DOZE NOVIDADES

DOZE NOVIDADES

 

Nos dias 16 e 17 de abril a ABRALEITE realizou o Segundo Fórum Nacional do Leite, em Brasília, na sede da Embrapa. O evento veio cheio de novidades. A primeira delas é que me lembrou os Congressos Internacionais do Leite, que a Embrapa Gado de Leite fez durante muitos anos, por mais de uma década. Creio que você já deve ter tido oportunidade de participar deles. Era itinerante e trazia abordagens interessantes, sempre novidades. Neste da ABRALEITE sete pesquisadores da Embrapa palestraram.

Pois, apesar de trazer no nome o termo Nacional, o evento da ABRALEITE teve como novidade ser internacional. Teve apresentação de americano, argentino e suíço. E, dos 23 palestristas, pelo menos doze já fizeram apresentações em outros países. O americano explicou como impactar menos o ambiente com o manejo dos animais, o Argentino falou de biosseguridade e o suíço sobre o futuro do leite na Europa.

O local escolhido pela Abraleite para a realização do evento foi a terceira novidade. Afinal, não me lembro de uma entidade que representa um setor ter feito um evento na sede da Empresa de maior credibilidade tem em todo o mundo, quando o assunto é tecnologia para o agronegócio nos trópicos. E, para a surpresa da Embrapa, a quarta novidade é que o evento presencial rompeu a barreira dos 500 inscritos, vindos de vários estados do Brasil.

Logo no início do evento, houve um painel temático que, por si somente, trouxe três novidades. Então, a quinta novidade foi o tema tratado. Afinal, Saúde Única e biosseguridade foram discutidas pela primeira vez no Brasil em um evento de produtores de leite. E você precisa saber o que é isso!

Eu fico feliz em ter visto a sexta e a sétima realizadas, porque iniciaram quando ainda eu era chefe-geral da Embrapa Gado de Leite. A sexta novidade foi saber que o Brasil passa a ter um pacote tecnológico disponível gratuitamente para produtores que queiram assegurar que o leite, os animais e as pessoas envolvidas com a produção estarão protegidas de contaminações de todo o tipo, se adotarem os procedimentos.

A sétima novidade é o arranjo criado para se chegar a este pacote tecnológico, resultante da parceria da Embrapa Gado de Leite, com a Boheringer e as fazendas Colorado e Santa Luzia. Esse arranjo é o que chamamos de inovação aberta, ou seja, produtor, empresa e pesquisador reunidos e se ajudando mutuamente para gerar uma solução inovadora.

Vivemos tempos bicudos, em que se valoriza discursos de posições extremas. Muitos somente querem conversar sobre o que acreditam, e não aceitam o contraditório. Pois, o Fórum da Abraleite trouxe a oitava novidade, ao colocar dois produtores muito diferentes para falar de soluções convergentes. Makoto Sekita é um grande produtor de beterraba, cenoura e alho. Portanto, faz uso de...agrotóxico. Já Joe Valle tem produção orgânica de hortaliças. Makoto tem gado puro holandês, Joe, muito mais pra Zebu. Makoto gosta de free stall, de compost. Já Joe prefere gado a pasto. Um é grande, outro pequeno. Mas, ambos sabem usar os dejetos como recurso para produzir. E ambos sabem ganhar dinheiro com leite. Que aprendizagem nos deram!

A nona novidade foi a apresentação de fontes alternativas de energia, com soluções distintas, do tipo biogás e energia solar. Em si, isso não é novidade. Mas, apresentada num mesmo evento para produtores de leite? Ah! Isso é!

A décima novidade foi trazer para o evento a discussão sobre mercado de capitais. Esse assunto é novo em qualquer ambiente. Afinal, de todo o volume de empréstimos que ocorre no Brasil, apenas 20% são originários no mercado de capital. O maior volume vem de empréstimos bancários, que são, em geral, para serem pagos em um curto espaço de tempo, inviabilizando investimentos com retorno de longo prazo. Criar opções de obtenção de recursos via mercado de capitais para o leite é algo totalmente novo! E fundamental!

A décima primeira novidade foi juntar, num só evento, simplesmente cinco especialistas comportamento de mercados, para falar de produção e consumo de leite, de modo profundo, com visão de curto, médio e longo prazos. Além disso, eles lançaram um olhar para os mercados interno e o internacional. E com o diferencial da vinda de quem não é do setor lácteo, mas entendido em consumidor, para que ele pudesse dizer como um jovem decide hoje que vai consumir.  O palestrante ensinou que não faz sentido ficar brigando com quem fala mal do leite. O caminho é ter propósito, mostrar que está preocupado com a natureza, com as pessoas envolvidas em todo o processo de produção e que o produto é limpo, nutritivo, saboroso.

A décima segunda novidade foram os comunicadores Tejon e Ricardo Nicodemus. Mostraram que não temos futuro se não decidirmos falar diretamente com o consumidor. Ele está menos predisposto a consumir leite. Precisamos agir coletivamente e apresentaram proposta concreta.

Essas doze novidades configuram uma revelação: a ABRALEITE está madura e com ela, o nosso setor. Fugindo de pautas velhas, agregando todos os de boa vontade, a ABRALEITE sai deste evento mostrando que está preparada para liderar este setor ainda merecedor de tanta atenção. 

Francisco Laranjeira

Chefe-Geral na Embrapa Mandioca e Fruticultura

5 m

Muito bom!

Wander Bastos

Pecuarista na Pecuária WFB

6 m

Excelente!!!

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