A Dor é Necessária?
Alex Tresniowski, no artigo “The Girl Who Can’t Feel Pain” (“A Menina Que Não Pode Sentir Dor”) da revista People, de 24 de Janeiro de 2005, conta a historia de uma garotinha chamada Ashlyn. Ela é descrita como uma criança incrivelmente feliz, ávida e cheia de energia. De acordo com a mãe, Ashlyn tem o melhor sorriso do mundo e de acordo com a professora do jardim ela vai destemidamente como primeira em todas as coisas. De muitas maneiras ela é uma amável e típica criança de cinco anos. Mas Ashlyn é uma de apenas 50 pessoas no mundo com uma condição genética que a torna incapaz de sentir dor. Ela pode sentir o toque de uma mão ou cócegas, mas não sente dor ou temperaturas extremas.
Os pais de Ashlyn são acostumados a ser perguntados por que tal condição é assustadora. Sua resposta vem com a marca da experiência: A dor existe por um motivo. Quando ela começou a andar eles tiveram que cobri-la com protetores usados pelos atletas por causa de todos os problemas que ela causava aos braços e pernas que não conheciam o medo. Ela perdeu oito dentes e fez um buraco no olho sem derramar nenhuma lágrima. Uma vez ela chegou reclamando que não conseguia tirar a sujeira da pele. Mas não era sujeira. A garotinha estava coberta com centenas de formigas de fogo. Ao final da historia, um dos pais, de coração partido diz: “Daria qualquer coisa, absolutamente qualquer coisa, para que Ashlyn sentisse dor”.
Em um mundo que busca intensamente evitar a dor, onde filósofos questionam a respeito do motivo pelo qual Deus nos permite sofrer, a história de Ashlyn e a declaração sofrida de seus pais nos trazem a uma realidade que para alguns pode ser chocante: A dor é necessária.
Quando não percebemos ou somos intolerantes à dor nos tornamos como crianças mimadas, sem limites, que não sabem lidar com a frustração. Como trens desgovernados destruímos a nós, nossos colegas, nossas famílias.
Há casos de pessoas que contaminam e envenenam os times, que não tem humildade para reconhecer os avisos dos superiores ou dos colegas. CEO’s e donos de empresas, supervisores e colaboradores presos a práticas danosas que não percebem o que acontece ao redor e se cercam de pessoas que nunca dizem a verdade.
Normalmente os avisos chegam antes e quando não atentamos a eles, a dor pode vir da perda do emprego, da falência do negócio, de quando somos colocados em segundo plano em uma promoção, quando alguém próximo morre, quando um projeto não dá certo, quando o feedback parece ser injusto, o aumento ou a promoção esperada não chegam.
A criança busca os pais quando sente dor. Assim ela nos lembra de que somos limitados e é nesse ponto que precisamos deixar toda a nossa autossuficiência, parar, olhar para trás e reconhecer com humildade onde erramos. É momento de sentar, replanejar, pedir perdão, buscar ajuda, relacionar-se e até quebrar paradigmas.
A dor é necessária porque nos aponta os perigos que nos cercam, que algo está errado. Com ela aprendemos e amadurecemos. Você está disposto a mudar?
Adaptado de "A Menina Que Não Sente Dor" - Luiz E. F. Freitas
Diretor de TI l Executivo de TI | CTO | CISO
5 aÓtima reflexão Freitas, a dor é necessária para seguirmos em frente.