ECONOMIA DO CUIDADO

ECONOMIA DO CUIDADO

A economia do cuidado no Brasil é o coração pulsante da sociedade, mas quase ninguém vê. Desde 2003, venho mergulhando fundo no mercado de maduros e, vamos ser honestos, pouca coisa mudou. Estamos falando de atividades essenciais, como cuidar de crianças, maduros e pessoas com deficiência, além das tarefas do dia a dia. Coisas sem as quais o país não funciona, mas que continuam invisíveis nas estatísticas oficiais.

Você sabia que, em 2019, 23,8 milhões de brasileiros estavam empregados em atividades de cuidado? Isso representa 38,6% dos trabalhadores formais em áreas metropolitanas. Mas tem um detalhe: a maioria desse trabalho é feito por mulheres, e muitas vezes sem receber um centavo. Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), 76% do trabalho de cuidado não remunerado no mundo é feito por elas. E o que isso significa? Que uma parte gigantesca da nossa economia simplesmente não aparece. É um trabalho invisível, desvalorizado, mas essencial.

Agora, vamos dar uma olhada no que está rolando em outros países. Nos Estados Unidos, um estudo da McKinsey de 2018 calculou que o trabalho de cuidado não remunerado poderia valer até US$ 1,5 trilhão se fosse pago. Na Austrália, ele chega a 50% do PIB do país. E no Reino Unido? São £ 132 bilhões por ano, mais do que o governo gasta com o NHS. E aqui no Brasil? Estamos atrasados.

Com o envelhecimento da população, o cuidado com maduros está explodindo. Dados da ONU mostram que, até 2050, a população global com mais de 60 anos vai dobrar, chegando a 2,1 bilhões. No Brasil, esse número vai bater 73 milhões. Isso cria um mercado gigantesco para quem souber olhar para ele. Estamos falando de serviços de saúde, medicamentos e cuidados específicos para síndromes geriátricas, como demência e incontinência.

Olha o Japão, por exemplo. Eles já estão lidando com essa questão há anos e investem pesado em tecnologia para cuidado de longa duração. Mas mesmo lá, as mulheres ainda carregam o fardo da maior parte desse trabalho. O que isso mostra? Que não basta só tecnologia, é preciso uma mudança de mentalidade.

A hora de agir é agora. A economia do cuidado é uma mina de ouro esperando para ser descoberta pelas marcas e empresas que têm visão. Quem conseguir enxergar essa oportunidade vai se conectar com um público que só vai crescer. É hora de acordar e entender que cuidar não é só uma necessidade, é o futuro. E quem souber surfar nessa onda vai liderar o mercado.

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