A Economia Verde – Emissão Zero de GEE (Gases do Efeito Estufa) PARTE I
Como seria o mundo se não houvesse emissão de gases de efeito estufa? Emissão zero?
Estamos, nesse momento, num período histórico fundamental da humanidade, com o objetivo de que isso se torne em breve (em 30 anos, por exemplo) por parte de governos, regulamentações, ONG’s, boa parte das empresas e da sociedade em geral.
A mudança será drástica, profunda e converterá o cenário empresarial e, por consequência, onde vivemos num “outro mundo”.
A atividade produtiva está se deslocando gradativamente, mesmo a que utiliza intensivamente a emissão de GEE, para um momento de emissão zero.
Essa transformação atingirá toda a cadeia de valor de qualquer negócio e irá alterar a dinâmica de como os negócios são produzidos e distribuídos pelo mundo todo.
As montadoras de automóveis, por exemplo, irão deixar de fabricar seus produtos com motores à combustão, e irão fabricar automóveis elétricos.
Com isso o consumo de petróleo iria despencar, porque ao invés de abastecer seus veículos com gasolina ou diesel, por exemplo, os motoristas e frotistas usarão energia elétrica, que deverá ter um crescimento exponencial para atender a toda essa nova demanda.
Novas fontes de energia serão necessárias: solar, eólica, maremotriz, geotérmica etc. que além de limpas são sustentáveis, e substituem as atuais usinas a diesel, carvão ou gás.
A siderurgia como conhecemos daria lugar a produção de aço verde, que tem como principal característica, o processo produtivo ecológico, gerado por meio de carvão vegetal, sem a necessidade de utilizar combustíveis fósseis. Esse material representa uma inovação em escala global.
Essas transformações já estão acontecendo, e cada vez com maior rapidez. Indústrias como as de energia, siderurgia e metalurgia, de alimentos, embalagens, materiais e insumos industriais, transporte e logística, entre outras estão cada vez mais demandando produtos e soluções verdes.
Nesse ínterim, à medida que a transição para GEE zero avança os mercados para ofertas de emissões zero devem se expandir ainda mais, enquanto os mercados para ofertas intensivas em emissões encolhem e tendem a desaparecer.
Oportunidades
A produção e oferta de hidrogênio e de biocombustíveis, por exemplo, deverá aumentar mais de 10 vezes até 2050. Já os combustíveis fósseis, no entanto, irão cair acentuadamente, nesta mesma data, chegando a uma redução na ordem de 55%, enquanto o gás de cozinha despencaria para algo em torno de 70%.
Estimativas acreditam que as oportunidades em negócios de GEE zero cheguem ao redor de U$ 13 a U$ 15 trilhões de dólares, em 2050. Transporte, construção civil e geração de energia seriam responsáveis por 1/3 desses faturamentos.
Também, produtos e serviços verdes se mostram mais lucrativos que os convencionais, principalmente em segmentos de alto crescimento como plásticos, reciclados, materiais de construção sustentáveis, alimentos e produtos químicos, onde as margens podem ser de 15 a 150 por cento maiores do que o normal, à medida que a demanda por produtos tradicionais diminui.
A indústria de plásticos, por exemplo, principalmente a voltada para embalagens de produtos de consumo está rapidamente modificando suas práticas para atingir metas de sustentabilidade.
Para se ter uma ideia, seis das dez maiores empresas de bens de consumo de alto giro, nos USA, se comprometeram a usar menos plástico virgem e mais conteúdo reciclado em suas embalagens até 2025.
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O polietileno tereftalato (PET) reciclado chega a uma margem de U$ 300,00 por tonelada métrica, em média, enquanto o PET virgem alcançou uma margem na ordem de U$ 40,00 por tonelada métrica entre 2011 e 2020.
Polímeros reciclados, como polietileno de alta densidade (HDPE) ou polipropileno (PP), estão sendo negociados com margens ainda maiores.
Certamente, essas margens deverão cair com o tempo, em função do aumento de oferta e pela competição, porém no curto e médio prazo pode haver até aumento de margens em setores que apresentem desequilíbrio significativo entre oferta e demanda. Isso pode significar uma excelente oportunidade para indústrias que se aperceberem e atenderem esses segmentos.
Fazendas solares, parques eólicos, máquinas industriais, navios, trens e transportes rodoviários serão os esteios de uma nova economia e irão impulsionar a distribuição e o comércio nessa nova ordem mundial de zero GEE.
O capital será transferido de maneira significativa. O valor de U$ 3,5 trilhões de dólares seria realocado, ano a ano, até 2050, em novos gastos e investimentos em ativos de baixa emissão. Outro U$ 1 trilhão, por ano, continuariam sendo direcionados ainda, para ativos de alta emissão, mas com tendência de quedas gradativas.
Ativos de negócios com alta emissão de GEE devem sofrer “encalhes” e monta, isso é na ordem de U$ 2,1 trilhões apenas na área de energia elétrica, até 2050. E essa é uma tendência que irá abarcar ativos de outros setores que média e alta emissão.
Por outro lado, financiamentos e investimentos para negócios, empresas e projetos, por exemplo, de emissão zero de GEE, indicam valores próximos a U$ 150 trilhões em ativos financeiros.
A EU (União Europeia) estima uma alocação de cerca de U$ 1 trilhão para financiamento público e privado para apoiar o Pacto Ecológico Europeu. E os governos nacionais estão considerando seus próprios pacotes de financiamento climático.
Em meio a esses cenários, as empresas devem conseguir levantar os fundos de que precisam para se reposicionar para uma economia de zero GEE zero, daqui para frente.
Continua ... Parte II será publicada em 10.01.2023
Prof. Dr. Carlos Cauduro
+55 51 985049168
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