A doença do século XXI: Como Smartphones e Redes Sociais se tornaram a causa dos problemas mentais que está mais presente no cotidiano das pessoas.

A doença do século XXI: Como Smartphones e Redes Sociais se tornaram a causa dos problemas mentais que está mais presente no cotidiano das pessoas.

Na história da humanidade, tivemos vários surtos de doenças, peste negra, malária, poliomielite, tuberculose, todas elas, após muitas pesquisas e trabalho conjunto entre os cientistas, tiveram sua vacina para erradicar a doença e sua prevenção é feita até hoje pelos postos de saúde, sendo obrigatório a vacinação desde pequeno.

Hoje em dia as pessoas vivem mais do que a vinte anos atrás, graças a evolução da medicina, porém, hoje temos um problema bem diferente, nossa mente. A preocupação que tínhamos e temos com a saúde de nosso corpo deve-se voltar agora para a nossa saúde mental, depressão, ansiedade e nervosismo se tornou algo comum no nosso cotidiano, e um grande causador disso é o mau uso dos smartphones e das redes sociais.

Como tudo começou?

As redes sociais existem a milhares de anos, o que ocorreu durante todos esses anos até agora foi a evolução das tecnologias de comunicação, da escrita e dos correios até a internet e a primeira rede social online.

A primeira rede social como conhecemos hoje, com perfis e mensageiros, surgiu em torno de 1985 à 1997, com o America Online (AOL). Em 1994 surgiu o GeoCities, com o objetivo de facilitar a criação de páginas da internet para os usuários, esse serviço chegou à 38 milhões de usuários e foi vendido para a Yahoo!

O aumento do uso da internet pela maioria das pessoas ocorreu por volta dos anos 2000, isso se dá devido a facilidade de acesso a computadores e a internet pelas pessoas, com isso há um aumento significante do uso da internet no cotidiano das pessoas, tanto no trabalho quanto em casa.

Desde então, novas redes sociais foram criadas, sempre permitindo o compartilhamento de informações entre os usuários, permitindo que as pessoas conversem entre si, encontrem ou conheçam outras pessoas sem a necessidade de estarem perto um do outro.

Os Smartphones e a facilidade de acesso a internet

Os smartphones como conhecemos hoje surgiu com a Blackberry em 2002, e chegando em 2007 tivemos o iPhone da Apple, e em 2008 a Google lança o Android, que é o Sistema Operacional para Smartphones mais utilizado atualmente.

Os smartphones podem ser chamados de computadores de bolso, a uns dez/quinze anos atrás, ter um computador em casa era para poucas pessoas, hoje em dia a maioria das pessoas tem um smartphone, que possui uma capacidade de processamento bem superior aos computadores daquela época.

Os smartphones facilitaram o acesso a diversas tecnologias, dentre elas as redes sociais, que estão de fácil acesso a todos os usuários de smartphone com apenas um toque.

O excesso e as consequências

Essa facilidade não veio de graça, segundo a neurocientista cognitiva americana Maryanne Wolf, hábitos digitais estão 'atrofiando' nossa habilidade de leitura e compreensão, o fato de lermos cada vez mais em telas, em vez de papel, e a prática cada vez mais comum de apenas "passar os olhos" superficialmente em múltiplos textos e postagens online podem estar dilapidando nossa capacidade de entender argumentos complexos, de fazer uma análise crítica do que lemos e até mesmo de criar empatia por pontos de vista diferentes do nosso.

Além disso, desenvolvemos doenças como a Síndrome do Toque Fantasma que consiste em sentir o aparelho vibrar ou tocar sem ter recebido ligação ou notificação alguma, desenvolvemos também a Nomofobia que é a ansiedade causada pelo distanciamento do celular ou devido a falta de bateria do aparelho, dentre diversas outras doenças causadas pelo uso demasiado do aparelho.

Smartphones e a facilidade de acesso às redes sociais

As redes sociais são espaços virtuais onde grupos de pessoas ou empresas se relacionam através de mensagens ou compartilhamento de informações, dentre outras coisas.

Existem diferentes redes sociais, cada uma com um propósito e público alvo específico, as mais famosas atualmente são o Twitter, Facebook, Instagram, WhatsApp, Snapchat, LinkedIn, Tinder e outras...

Nos últimos anos, as redes sociais vem tomando seu espaço no nosso cotidiano, sendo essencial hoje em dia para divulgar sua marca e seus negócios, e também para encurtar distâncias e manter contatos com pessoas conhecidas substituindo a carta, os e-mails e até as ligações, elas servem até mesmo encontrar novas pessoas e fazer amizades.

Porém, junto com as redes sociais e sua facilidade de acesso por meio dos smartphones, veio também as consequências do uso excessivo das mesmas, parte da culpa é das próprias redes sociais, por serem desenvolvidas com o propósito de manter as pessoas conectadas a ela, e a outra parte da culpa é dos usuários, por não se policiar no uso das mesmas.

As redes sociais, através dos smartphones, vem mudando sua LOGO, que é também seu ícone nos aplicativos para cores mais chamativas, pois estudos mostram que temos uma tendência a tocar o que nos chama a atenção, um exemplo disso é a evolução do ícone do Instagram:

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As notificações das redes sociais no smartphone também são usadas para manter o usuário entretido e conectado, com o tempo, mesmo sem o smartphone tocar, você já estará de pouco em pouco tempo verificando se tem novas notificações ou não.

As pessoas vem passando horas e horas nas redes sociais, postando de tudo um pouco e se tornando dependentes dos likes para se sentirem acolhidos, tornando-se dependente das outras pessoas para se sentirem bem consigo mesmas, e quando não conseguem, tendem a sofrer ataques de ansiedade.

