A dor da ausência de si
Que a vida um dia acaba, disso todos nós sabemos. Mas antecipar o processo gera perdas. Sim, a perda não é unicamente de quem a tira e sim de todo um meio que poderia ser tão beneficiado com a presença daquele Ser. Todos nós gostamos e temos paciência com o belo, o saudável e o promissor e esse é sem dúvida um caminho mais fácil de convívio. Mas quando nos relacionamos com alguém em grande desequilíbrio, o convívio passa a ser muito difícil e se não procurarmos ajuda especializada o caminho a seguir poderá ser de muitas confusões, tentativas frustradas de ajuda, reclamações sem fim, até o abandono da pessoa em questão. O importante é a prática do olhar sem julgamento, ou seja, respeitando as dúvidas, angústias e insatisfações genuínas dela. Hoje, uma pessoa pode estar numa fase ruim, mas recuperada poderá se tornar aquele Ser belo e saudável que tanto admiramos, sem nos darmos conta de que um dia já tenha sido doente e que se viu sozinho, no meio de uma confusão sem fim, sem saída. Efetivamente, nós nunca sabemos quanta dor pode estar contida por trás de um sorriso social. Uma dor emocional não deveria ser ignorada assim que fosse sentida como vemos acontecer diariamente. Na correria do dia a dia, vemos que o procedimento normal é intitulá-la por um apelido, manha, frescura, preguiça e deixa-la atrás de uma longa lista de afazeres mais importantes. Ouvi de uma amiga psicóloga um dia que fazemos seguro de tudo, do carro, de vida, da casa, menos o seguro emocional. As dores geralmente não começam pela sua fase aguda. Elas vão dando sinais de que podem se tornar uma bola de neve até chegar ao ponto de a pessoa ser engolida por ela. Não deixemos que nossas dores cresçam a ponto de nos engolir. Somos maiores que as nossas emoções. Elas estão para nos servir e não o contrário. Qualquer dor, por mínima que seja, precisa ser olhada com afeto e atenção. Coragem! Dê atenção para a sua dor principalmente enquanto estiver pequena. Num momento mais calmo do seu dia a dia, pergunte-lhe por que está lá, de onde vem e o que você deve fazer para ficar bem. Existe uma inteligência maior dentro de cada ser humano e ela nos responde muitas vezes sem intérpretes. Acredite, a resposta vem! Mas se tiver dificuldade com isso, procure um profissional especializado que possa lhe auxiliar nessa jornada. Quando compreendemos o que nos faz feliz, ficamos bem com nós mesmos e ficando bem com nós mesmos, tudo se encaixa harmoniosamente a nossa volta. A vida conhece a vida e não conhece a morte. O autoextermínio não é a solução e a morte em si não significa solucionar algo. O suicídio por sua vez continua sendo um ato de fuga. Quando falamos de suicídio, estamos falando de uma dor muito profunda que pode ser tratada. Ninguém quer morrer, todos queremos ser felizes, realizados e prósperos e isso é possível.
O “Setembro Amarelo” está aí para nos alertar desse desperdício de talentos, de potencial criativo, de riqueza de vida que pode estar andando de calça jeans a nossa volta todos os dias. Segundo a OMS- Organização Mundial de Saúde perdemos uma pessoa por suicídio a cada 40 segundos. O que é lamentável, porque se todos tivessem a consciência de que toda essa riqueza de talentos está dentro de si, como uma semente com o potencial de ser uma imensa árvore um dia, não haveria espaço para a desesperança e sim, possivelmente para o amor-próprio. Porque o maior remédio para a desesperança ou qualquer mal, ainda é o AMOR. Praticar o amor é revitalizador, nutritivo e espalha a vontade de viver.
Nós podemos ajudar essas pessoas tão a margem do abismo da depressão de várias formas:
· Mostre que você se importa com a pessoa doando o seu tempo para aquela causa. E esse é um lindo ato de caridade, solidariedade e compaixão. Procure um lugar tranquilo para conversar de forma calma e atenta com a mente aberta, sem julgar. O problema pode ser simples para nós, mas para ele é uma questão gigante, também agravada pelo sintoma da depressão constante nesses casos.
· Acompanhe, fique em contato, mande mensagem, pergunte o que está fazendo e como está se sentindo.
· Incentive a pessoa querida a buscar ajuda profissional, se oferecendo para acompanhá-la.
· Fique de olho, se há perigo imediato, não a deixe sozinha e certifique -se de que ela não tenha como provocar a própria morte.
Por último, mas não menos importante, olhe para você e sinta se está em condições de ajudar. Todos queremos, e isso é louvável, mas temos que ter em mente o tamanho dessa responsabilidade. A autoanálise é fundamental. Um suicida em potencial se sente muito só, perdido, tem muita dor, não tem energia o suficiente para lutar a seu favor, se sente psicologicamente e fisicamente enfraquecido. Não vê horizonte ou solução para os seus problemas, está descrente de tudo e nós estarmos ciente disso é fundamental para quem está disposto a ajudar. Abaixo, deixo sugestão de alguns órgãos especializados que poderão dar uma maior orientação sobre o assunto. Por aqui me despeço deixando meu ato de solidariedade em forma de informação. Beijos e até breve!
· Centro de valorização da vida
CVV- setembroamarelo.org.br
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Ligue 188 gratuitamente em todo território nacional 24h.
· ABP- Associação brasileira de psiquiatria setembroamarelo@abp.org.br
Cartilha- Cartilha suicídio como prevenir
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Tel:(21)2199-7500