EDUCAÇÃO NO EXTERIOR

EDUCAÇÃO NO EXTERIOR

A vontade de estudar fora do país é um anseio que acompanha muitos jovens, e o vasto acesso às plataformas digitais de universidades no exterior, ainda que de forma despretensiosa em meio às incertezas trazidas pelo novo coronavírus, abriu a pais e alunos brasileiros uma janela para o exterior antes mais longínqua.  Tenho visto jovens encarando com maior naturalidade o desafio de estudar longe de casa e abrir novas possibilidades, inclusive na seara de faculdades menos famosas, mais acessíveis e de bom ensino. Além do mais, diversas instituições derrubaram a exigência de que estrangeiros passassem por avaliações como o SAT, o que estimula o ingresso dos estrangeiros.

A pandemia, sempre ela, contribuiu para turbinar o movimento — no isolamento, muitos jovens curiosos experimentaram aqueles cursos livres das faculdades de fora, a distância mesmo, e, quando as aulas voltaram a ser presenciais, as próprias instituições estimularam as matrículas dos estrangeiros. Resultado: em 2020 aumentaram em 41% as inscrições de brasileiros no Common Application, sistema de admissão usado por 900 universidades americanas — e não param de subir. 

Cerca de 70 000 brasileiros fazem faculdade fora, e a procura dispara, entre outras razões, sob o impulso de programas de países desenvolvidos para atrair talentos de toda parte. Os Estados Unidos são, de longe, a meca dos brasileiros que procuram excelência cruzando fronteiras. Neste último ano, o estado que mais vem registrando matrículas é a Flórida, onde não há universidade de ponta, como nas costas Leste e Oeste. Preços variam imensamente — em instituições sem grife, custam em média o dobro de uma universidade particular no Brasil, com casa e comida incluídas e chances de bolsas para amenizar a conta.  Ao estudar em outro país, o jovem afia a capacidade de se adaptar a outras culturas, além de ganhar destreza em um segundo idioma. 

Morei por duas vezes fora do Brasil, ambas nos Estados Unidos. Uma na cidade de Medford em Massachusetts onde lá tive a oportunidade de fazer um curso de extensão em Antropologia Social e Cultural na Universidade de Harvard e outra, seis anos mais tarde, na cidade de Deerfield Beach na Flórida em outro momento da vida. Depois dessas oportunidades posso dizer que além de uma segunda língua, a experiência estudantil ou de trabalho longe de casa ajuda a dar estofo para que se convertam em cidadãos do mundo, morar fora certamente desenvolve habilidades valorizadas no mercado de trabalho, como a de assumir riscos, encarar o novo e demonstrar empatia.

Ainda que facilitados nos últimos tempos, os processos de seleção seguem árduos e longos. Na maioria dos casos, exige-se um exame de proficiência em língua estrangeira, carta de recomendação, bom desempenho em redação e nas entrevistas. Notas altas nos exames nacionais, como o próprio Enem e o americano SAT, ajudam, mas não são decisivas, e atividades como participação em olimpíadas acadêmicas, serviço voluntário e esportes são muito bem-vistas.  

Então fica minha dica aos jovens e aos não tão jovens, que primeiramente, se permitam sonhar, e depois busque dicas e orientações online. Procure por bolsas de estudos, não perca oportunidades de fazer algo e contribuir com ideias sociais. Economize até as moedas e nunca, nunca deixe de acreditar que educação é investimento.


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