Educação a Distância, remédio ou veneno?
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Educação a Distância, remédio ou veneno?

Atuo em Educação a Distância há alguns anos (alguns até brincam que sou da era da EAD a lenha, mas isso fica para outra conversar..rs.rs.rs). Hoje pela manhã vi muitos comentários sobre mudanças que autorizam a oferta de disciplinas a distância em cursos presenciais e parei para refletir um pouco sobre o que isso significa.

Uma das coisas que mais observo nesses meus quase 25 anos atuando no ensino superior é a grande resistência a mudanças que o setor tem. É muito acima do normal em qualquer setor. Quando comecei a atuar em projetos de EAD em 1996 a resistência a isso era coisa que beirava a insanidade. Não havia explicação plausível, apenas ouvia muito "sou contra","isso vai manchar minha carreira", "a EAD vai acabar com a educação"...entre muitas outras frases, entretanto quando argumentava do por que, o que eu ouvia era, quase sempre, ligado ao medo do mercantilismo educacional ou o medo de ter que sair da zona de conforto para continuar atuando na área.

Mais de duas décadas se passaram e hoje temos centenas de milhares de alunos formados no Brasil em cursos superiores ofertados a distância e, muitos desses profissionais provaram que a forma presencial ou a distância não impacta na qualidade da sua formação. O que impacta diretamente na qualidade do profissional formado não é a "modalidade" de ensino, mas sim o comprometimento da Instituição que está desenvolvendo o curso com o foco no aluno nas novas necessidades do mercado de trabalho.

Já vi muitos projetos de cursos superiores, presenciais e à distância, e, na grande maioria das vezes o que vi foi um sucessão de repetições de padrões buscando, infelizmente, entregar o mínimo ao aluno para que ele cumprisse apenas mais uma etapa "cartorial" de sua vida acadêmica, ou melhor, obter um diploma de graduação superior. Pouco programas estão comprometidos com o diferencial. Poucos programas estão comprometidos em transformar o aluno em um profissional preparado para os novos desafios da nossa sociedade. E isso independente da modalidade de ensino...

Ao ler a portaria MEC 1428/18 que autoriza o aumento da proporcionalidade de oferta de disciplinas na modalidade a distância em cursos presenciais, vi pontos extremamente positivos, como, por exemplo, autorizar isso apenas em Instituições que estão comprometidas com a qualidade, ancorado pelo CI(Conceito Institucional) 4, o que aponta que a Instituição de Ensino busca a melhoria de sua qualidade geral, e não apenas em um ou outro curso. Por outro lado vejo ainda grandes limitações quando ficam excluídos cursos da área da saúde e engenharias, ou ainda, cursos que são limitados dentro de suas DCN's... mas, na área da educação as mudanças são feitas sempre muito lentamente mesmo, em virtude do alto índice de resistência no setor.

Por fim, o que vejo é que ainda continuamos muito dependentes de uma legislação federal para garantir que tenhamos futuros profissionais com uma formação de qualidade mínima. Um pena, pois o que temos que ter em nosso País são líderes educacionais que pensam em criar novos líderes, que pensem em ser educadores e não apenas ensinar. Como educadores temos que ter a preocupação de usar as tecnologias a favor do aluno, envolvendo-o e fazendo-o ser o melhor profissional recém formado. Os novos profissionais têm que entrar no mercado de trabalho para ser uma mola propulsora de progresso social e científico. Acredito seriamente que não temos que ficar discutindo se o aluno é formado presencialmente ou a distância apenas, mas, com qual diferencial esse aluno é formado, quais são as novas características que esse aluno trará ao mercado de trabalho ao ser transformado em profissional de uma área. Isso tem que estar no DNA dos Projetos Pedagógicos inovadores e comprometidos com o aluno e não limitados a um percentual de modalidade, que, na grande maioria das vezes se resume há algumas horas de aulas em vídeo e meia dúzia de PDF's, que têm o principal objetivo de reduzir custos e acabam transformando o ensino superior em um ensino auto-didata e não em uma modalidade sustentada por tecnologias educacionais. O projeto pedagógico não pode ser apenas uma transcrição das DCN's. O Projeto Pedagógico tem que usar as DCN's como base referencial para o curso, e tem que entender isso como menos que o mínimo a ser entregue ao aluno.

Quem é responsável por mudar esse cenário educacional? Todos nós somos. As Instituições de Ensino que devem buscar não apenas apenas reduzir seus custos, mas deve investir no seu principal "produto", que é a preocupação de transformar seus alunos e faze-los ser os melhores diferenciais de mercado. Os professores, que tem que ser menos resistentes ao uso de tecnologias e, se permitir sair de sua zona de conforto para crescer e aprimorar a sua "expertise" com o uso de novas tecnologias. O governo, que tem que olhar detalhadamente as Instituições de Ensino diferenciadas, principalmente, as mais novas, E claro, os alunos, que devem ver a educação como um grande investimento. Não investimento financeiro apenas, mas investimento de tempo e dedicação que irão transformar, não apenas o individuo, mas toda uma sociedade. Como todo investimento o aluno deve procurar os melhores recursos e as melhores Instituições, pois, o valor financeiro "aplicado" na Instituição pode até ser reposto, mas o tempo dedicado jamais será reposto e é nele, e na forma como esse tempo será usado, que estará o grande valor do novo profissional.

Seja sempre um líder educador!

Paulo Diniz

Carla Mendes

Gestora de Pessoas, Processos e Negócios | Relacionamento e Atendimento ao Cliente | Empreendedora | Engenheira Civil | Perita Judicial & Extrajudicial

6 a

Remédio. Os cursos EAD chegam em lugares que nem a internet de qualidade chegou. O Brasil não é formado apenas por capitais. Além disso, nas capitais, a mobilidade está cada vez mais complicada. Então é remédio, e dos bons!!!

Leyr Peres

Comprador internacional Sr. | Construção civil e hotelaria

6 a

Remédio, evolução da educação!

André Luís Ferreira Marques

Data Science | Engineering | Digital & Nuclear | PMP

6 a

Medicine, it depends on how you take it.

Wagner Alves

Coordenador Educacional de cursos Técnicos, Graduação e Pós-Graduação de renomadas instituições de ensino.

6 a

Muito bom! Vivenciamos uma nova era na educação!

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