Educação emocional - algumas lições com a tragédia em Goiânia
Habilidades como empatia, autoconsciência, autocontrole, motivação, comunicação assertiva, dentre outras, são treinadas ou estimuladas?
A resposta é: são treinadas, estimuladas e podem ser trabalhadas em benefício do ser humano e dos grupos sociais que coabita, como a família e o trabalho.
Hoje estamos estarrecidos com o episódio da escola em Goiânia. A frieza de um jovem adolescente, que planeja por meses um massacre de outros jovens como ele, nos faz refletir se habilidades como auconsciência e autocontrole não deveriam integrar os trabalhos dentro e fora da escola, pelos pais, responsáveis e por toda sociedade.
Será que nosso cérebro deixou de processar provocações e xingamentos pontuais ou recorrentes como algo que deve ser trabalhado interna e individualmente e superados como desafios que nos mantém mais fortes e confiantes?
Será que somente esse jovem sofreu ou sofre com perseguições? Será que a necessidade de ser aceito a qualquer custo, mediante, inclusive, a utilização de violência, não deveria ser a pauta, ao invés de somente se discutir o bullying?
Quem justificará o injustificável aos pais dos adolescentes mortos? Quem consegue explicar que o fato de colegas o julgarem anti higiênico, o levaria, por meses, a estruturar em sua mente, um massacre planejado? Tudo não seria resolvido se a mãe do jovem assassino estivesse presente, recomendando o trato com a imagem, a aparência, a autoestima, o autocontrole? O pai do jovem assassino reconhecia em seu filho um ser humano depressivo?
Por que a perseguição nunca foi noticiada pelo jovem assassino? Por que a escola e os pais jamais perceberam atitudes desconfortantes? Quando os pais, responsáveis pelo jovem, darão respostas à sociedade? Ou se manterão inertes a algo tão cruel e bizarro realizado por sua prole?
Alguém, nesse universo sensacionalista, que insiste em colocar a"culpa" na vítima, entrevistou os policiais militares que criaram esse adolescente frio e calculista? Será que nunca abriram o computador ou o email, ou o histórico desse adolescente assassino? Por que o adolescente matou o amigo e não somente o pretenso "rival"? Alguém perguntou isso aos responsáveis que o criaram?
Os pais, servidores públicos que recebem salários pagos pela sociedade, não deram falta de uma arma de uso estritamente profissional do ambiente familiar? Não notaram a articulação macabra?
Arrependimento? O que diz a lei penal sobre o arrependimento x o planejamento de um crime insano? O que alegarão os colegas criminalistas? Forte emoção? Emoção que durou meses até o ato? É possível pensar em tamanha barbárie de forma tão simples?
Matar a queima roupa, colegas de sala e depois, baixar a cabeça e se dizer arrependido basta?
A emoção descontrolada, levada às últimas consequências, levam todos os pais de jovens adolescentes a se sentirem inseguros. O ambiente escolar, ambiente de descobertas, sonhos, desafios, barreiras a serem transpostas se tornou um ambiente de vingança e ódio. Teremos agora que exigir detector de metais em escolas de ensino fundamental?
Hoje a sociedade está muito chata...tudo é perseguição, tudo é preconceito, tudo é ruim...criamos filhos fracos? Despreparados para a lida com a provocação, a diferença, a tolerância, o respeito, o amor? Sentimentos de nojo, medo, raiva, alegria, tristeza, amor, nos moldam durante nossa rápida trajetória no planeta azul. Precisam estar em equilíbrio e são essenciais para a evolução humana individual.
Será que o adolescente que matou a queima roupa dois colegas e feriu mais alguns, que descarregou um pente inteiro em colegas de sala de aula, entende o que significa autocontrole, autoconhecimento, controle de emoções? Será que vivia em um ambiente harmônico, feliz, que lhe trazia a segurança e o autoamor suficientes para compreender o outro?
Até quando a sociedade vai tentar justificar, às custas de vidas humanas, comportamentos desprezíveis, de seres humanos desprovidos de amor fraterno?
Que a educação seja voltada ao estudo das emoções...para que jovens tenham a oportunidade de envelhecer...e que a lei natural da vida, dos filhos enterrarem os pais, volte a ser a da trajetória natural da vida...anormal é tentar justificar o injustificável...