A educação em transformação

A educação em transformação

“A educação não transforma o mundo. Educação muda pessoas. Pessoas transformam o mundo”, frase clássica de Paulo Freire. O conhecimento é o melhor instrumento para o combate a ignorância, um indivíduo vai se transformando à medida que vai aumentando o seu repertório e a sua capacidade crítica de pensamento, um processo libertador. O mundo aclama por uma nova abordagem na educação, e com isso é fundamental ampliarmos um pouco mais essa reflexão e explorar a ideia da educação transformadora.

A chegada da pandemia e as incertezas quanto à qualidade no sistema de ensino (sobretudo as modalidades de ensino à distância – EAD) em geral tomou conta dos debates na sociedade, contudo é importante considerarmos que esse cenário só tende a se tornar ainda mais caótico se não tomarmos ações efetivas de mudança. “Tomarmos” no sentido coletivo mesmo, é preciso fugir dos tentadores discursos de transferir a responsabilidade somente para governantes, pois a educação é um recurso do povo e não de uma minoria ou de um partido político.

Em meu novo livro “A educação após a pandemia”, com previsão de lançamento no final do ano, trago alguns estudos que embasam o argumento de que a transformação na educação é inevitável, ou seja, ela vai e precisa acontecer, com isso considero que a aprendizagem moderna se caracteriza por quatro importantes eixos: velocidade, assertividade, aplicabilidade e conectividade. Além de que essa transformação na educação precisa se conectar com as necessidades emergentes do mundo, tendo como pilares fundamentais:

1.   Atender as demandas da sociedade: ela precisa atender minimamente as transformações que a sociedade está passando sob três aspectos: Econômica (base da competitividade de um país), Tecnológica (elemento inevitável e sem volta para a educação) e Sustentável (no sentido de longevidade);

2.   O ser humano no centro: a educação é um processo de transformação humana e o conhecimento deve produzir protagonistas e ser substancialmente multiplicável;

3.   Sem superficialidades: não existe milagre, nenhuma abordagem rasa produz transformação. Lidar com as facilidades digitais e a explosão das informações requer habilidade e a tal “superficialidade”, é, na atual conjuntura, um grande contra fluxo dessa evolução;

4.   Gerar valor: a educação precisa gerar valor, resultados propriamente ditos, tanto para o indivíduo quanto para o meio. Saber e não fazer nada é o mesmo que não saber;

5.   Lifelong Learning: A ideia de aprender ao longo da vida é um dos pilares que sustenta a educação transformadora;

6.   Ruptura: a educação transformadora está intimamente ligada ao conceito de inovação disruptiva de Clayton Christensen, nesse sentido, ela precisa “romper” com o modelo convencional e adicionar os elementos que configuram a disrupção que são a acessibilidade e o baixo custo.

A sociedade evoluiu a uma velocidade gigantesca, porém as escolas caminham num ritmo mais lento, e sendo a principal fonte de transformação do ser humano na sociedade e na vida, não pode estar aquém das necessidades do mundo. Com toda a minha vivência em educação corporativa nas empresas, eu não tenho dúvidas que essa é a maior transformação que estamos vivendo. A aprendizagem nunca esteve tão no centro dos debates corporativos como agora, e é preciso aproveitar essa onda positiva e incorporar as transformações nas escolas e empresas.

Aprender rápido nesse mundo onde a percepção da mudança é cada vez mais acelerada já não é mais um atributo de diferencial competitivo, mas um recurso de sobrevivência. A velocidade (e a qualidade) com que aprendemos a lidar com essas transformações será o norteador da humanidade nos próximos anos. Precisamos encontrar as respostas na mesma velocidade com que as perguntas são feitas.

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