Edição Extraordinária - A Guerra da Rússia

Edição Extraordinária - A Guerra da Rússia

Amanhecemos nesse dia 24 de fevereiro em guerra.

Digo isso considerando que o que acontece no leste europeu nos diz respeito pelo fato de estarmos conectados como nunca estivemos.

A ideia não á analisar a guerra sob o ponto de vista geopolítico. Há muita gente mais competente fazendo isso nos jornais e na internet. No entanto, há um aspecto que precisa ser analisado e que pode fazer uma grande diferença no entendimento maior desse conflito.

Vou fazer um contexto para nos dar uma visão sistêmica.

O mundo, e todos nós, recebemos influência de aspectos externos que vou chamar de PESTAL - aspectos Políticos, Econômicos, Socais, Tecnológicos, Ambientais e Legais, o que significa que essa guerra não é um evento estritamente político, mas que envolve os demais aspectos, dentre eles o SOCIAL.

Eu explico.

A sociedade está em uma transformação tremenda desde o final dos anos 1980 e isso se exacerbou com a revolução da informação onde o conhecimento se torna disponível para todos.

Isso desenhou um fenômeno de grande diversificação de personalidades no ocidente, o que não aconteceu no oriente da mesma forma.

Quando analisamos o conjunto de princípios e valores do ocidente, este se difere em muito do conjunto de princípios e valores do oriente e não há aqui qualquer juízo de valor.

O fato é que as lideranças em todos os níveis se enfraqueceram no ocidente: pais já não atuam como pais amando os seus filhos e definindo limites; professores já não atuam como professores conquistando o respeito de seus alunos; governantes não assumem posições que incorram em afetar suas imagens públicas em nome de um certo populismo.

Tudo isso elege um discurso de total direitos e nenhum dever. Os filhos têm o direito de serem respeitados - o que é mais do que lícito - porém têm também o dever de cumprir certas obrigações. Alunos e cidadãos, idem.

Há um certo grau de permissividade no ocidente baseado no discurso de liberdade muito dissociado de sua contra partida, a responsabilidade. Com isso, pais, professores e governantes querem oferecer liberdade, mas não colocam no quadro geral a importância da responsabilidade associada. Isso gera lideranças com uma musculatura emocional enfraquecida, pois tem medo de não serrem amados por seus liderados, filhos, alunos e cidadãos. E formam filhos, alunos e cidadãos com suas musculaturas emocionais enfraquecidas.

Estamos vendo líderes ocidentais ladrando e não mordendo - não que eu queira que eles mordam - e vendo líderes orientais mordendo e não ladrando e eu aqui torcendo para que parem de morder e voltem a negociar.

O fato, pelo meu ponto de vista, é que essa ausência de lideranças emocionalmente fortalecida está formando pessoas emocionalmente enfraquecidas que, em cenários mais sistêmicos, criam circunstâncias difíceis, como a que estamos vivendo.

A existência é dual. Não há liberdade dissociada de responsabilidade, como não há direitos dissociados de deveres.

Que pais, professores, executivos, empresários, governantes assumam seus papéis de líderes mostrando os dois lados da moeda: liberdade com responsabilidade. Caso isso não aconteça, tempos mais difíceis ainda estão por vir.


Paulo Domingues

Diretor Industria Farmacêutica I Produtividade I Qualidade I Manufatura I Novos Produtos Desenvolvimento I Planejamento

2 a

Excelente reflexão , Binato. Direitos sem deveres e liberdade sem responsabilidade é o início do fim de uma civilização; nem sendo necessária a ação de malucos de fora.

Julio Luiz

Profissional com 30 anos de experiência em liderança de pessoas. Executive coach

2 a

Kkkkk

Julio Luiz

Profissional com 30 anos de experiência em liderança de pessoas. Executive coach

2 a

Binato. Tema difícil. Mas no fundo está a velha e conhecida briga por mais poder. Putin deixa claro que não aceita que ninguém interfira com palavras ameaçadoras. Soltar bombas já não é o limite. Matar pessoas é indiferente com base na “causa”. Acho que o problema é que o mundo está mais domesticado e com aversão à guerras e já não sabe mais como combater esse tipo de agressão. Voltando ao seu artigo, alguém tem que colocar algum limite para o camarada. Mas quem?

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