E se administração pública tivesse os mesmos critérios da privada?

E se administração pública tivesse os mesmos critérios da privada?

Sou administrador formado, com MBA e Mestrado, com a convicção que isso não me faz melhor ou pior do que ninguém na fila do pão. Mas sou acima de tudo, um apaixonado pela ciência da gestão.

Tendo iniciado no mundo corporativo aos 16 anos, sempre na iniciativa privada e entidades da sociedade civil, dos cargos mais operacionais do início da carreira ao C-Level de empresas de porte, professor em cursos de graduação e pós-graduação, consultor, conselheiro, mentor e vários cargos também em diretorias e conselhos da sociedade civil organizada,  voluntário pro-bono em causas que acredito e que faço questão de dispender esforço com a mesma dedicação como minha contribuição, a minha humilde forma de demonstrar gratidão pela imensa boa sorte e benefícios recebidos ao longo da jornada.

Um pensamento, um questionamento, uma reflexão, quase um misto de desejo, sonho, ou mesmo curiosidade é frequente na minha mente: - E se países, estados e nações fossem geridos como empresas privadas? Como seria? Na governança corporativa, cada vez mais aprimorada, - o que nos deixa muito feliz, - pela prática da ética e transparência, com ações, controles, auditorias, processos e compliances bem estruturados que garantem uma entrega de resultados, com melhoria contínua, valores, respeito às leis, códigos de conduta, moral e costumes. Essa visão cada vez mais presente, não só pela necessidade das práticas de ESG que hoje permeiam não só as grandes corporações, ou as de capital aberto, mas vão ganhando corpo nas pequenas empresas, startups que já trilham pelos probos caminhos e mesmo em aspirações de microempreendedores, por pura intenção de fazer o certo.

O contraponto é que na prática, quando elegemos nossos governantes para administrar, deveríamos também escolher gestores com capacidade reconhecida. Penso que eles deveriam passar por cursos de capacitação em gestão pública, ter seus orçamentos acompanhados e auditados, publicar balanços. Quando necessária, uma remoção (demissão)  por improbidade deveria ser um processo simples como na iniciativa privada. Um código de conduta ou ética rígido, com crenças e valores universais deveria ser seguido, e todas as ações deveriam ser transparentes. Ministros deveriam atuar como executivos de alto nível (C-level), e seria ótimo se ainda houvesse um conselho acima do presidente. No parlamentarismo, o parlamento faz algo semelhante, não é? Se o presidente escolhido pelo parlamento gera desconfiança, ele é substituído. Hoje, eles são eleitos, e em alguns casos, gastam o que não têm, ignoram orçamentos, apresentam propostas mirabolantes em seus planos de governo, muitas vezes não respeitando nem a lógica do que é alçada municipal, estadual ou federal. É costumeiro aumentar impostos, e agora, até raspar dinheiro não movimentado em contas correntes como sugerido, para fechar as contas. A lei de responsabilidade fiscal já foi várias vezes dribladas, o período de inelegibilidade do mau administrador já reduzido em projeto de lei, a ficha limpa rasagada,  com projeto aprovado para reduzir a pena. Anistia não falta  e, como sempre a velha fórmula de aumentar impostos vem primeiro. Na iniciativa privada bem que gostaríamos e até tentamos quando o orçamento aperta, aumentar as receitas, mas isso infelizmente não conseguimos combinar com os cliente. Geralmente o caminho é duro e necessário, cortar despesas, reduzir folhas de pagamento, demissões, corte de benefícios, fechamento de filiais, vendas de ativos... Bem isso na vida pública não acontece na imensa maioria dos casos. Esta reflexão escolhi deixar aqui, na rede onde falamos a língua do mundo corporativo. Vale  para lembrar que somos eleitores. Nós estamos a poucos dias de escolher o gerente das cidades onde moramos. Junto com ele, elegemos um conselho que deve muito mais que propor nome de rua ou titulo de cidadão,  acompanhar o trabalho do prefeito, fiscalizar, dar contas a sociedade.

Assisto debates ideológicos, bate bocas sem sentido em torno de questões que não dizem respeito ao que interess ao município.

Penso que é a hora mais sagrada de escolhermos. Políticos sim, afinal a política é a arte de conciliar, ouvir, agregar, buscar apoio, mas antes disso, escolher gestores.

Não podemos continuar escolhendo um prefeito de uma empresa do tamanho de uma prefeitura como a de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Curitiba com tamanha responsabilidade e milionários orçamentos como se estivéssemos nos posicionando de que lado  estamos na torcida do Fla-flu.

Já tivemos em São Paulo mesmo, tragédias de ambos os lados como os exemplos de Pita e Erundina, desculpem se alguém simpatiza, olho apenas gestão.

Tivemos um Fruet em Curitiba que saiu pela porta dos fundos devendo salário de servidores e um Rafael Greca que pega essa mesma prefeitura e entrega uma cidade bem administrada e exemplo para o Brasil como sempre foi.

Bem como disse anteriormente, é uma curiosidade. Ter os mesmos critérios, pesos e responsabilidade para escolher o gestor das nossas empresas, para escolher nossos representantes.

Reflexão minha por conta e risco que divido com um monte de gente que certamente pensa como eu. Deixo também minha simpatia democrática a quem discorda e continua preferindo escolher o lado da torcida no Fla x Flu.

Jose Passos

Gerente de filial na Supermercados Supergolff

3 m

👏👏👏show de opinião Dr. Maurício. Abraço

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