E se o nosso foco fosse apenas o que está bem?

E se o nosso foco fosse apenas o que está bem?

Enquanto andava a passear o cão, decidi reparar na humanidade à minha volta, mas com foco apenas no que seriam bons exemplos.

Em apenas 30 minutos vi duas coisas... impecáveis!

Numa rua estreita, uma faixa par automóveis e dois passeios em calçada, um de cada lado. Num desses lados, há dois cafés pequenos. Um ao lado do outro. Concorrem para o mesmo público, adeptos de futebol. Ambos são espaços pequenos. As pessoas ficam do lado de fora com a sandes e a bebida na mão a conversarem animadamente (ou não, depende das vitórias e das derrotas do seu clube, na verdade). Inevitavelmente há sempre beatas, copos de plástico, papel e outros restos de festa ou de frustração futebolística.

Ontem foi dia de futebol. Hoje de manhã quando passo com o cão, a rapariga que trabalha num desses cafés, varre o passeio dos despojos. Não sei se varre restos de vitória ou de derrota, mas os vestígios deixados no chão são os mesmos. Usa uma vassoura normal e lentamente, deixa a entrada do seu estabelecimento mais apresentável.

Do outro lado da rua, exatamente na mesma direção, está um funcionário da junta de freguesia a varrer também. Veste o colete refletor que o ajuda a trabalhar no meio do trânsito. Faz o mesmo que a rapariga do café. Limpa o passeio dos despojos desportivos da noite anterior. Mas fá-lo por ser o seu trabalho. A rapariga podia simplesmente chamá-lo ou esperar que ele ali fosse cumprir a sua tarefa. Mas não...

Mais adiante, um transeunte apressado passa por mim e pelo cão como se fosse atrasado para o seu destino. Dali a uns poucos metros, perto de um vidrão há mais vestígios da festa de ontem. Um monte de latas, garrafas, copos de plásticos, sacos de papel que contiveram a parte comestível do momento, sandes talvez. Ora este senhor apressado, de roupas leves e andar sorridente, atrasou o passo e a chegada ao seu destino, baixou-se e atirou para dentro do vidrão duas garrafas que alguém na noite anterior atirou para o chão, mesmo estando ao lado do vidrão.

Podemos olhar para as nossas empresas assim? Podemos ver mais coisas construtivas que destrutivas? Podemos estar mais atentos a quem nos ajuda?

Já repararam nas coisas pequenas que as pessoas fazem todos os dias nas vossas equipas?

Para pensar!



Miguel Kreiseler

Real Estate Private Advisor | Experienced Managing Director & Country Manager | MBA AESE / IESE | SEP Stanford GSB | Coach | ICF Member | MBTI Practitioner Step 1 & 2 | Nova SBE VOICE Leadership Mentor

1 m

O artigo da Tânia Dimas é um excelente convite à reflexão sobre a atenção que damos às pequenas ações positivas no nosso dia a dia e nas nossas equipas. É interessante como a Tânia usa o cenário quotidiano de um passeio com o cão para destacar exemplos de cuidado e responsabilidade, contrastando o cumprimento do dever com a iniciativa pessoal. A minha experiência em Itália, mais precisamente na Sicília, oferece uma perspetiva paralela, mas também um contraste marcante. Em Palermo, era comum ver os empregados das lojas nas ruas icónicas, como a Via Roma, Via della Libertà ou a Via Maqueda, a varrerem os passeios em frente às suas lojas – mas não para limpar verdadeiramente. O lixo era muitas vezes empurrado para a estrada, como se estivesse a ser passado para uma responsabilidade "alheia". Este gesto, embora aparentemente semelhante ao da rapariga do café do artigo, revela uma diferença cultural significativa.

Carla Oliveira

Coach/Auditoria e Qualidade- Apoio ao Cliente Correio Nacional CTT - Correios de Portugal - Lic. Sociologia FCSH - Univ. Nova Lisboa

1 m

Realmente, a atenção que damos aos outros pode ser "a chave" de muitas situações. A motivação pode fazer-se de grandes, mas também de pequenos gestos. E a liderança pelo exemplo é, sem dúvida, a parceria ideal. Parabéns e Muito Obrigada pela partilha e reflexão. 👏👏👏

Pedro Rodrigues

Auditoria, Compliance e Risco

1 m

De facto "estamos", em muitas ocasiões pessoais ou profissionais, mais focados em identificar o erro e/ou em proferir críticas pejorativas. É muito importante, mudarmos as mentalidades e promover uma visão mais positiva das "coisas" que nos deparam pela frente. Elogiar, motivar e espalhar alegria, até amor, fará com que tudo à nossa volta, no nosso mundo e mesmo dos outros, pareça muito mais colorido. E sim... tudo vai correr muito melhor! Boas energias trazem coisas boas.

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