.

A estratégia exige que você olhe para o futuro e trace cenários, enquanto a tática mostrará os passos de curto prazo que o ajudarão a alcançar sua visão.

Algo essencial da estratégia é a necessidade de se alcançar uma sólida posição no mercado, por meio de crescimento e uma robusta seleção de produtos ou serviços, mantendo-se sempre focados em estar no centro do mercado.

Henry Mintzberg escreveu pela primeira vez sobre os 5 Ps da Estratégia em 1987, apontando os elementos centrais para o sucesso:

Podem ser baseadas em um plano bem definido(Plan): As ações estratégicas devem ser pensadas antecipadamente. São conscientes, racionais, e não feitas à base de achismos ou no afã de emoções.

Podem sugerir um Pretexto(Ploy): Tentativas para confundir, propositalmente, a competição. Por exemplo, uma cadeia de supermercados pode ameaçar expandir uma loja, para que um concorrente não se mude para a mesma área; ou, ainda, uma empresa de telecomunicações pode comprar patentes que um concorrente poderia usar para lançar um produto rival.

Excelência no Padrão(pattern): Deve ser trabalhada de forma consistente ao longo do tempo. A persistência e repetição ajudarão a alcançar os resultados.

Ajustando sua Posição(position): A relação entre a organização e o meio. Trata de como devo posicionar meus recursos de maneira a interagir de forma estratégica com o ambiente.

Criando Perspectiva(perspective): A forma como se enxerga o mundo. Como a organização e os envolvidos na estratégia atuam com visas a alcançar um comportamento diferenciado.

De forma intrínseca, as táticas devem se preocupar em fazer bom uso dos recursos da empresa – pessoas, tempo, ferramentas, capital, entre outros.

Por sua natureza, são mais específicas e imediatistas do que o direcionamento estratégico, onde sua preocupação é de contribuir, pouco a pouco, a cada ação, com o alcance dos objetivos organizacionais, conforme norteados pela estratégia.

Neste ponto, a dinâmica do jogo de Xadrez tem muito a ensinar aos líderes corporativos. Do planejamento ao aprendizado, muito do que acontece com as peças pode, de fato, se reproduzir no dia a dia da sua organização — e você sempre sairá na frente se estiver devidamente preparado.

E como o xadrez pode nos ajudar com isso?

Tenha sempre uma estratégia definida

Mesmo que você saiba pouco (ou quase nada) sobre as estratégias do jogo de xadrez, pode ser que a primeira coisa de que você se lembre, ao ser confrontado com informações sobre o jogo, seja a questão estratégica. A conclusão não poderia ser mais acertada: um bom enxadrista é, sem dúvida, um estrategista competente.

Para fazer frente à competitividade do mercado, você precisa saber exatamente quais peças devem ser mexidas. Equilibrar os custos ou despender um volume considerável de capital para novos investimentos, por exemplo, pode equivaler à decisão de avançar com o cavalo para uma casa perigosa ou mover um peão em uma jogada mais segura, porém com pouco efeito ofensivo.

O sucesso ou o fracasso do deslocamento vai depender da estratégia e do objetivo final.

Conheça profundamente as capacidades de cada peça

Nas estratégias do jogo de xadrez, cada peça possui características bem específicas. As torres, por exemplo, se movimentam apenas em linha reta, na horizontal e na vertical, sem que precisem se prender a um determinado número de casas.

O cavalo, por sua vez, tem o avanço restrito a quatro casas, reproduzindo um “L” independentemente da direção que assuma.

A rainha é a peça com mais liberdade, tomando qualquer direção que julgue conveniente.

O rei, cuja conquista representa a vitória do adversário, só pode caminhar uma casa por vez.

Nas empresas, a dinâmica é basicamente a mesma: no seu quadro de colaboradores, os perfis se complementam de acordo com a função que se propõem a executar.

O analista financeiro, por exemplo, tende a ser mais detalhista e analítico, focado em números e resultados práticos.

No departamento de Recursos Humanos, porém, é necessário contar com um time que seja capaz de trazer uma dose de sensibilidade às decisões, mantendo o engajamento da equipe.

Portanto, conhecer as potencialidades (e as limitações) de cada funcionário é um diferencial do xadrez que você deve levar para os negócios.

Esse tipo de conhecimento empodera suas decisões e agrega mais segurança à atribuição de responsabilidades, garantindo resultados mais perenes no médio e no longo prazo.

