E o BIM no Brasil?
No último dia 13/06/2017 tive a oportunidade de participar do Workshop de Implementação do BIM realizado pelo SECOVI-SP, que contou com o apoio de diversas entidades participantes do setor AECO (Arquitetura, Engenharia e Construção), todas donas de um grande potencial de impactar o modo como nós brasileiros utilizamos o BIM atualmente. Exemplos dessas entidades são o CBIC, SINDUSCON-SP, SENAI e ABRASIP.
Algumas citações me chamaram atenção, e me fizeram refletir sobre o que vem acontecendo sobre BIM aqui no Brasil, já que acompanho o tema há certo tempo.
Acredito que explicar os detalhes do evento iria proporcionar “mais do mesmo”, então decidi que compartilhar essas reflexões seriam de maior utilidade a quem se propor a ler este rápido artigo.
A primeira citação que me chamou atenção foi a seguinte:
“Não é o peixe grande que come o peixe pequeno, é o peixe rápido que come o peixe lento”.
Podemos pensar nessa afirmação de forma micro, tratando-se do mercado interno nacional, ou de forma macro, tratando-se de como o Brasil vem se posicionando frente a outros países e pensando na economia nacional.
Acredito que o mercado interno se “resolverá” à medida que tratarmos do cenário amplo, externo, até mesmo por exigência em editais de Licitações, já uma realidade no país.
Olhando o cenário Macro, o Brasil tem se desenvolvido buscando soluções que acelerem o uso de BIM pelo mercado local: assinando o acordo com o Reino Unido, impulsionado pelo gap verificado a partir de nossos vizinhos chilenos, com o decreto presidencial assinado nas últimas semanas instituindo o Comitê Estratégico de Implementação do Building Information Modeling e com diversos eventos, como o próprio evento realizado pelo SECOVI que se estendeu também a outros estados, além de São Paulo.
Apesar do início lento, acredito que temos potencial para nos posicionarmos como “peixes rápidos” diante do mercado global.
Por quê?
Aprendemos rápido. Podemos pensar em cases de sucesso, como Cingapura, como sugestão do que já deu certo e está efetivamente em vigor, adaptando-o à realidade brasileira. Desta forma evitamos o tempo que perderíamos testando alternativas ineficazes.
Podemos fazer com BIM o que já fazemos em diversos outros setores: Aprimorar o que foi importado. Os brasileiros tem essa a expertise. Me refiro a aprimorar.
A segunda citação que me chamou a atenção foi:
“Com BIM, voltamos a falar em Engenharia”.
Entendo por Engenharia a forma inteligente, moderna e eficaz de se realizar trabalhos e solucionar problemas. Pela experiência que tive em obras, muitos processos ainda necessitam de atualização e aprimoramento - realidade de maior parte das construtoras e incorporadoras. Processos realizados há anos da mesma maneira, de forma precária e pouco produtiva. Enquanto outras indústrias se atualizaram e imprimiram produtividades cada vez maiores, como é o caso da indústria automobilística e aeroespacial, a indústria da construção escalou de forma muito lenta a atualização de processos.
De forma geral, entendo que nós brasileiros, temos um potencial gigantesco e vários pontos a explorar até a efetiva adoção da metodologia BIM no país. Contamos com profissionais muito capazes e interessados no desenvolvimento nacional, e isso é excelente!
Continuamos acompanhando os tão aguardados próximos passos.
Advogado Privado, Gerente de Projetos no EPROJ SC e Diretor jurídico na INFRACITIES – Infrastructure and Sustainable Mobility
7 aParabéns pelo artigo! As duas frases escolhidas são sim um resumo do momento do país diante do uso do BIM. No meu entender, este novo paradigma pode ser explorado de formas tão diversas e tão impactantes que estamos diante de uma potencial revolução do planejamento de nossas cidades, do estudo dos impactos ambientais e da gestão dos nossos edifícios, sem falar das profundas mudanças no modelo de contratação e execução de grandes obras. No entanto, governo, sociedade e mercado precisam sim definir em quais diretrizes esse processo de mudanças vai caminhar.
Gerente Industrial | Gerente de Produção | Fábrica | Operações | Engenharia
7 aOportuno artigo Engº Marcello. Se possível vá postando sempre notícias sobre o andamento do BIM no Brasil. Precisamos mostrar o quanto estamos atrasados com essa importante ferramenta. E a troca de informações a respeito (mesmo no Linkedin) ainda é precária. Sucesso!
Diretor na Coordenar Consultoria BIM | Doutor em BIM
7 aO potencial é gigantesco. Vejo como barreiras: necessidade de formação de professores Doutores com especialização em BIM; criação de cursos de pos-graduação de alto nível por universidades como USP, Unicamp e outras; mudança na mentalidade dos empresários, pois desconhecem o real valor do BIM e seus impactos nos processos (não confundir a liderança empresaria, que estava no evento, com o "grosso" do empresariado brasileiro; utilizar o BIM como plataforma para o desenvolvimento de SISTEMAS CONSTRUTIVOS INOVADORES para aumentarmos nossa baixíssima produtividade. Adianta pouco utilizar o BIM para continuarmos a empilhar tijolos e chapar massa em paredes; e por último, convencer os políticos das vantagens do BIM (nesse caso, o BIM somente é desvantajoso para eles, em virtude da transparência que ele possibilita no processo). Ab. Leonardo