Do que Lisboa não precisa
Enquanto Presidente da Câmara de Lisboa estou fortemente empenhado em tornar a cidade neutral do ponto de vista carbónico até 2030.
Exemplos desta ambição são a gratuitidade dos transportes públicos para os mais velhos e os mais novos que entra em vigor já a partir do verão ou o programa Lisboa Solar que permitirá aproveitar as coberturas e telhados da cidade de Lisboa para produção descentralizada de energia solar em unidades de autoconsumo. Ou ainda a mudança gradual da iluminação pública para lâmpadas LED em toda a cidade.
Mas do que a capital não precisa seguramente é de medidas avulsas, precipitadas e não consensualizadas que mais parecem ações de cosmética ambiental sem qualquer estudo ou sustentação. Refiro-me à recente aprovação, pela oposição na Câmara Municipal de Lisboa, de uma proposta que pretende uma diminuição de 10 Km/h na velocidade máxima em todas as artérias da cidade e o encerramento ao trânsito na Avenida da Liberdade (e noutras artérias) todos os domingos e feriados.
Este é um exemplo de como alguns continuam a fazer política de costas voltas com a cidade. E é, infelizmente, um exemplo claro de que, para não deixarem governar quem venceu as eleições, estão disponíveis para prejudicar a cidade e a vida dos lisboetas. Sem terem falado com ninguém nem procedido a quaisquer estudos.
E a verdade é que, de acordo com o que acaba de ser estimado por uma consultora internacional, uma redução da velocidade máxima em toda a cidade pode ter um impacto de 200 milhões de euros por ano, uma vez que vai prolongar os tempos de viagem em Lisboa, fazendo com que cada veículo gaste mais quase 29 horas nas suas deslocações nesse período.
Recomendados pelo LinkedIn
Pois eu quero saber mais. Quero ouvir as pessoas. É por isso de enaltecer a disponibilidade da Ordem dos Engenheiros para avaliar os custos, inclusivé ambientais, de uma tal medida. É que, como afirma o seu Bastonário, “se os carros andam mais devagar, o tempo de poluição aumenta” porque os veículos passam mais tempo no local.
E o que dizer do fecho da Avenida da Liberdade aos domingos? Depois da malograda iniciativa Zona de Emissões Reduzidas (ZER) na Baixa e das experiências pontuais do fecho da Avenida, feitas pelo anterior executivo municipal, aconselhar-se-ia mais ponderação e diálogo. Mas não foi o que sucedeu. Esquecendo abruptamente as suas próprias dúvidas passadas quanto à eficácia de tal solução, alguns vereadores da oposição deram luz verde a esta proposta sem quaisquer estudos ou auscultação de comerciantes, restaurantes, hotéis ou salas de espetáculos. Resultado: de acordo com as primeiras estimativas, esta medida pode provocar uma redução de quase 20% naquelas atividades.
Estamos a falar de 80 lojas, de 15 hotéis, de dezenas de restaurantes e de oito mil pessoas que frequentam as salas de espetáculos ao fim de semana. Alguém falou com eles antes? Com as juntas de freguesia? Infelizmente, não. E como agora alertam todos estes empresários, esta medida pode significar centenas de despedimentos!
No que me respeita não estou disponível para dar seguimento a tal proposta sem uma verdadeira avaliação dos seus impactos. No momento em que a cidade começa a evidenciar sinais de retoma económica depois da pandemia, o que menos precisa é que os políticos lhe criem problemas artificiais.
Lisboa já transformou um terramoto numa oportunidade para reconstruir a sua Baixa segundo os modernos ideais iluministas. Já superou um terrível incêndio fazendo renascer o Chiado. Já venceu a pandemia com a resiliência dos seus agentes económicos. O que não necessita seguramente é que haja quem queira travar a sua recuperação com a imposição de medidas impensadas saídas de uma qualquer cartilha radical e voluntarista.
--
1 aLISBOA NÃO PRECISA DE TANTAS ESPLANADAS, RUAS CADA VEZ MAIS ESTREITAS PARA DAR LUGAR A MAIS MESAS E CADEIRAS DIFICULTANDO CADA VEZ MAIS A CIRCULAÇÃO DOS TRANSEUNTES, TEM QUE HAVER MAIS FISCALIZAÇÃO A JUNTA AO QUAL PERTENÇO ESTÁ PÉSSIMA, APRESSANDO-SE SEMPRE A CULPAR A CÂMARA, JÁ DISSE À PRESIDENTE SE TEM DÚVIDAS NOS ERROS QUE LHE APONTO SÓ TEM QUE ME ACOMPANHAR, E CASO PARA DIZER ( FEIOS,PORCOS E MAUS ) SR.PRESIDENTE QUE TANTO ESTIMO, CASO ACEITE ESTOU DISPOSTA A DISPENSAR ALGUM TEMPO PARA O ACOMPANHAR, JÁ QUE A PRESIDENTE IGNOROU O QUE LHE DISSE HAJA ALGUÉM QUE DEITE MÃOS A TODA A IM COMPETÊNCIA QUE REINA NESTA CIDADE SÓ PARA TENTA-LO CULPAR....ALERTA É O QUE SE DESEJA!!
Responsável da Gestão de Resíduos Mercadona Portugal
2 aApostem na revitalização e recuperação da Avenida da Liberdade. Os passeios estão um desastre, os jardins dão pena.
Procurement & Management Fleet Leader Iberia Ground & Rail
2 aCoragem nas decisões. Não obstante, as soluções devem assentar em várias medidas. A descarbonizaçao não é só fechar o trânsito poluidor. É desde logo comunicar com a população de forma clara quais os benefícios. Redes sociais, outdoors, media, etc etc. Tamos de formar uma corrente de opinião positiva e favorável para que os "naftalentos" não vençam nem hipotequem a cidade.
Climate Research Lead
2 aA elaboração e comunicação de políticas com vista à neutralidade carbónica devem ser complementadas com a monitorização periódica das emissões de CO2 em Lisboa. Seria bom mostrar aos Lisboetas o presente alinamento/desalinhamento das emissões da cidade com a trajectória necessária para a neutralidade carbónica em 2030. Avaliando todos os meses desde 1 Jan de 2019 até 31 Dez 2021 verificamos que em vários sectores o alinhamento é fraco ou inexistente. No sector dos transportes rodoviário o desalinhamento entre as reduções mensais necessárias e as emissões observadas atinge já as 206Kt de CO2! É importante contextualizar pois se medidas como transportes públicos para estudantes e maiores de 65, e outras que certamente existem são capazes de significativamente reduzir as emissões deste sector? Só com uma monitorização constante é possível atingir um alto nível de transparência e coerência entre medidas e efeito, discurso político e meta climática. Já agora, no caso de emissões associadas com consumo de electricidade o desalinhmento é bem menor, o mesmo poder ser dito no caso de edifícios e serviços. No entanto o relógio não pára e cada mês adicional de desalinhamento coloca em causa a meta de neutralidade em 2030.