Outras pessoas utilizam as redes sociais para discutir assuntos polêmicos, como política, religião e até futebol, muitas vezes atravessam o limite da discussão construtiva e saudável e começa a ofender, xingar e disseminar o ódio.

A consequência disso é o aumento da insegurança, violência, frustração, potencialização da baixa autoestima, depressão, e pode levar até ao suicídio.

Além disso, o vício nas redes sociais está tornando as pessoas mais distraídas, pois elas ficam focadas nos smartphones e esquecem do ambiente a sua volta, um estudo feito pelo City Observatory em junho de 2019 constatou que os motoristas dos Estados Unidos estão matando três vezes mais pedestres do que em outros lugares, e a causa pode ser a distração tanto dos pedestres quanto dos motoristas por conta do uso excessivo dos smartphones.

Com o grande uso das redes sociais pelas pessoas, e a quantidade de informações que elas oferecem de bom grado para as redes sociais, atraem a atenção de empresas como a Cambridge Analytica, que vêem uma oportunidade para coletar essas informações, trabalhar os dados para identificar o perfil de cada usuário e enviar notícias específicas para manipular a opinião pública.


No caso do escândalo da Cambridge Analytica, foi utilizado para influenciar a opinião política, muitas vezes, através de notícias falsas.

Fake News Mata! Entenda o poder de uma notícia falsa.

Notícias falsas ou Fake News como é conhecido atualmente, são notícias mentirosas divulgadas principalmente nas redes sociais que apelam para o emocional do leitor, elas são publicadas como se fossem notícias reais, o objetivo na maioria das vezes é legitimar um ponto de vista ou prejudicar uma pessoa ou grupo, normalmente figuras públicas.

As notícias falsas tem um grande poder viral,ou seja, se espalham rapidamente, pois as pessoas costumam compartilhar/encaminhar/postar sem nem mesmo confirmar se a notícia é mesmo verdadeira ou não. O seu poder de persuasão é maior em população com menor escolaridade e que dependem das redes sociais para obter informação. Porém, pode atingir também pessoas mais cultas, pois a força das notícias está ligada ao viés das pessoas.

No caso envolvendo a Cambridge Analytica, as notícias falsas foram direcionadas para todos os usuários do facebook, cada notícia enviada para o perfil específico do usuário, que foi montado a partir dos dados coletados. As pessoas tendem a acreditar e prestar atenção naquilo em que elas já acreditam, reforçando sua opinião sobre determinado assunto, quando o que elas acreditam é reforçado, a tendência é elas acreditarem sem conferir se aquilo é mesmo verdadeiro ou não. Segundo um levantamento feito pela Folha de São Paulo, as páginas de Fake News têm maior participação dos usuários de redes sociais do que as de conteúdo jornalístico real, mostrando o poder viral que as notícias falsas possuem atualmente.

Uma consequência do poder de destruição das notícias falsas é o caso da África do Sul, onde envolveu notícias falsas com negacionismo, um cientista chamado Peter Duesberg, pesquisador de bastante renome em câncer, defendeu a idéia de que a AIDS era causada pelo uso de drogas e não pelo HIV, essa ideia foi aceita pelo presidente da África do Sul Thabo Mbeki entre 1999 e 2008, ele suspendeu a distribuição de medicamentos contra HIV, incluindo o medicamento que impedia a transmissão do vírus das mães para os bebês, facilitando o surgimento de muitos novos casos de HIV e AIDS, essa política foi responsável pela morte de mais de 330 mil sul-africanos, ou seja, uma Fake News foi responsável pela morte de 330 mil pessoas!


As redes sociais criaram uma grande bolha

Recentemente, no Twitter, foi feito um estudo onde foram analisados mil perfis no Twitter, o experimento foi chamado de GPS Ideológico, onde é possível observar que as pessoas tendem a seguir aquelas que pensam como ela, ou seja, em sua rede social a única opinião que ela verá é de pessoas que pensam como ela, afirmando seu pensamento.

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Mas qual é a consequência disso? Por conta disso, a possibilidade de você acreditar em uma Fake News que reafirma seu modo de pensar é enorme, e você estará fechado para o pensamento contraditório, pois dificilmente irão perfurar sua bolha.

Estou doente, o que fazer?

Saber que está doente é o primeiro passo, pois para tomar as providências é preciso antes de tudo entender que ficar ansioso por estar sem o celular não é normal.

A maioria dos usuários de redes sociais não sabem dos problemas causados pelo excesso de uso e pela desinformação causadas pelas redes sociais e smartphones, cabe aqueles que entendem os problemas causados trabalhar na conscientização da população, pois uma vez sabendo dos problemas, fica mais fácil evitar o uso excessivo da tecnologia.

Jaron Lanier, famoso cientista da computação, vem alertando através do TED Talk os problemas decorrentes do uso excessivo das redes sociais, inspirando canais do YouTube, como o Meteoro Brasil a falar sobre o assunto. Conscientização é o primeiro passo para que as pessoas entendam e procure se policiar a respeito.

Não é necessário excluir as suas redes sociais, mas o que se deve fazer é desativar suas notificações no smartphone, deixar todos os ícones das redes sociais afastadas da tela inicial, deixar o celular na mochila ou na bolsa, tentar sair pra passear no parque sem smartphone, enfim, fazer com que você seja o dono do smartphone e não o contrário.

No começo será difícil, você vai sentir muita ansiedade e necessidade de estar com o celular em mãos para ver se tem novas notificações, como se você não pudesse ficar uma, duas ou três horas sem aquilo, parecido com um dependente quimico, mas com o tempo essa necessidade irá passar, e você irá ter maior controle sobre a tecnologia.

Referências:



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