A doação de cestas com as pessoas no centro da ação

Quando o isolamento e o distanciamento social foram incorporados em nossas vidas, em março, já imaginávamos que ali iniciava um período repleto de desafios, que exigiria de cada um de nós uma postura sensível a todas as questões que nos seriam apresentadas.Uma das iniciativas mais louváveis e recorrentes naquele contexto foi a mobilização para a doação de cestas básicas às pessoas que teriam sua fonte de renda prejudicada. Por sua vez, algo que chamou a atenção de todos nós da CDM, foi a necessidade de qualificarmos estas cestas com itens saudáveis, como legumes e verduras. Aí ficou clara a importância de sempre refinarmos o olhar para as situações que nos são apresentadas, pois o que inicialmente seria apenas uma ação de auxílio emergencial, aprimorada, de olho na saúde alimentar, tornou-se uma ação ainda mais abrangente, de valorização das pessoas e seu território.Assim, a CDM operacionalizou a doação de cestas em Sete Lagoas, a partir do olhar para a realidade local, compreendendo que a necessidade das pessoas exigia mais que itens básicos de alimentação. Tendo isso em vista, foi feita uma articulação com produtores da horta comunitária do bairro Cidade de Deus em Sete Lagoas, que ficariam responsáveis pela produção dos kits da horta. Este movimento foi muito significativo, pois, por ampliar a renda destes produtores locais, a ação valorizou estes pequenos negócios, proporcionando o empoderamento destas pessoas, que passaram a ver organizações e empresas como clientes. O envolvimento dos produtores foi tamanho que a horta adequou sua produção à nova demanda. Se antes o plantio era principalmente de folhosas, como salsinha, couve e cebolinha, após nosso contato, foram produzidas mandioca, abóbora, abobrinha e inhame, o que interferiu, inclusive, na sistematização das entregas e na formação dos kits, compostos por itens de cada época – sem agrotóxico e em maior escala. Além disso, o momento da montagem e da distribuição das cestas é um dia de festa. O envolvimento é tão grande que os produtores fazem a colheita no mesmo dia, na madrugada, só para entregar itens com um nível de qualidade excelente.

Não bastasse a efetividade da ação, o melhor de tudo é que os beneficiários percebem e valorizam todo este esforço, cuidado e dedicação – ainda mais por serem da mesma comunidade, além de conhecerem a horta e os produtores envolvidos. Nas casas, a chegada das cestas é um momento de confraternização e festa, de troca, encontro e criatividade, com a criação de receitas variadas – uma alegria só. Nossa satisfação é perceber que as cestas mobilizam a comunidade, não apenas satisfazem as pessoas de comida, mas de afeto e do desejo de encontro; pois há todo um percurso do alimento, desde a horta à mesa das pessoas – proporcionando atenção, carinho, cuidado e a valorização de iniciativas locais. Esta é a maior prova de que quando as pessoas são colocadas no centro das ações, a resposta é sempre positiva, recorrente e eficaz, motivando-nos a seguir adiante.