Estude os sucessos de quem é referência

Desde que se tornou popular, o xadrez já teve muitos nomes famosos. Garry Kasparov, da Rússia, é considerado o maior enxadrista de todos os tempos — e se tornou campeão mundial no esporte em 1985. Emanuel Lasker, da Alemanha, e Bobby Fischer, dos Estados Unidos, também figuram no hall da fama do xadrez, mas têm mais um ponto em comum: escreveram livros de sucesso sobre os meandros do jogo.

Para aqueles que desejam se sobressair no tabuleiro, os best-sellers podem ser um excelente ponto de partida. Para os gestores que querem se destacar na função, favorecendo o crescimento exponencial de suas operações, o estudo das referências do mercado também desponta como uma opção profundamente viável. Ao estudar os sucessos — e mesmo os fracassos — de quem enfrentou desafios semelhantes no passado, você se sente mais preparado para lidar com os impasses do seu cotidiano profissional.

No panorama corporativo, no qual erros e acertos também são corriqueiros, vale adotar a prática: um bom benchmarking pode evitar a repetição de erros e, assim, maximizar os retornos de novas iniciativas.

E nisso os dados são a matéria-prima. Neste ponto, o filme "Moneyball - Jogada de Risco" apresenta inumeros eventos que podem ser trazidos para a realidade dos negócios

Acelere a recuperação após imprevistos

O xadrez é uma batalha estratégica entre duas mentes focadas em um objetivo comum, ainda que em lados opostos: a vitória. Como não existe meio termo, só uma delas pode ganhar — e, por isso, a competitividade é elevada a níveis altíssimos.

Por mais que a estratégia tenha sido definida previamente, os imprevistos fazem parte do jogo. É possível que você tenha planejado uma sequência de movimentos e, em algum momento, sem que sequer tenha se dado conta de que corria perigo, você perca uma peça fundamental à jogada. Não há tempo para entrar em pânico: é preciso se recuperar da perda e reformular o direcionamento no próximo avanço.

A situação parece familiar?

Você não foi o sorteado! Trata-se de uma condição recorrente no ambiente corporativo. O ambiente de negócios é dinâmico, e altamente mutável. Mesmo que você tenha elaborado um bom plano e mobilizado todos os recursos necessários à execução dele, pode ser que uma parte indispensável do projeto seja perdida de um dia para o outro.

Logo, diminuir a sangria através da reformulação da tática e ação rápida seja a melhor decisão.

A capacidade de errar rápido e reagir rápido é, atualmente, uma das qualidades mais importantes ao mundo dos negócios.

Isso não significa, todavia, que você deve se expor ao que é imprevisível: certifique-se de manter todas as rotinas de controle com constância e firmeza, como se a vida do rei — a peça mais emblemática do xadrez — dependesse disso.

Prepare-se para alguns sacrifícios

Ninguém, seja enxadrista ou gestor, tem a intenção de sair perdendo. No entanto, alguns déficits, desde que controlados e profundamente conhecidos, podem fazer parte da prática ao tabuleiro ou, é claro, da jornada empresarial.

Afinal, é difícil acumular apenas vitórias (e ganhos) ao longo da construção de uma carreira de sucesso, né?

As estratégias no jogo de xadrez incluem sacrifício. Ao decidir fazê-lo, o jogador se coloca propositalmente em posição de desvantagem material, permitindo que o adversário tenha algum ganho imediato.

Não se trata, porém, de uma perda infundada: existe uma estratégia por trás da jogada e o intuito é construir um cenário altamente propício à vitória alguns movimentos adiante.

Nos negócios, os sacrifícios também podem endossar os planos de crescimento.

O ensinamento do xadrez, neste caso, diz respeito à consciência e ao planejamento. Em qualquer contexto, tenha um direcionamento claro e uma tática consistente para superar os eventuais desdobramentos — e desafios — da sua decisão.

O sucesso nos negócios estão diretamente ligados a maneira como administramos e balanceamos as estratégias vs. tática.

Não devemos de forma alguma, menosprezar a vantagem que hora um ou outro competidor tenha recebido de um contexto externo fora de nosso controle, todo o caso, o nosso sucesso está intimamente ligado a nossa habilidade em tomar as decisões estratégicas e táticas no grande tabuleiro de xadrez que são os mercados, governos, corporações e etc.

Tais conhecimentos e habilidades, podem ser aplicadas em todos as esferas de nossas vidas. Quanto mais consigamos aperfeiçoa-las, mais chances criamos de controlarmos o centro do tabuleiro e tomarmos vantagens independente do cenário que encontramos.


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