A Educação Infantil e as Suas Aprendizagens
Há anos a educação infantil vem transformando-se e através de muitos estudos hoje podemos dar o protagonismos as crianças e enxergá-las como seres históricos e sociais, que pensam, sentem, agem, interagem, interpretam e produzem a sua própria cultura podendo ser entre seus pares ou de forma individual. A partir deste olhar a criança não é mais vista como um adulto em miniatura e sim como um ser pensante e atuante na sociedade. Temos que mudar certos paradigmas, colocar a criança no centro e ter uma pedagogia relacional que dê mais ouvidos a elas e as percebam como seres de ideias. Os professores não são mais vistos como retentores do conhecimento e a descentralização do adulto dá espaço para as mais de cem linguagens das crianças. A postura do educador passa a ser uma postura investigativa e observadora, onde a centralização é no aprendizado e nos novos conhecimentos que a criança adquire através dos eixos estruturantes das Diretrizes Curriculares para educação infantil que são as brincadeiras e as interações e ambas formam o coração da pequena infância. Nesses eixos criam-se ambientes estimuladores e uma tríade de aprendizagem onde todos colaboram sendo crianças, professores e saberes. Através de publicações de grande pensadores da área da educação, podemos concluir que as crianças aprendem através das múltiplas linguagens, o professor deve valorizar as potencialidades e os conhecimentos prévios que a criança leva para escola como oportunidade de investigar e instigar a curiosidade de outras crianças com esses saberes que são bem peculiares. A Base Nacional Comum Curricular para educação infantil veio para trazer provocações e inspirações para grandes debates nacionais, ela traz consigo os seus seis direitos de aprendizagem, os seus cinco campos de experiências e as habilidades que devem ser desenvolvidas ao longo da primeira etapa da educação básica. A BNCC está contida nas DCENEIs e ambas vieram para contribuir para que enfim acertemos na qualidade da educação infantil no Brasil.
Pensando nos cinco campos de experiências podemos dizer que eles devem ser trabalhados de forma articulada e nunca fragmentada, pois a aprendizagem não ocorre de forma isolada, os campos são transdisciplinares e a aprendizagem se dá por meio de ações. Os campos também têm que ser trabalhados a partir das curiosidades, interesses e especificidades das crianças. O professor tem que desconstruir a ideia de disciplina, na educação infantil não se mede o aprendizado, não trabalhamos com nota ou avaliações classificatórias. Devemos dar continuidade às aprendizagens das crianças para que elas tornem-se significativas. Não devemos usar o termo atividade ou aula na educação infantil, o que realizamos com as crianças são experiências e como professores, organizamos tempos, qualidade de espaços, materiais apropriados podendo ser heurísticos, não estruturados ou de outra natureza que proporcionem e possibilitem o desenvolvimento integral que compreende todas as dimensões do ser humano, devemos romper a lógica que a escola só trabalha o cognitivo. As aprendizagens se dão tanto de forma individual ou coletiva. O processo de aprender não é depositar conteúdo na cabeça da criança, na educação infantil trabalhamos de forma diferenciada, ou seja, a aprendizagem é um processo dialógico. A criança expressa o que aprendeu através de diferentes linguagens não só a oral. O brincar é um meio em que elas aprendem e através dele potencializamos as suas aprendizagens. As crianças devem brincar em diferentes espaços, de diferentes formas e com diferentes materiais. Elas devem brincar com adultos, com seus pares ou brincar sozinhas, elas devem exercer o seu direito de escolha e as brincadeiras não devem ser escolhidas apenas pelo professor, as crianças podem e devem dar sugestões e ao final tomarem as suas decisões. A criança também tem que explorar e identificar a diferença entre diversos materiais que estão em seu ambiente. O professor deve acompanhar a construção dos aprendizados das crianças propondo, enriquecendo, e direcionando o seu planejamento para que ele esteja de acordo com os campos experiências. Não podemos limitar as aprendizagens, devemos dar desafios e sempre lembrar que essa criança está inserida em um contexto social, cultural e político. As diversas maneiras pela qual a criança aprende mostram a sua flexibilidade
As crianças também aprendem através dos seus cinco sentidos e o professor tem o papel de despertar a atenção para as janelas das oportunidades se abrirem. O aprendizado deve ter sentido e significado, as memórias devem estar sempre vivas quando se aprende algo. O professor deve propor experiências e vivências multissetoriais e ele também deve conhecer e observar as diferenças entre suas crianças, pois cada uma tem a sua subjetividade, peculiaridade e aprende de forma distinta, cada ser humano tem suas competências e habilidades e cada um tem seu tempo e meio de aprender. A criança tem que aprender a ouvir com atenção e o professor tem que falar de forma clara e sem pressa, para facilitar o aprendizado o professor pode fazer uma exposição visual do que está apenas falando, antes da alfabetização é importante incentivar a oralidade e a escuta. Devemos criar um espaço para ouvir e para acolher as nossas crianças, são nesses momentos de escuta e acolhimento que podemos identificar porque certas crianças têm mais dificuldades em aprender do que outras.
Muitos são os motivos pelo qual a criança não aprende, o professor tem que ter um olhar mais clínico para poder observar o que pode estar acontecendo. A criança pode estar passando por algum momento ruim ou novo em sua vida, separação de pais, morte de um ente querido, nascimento de um irmão, algum problema de saúde, a criança pode estar dormindo mal ou até passando fome. Esses motivos podem levá-la a ter dificuldades de aprendizagem, diferente dos transtornos que são persistentes a dificuldade é transitória. O transtorno é sempre diagnosticado por uma equipe multidisciplinar que envolve pediatra, neurologistas, psicopedagogos e até mesmos fonoaudiólogos. O professor também tem um papel importante, pois é ele que vai avaliar o percurso, o comportamento e aprendizagem dessa criança e se caso houver atrasos ele vai encaminhá-la para a coordenação da escola e essa encaminhar para os profissionais específicos. Muitos professores por não ter um olhar observador acabam rotulando as crianças e esse tipo de atitude gera desconforto e exclusão. A ciência tem mostrado que precisamos criar uma nova cultura escolar e perceber que as crianças aprendem quando vivenciam novas experiências e elas ficam registradas para sempre em sua memória de longo prazo.
Ensinar é um dos maiores desafios da humanidade e nós professores precisamos entender que as crianças precisam ser estimuladas a desenvolverem novas habilidades, você professor tem um papel fundamental na aprendizagem delas, você sempre será um referencial. Busque mais conhecimentos e saia da zona de conforto, estude mais, leia mais, tenha cada vez mais embasamentos teóricos para as suas pesquisas relacionadas à infância. Adquira saberes pertinentes para poder ajudar as crianças a desenvolverem-se de forma integral e não de forma fragmentada.