Educar na fé
Cresci acostumado a ver minha mão com o rosário em punho, livrinho de orações aberto e olhos fechados em comunhão interna. Cresci tomando a bênção de meus avós, beijando-lhes as mãos. Não tínhamos lá muita grana, mas minha infância foi rica em diversão e religiosidade. Meu pai, apesar de se mostrar durão e fazer jus ao apelido de "Boiadeiro", era devoto de Santa Luzia, que o livrou de uma enfermidade nos olhos quando criança. Minha mãe era do Apostolado da Oração e usava até uma faixa vermelha do Sagrado Coração de Maria. Talvez por essa religiosidade verdadeira, é que minha mãe se dava muito bem com os vizinhos evangélicos e espíritas, inclusive a gente morava bem pertinho do templo da Congregação Cristã do Brasil e ela nos pedia imenso respeito e muita educação. Mas, e hoje, é possível educar nossas crianças na fé? Estamos fazendo tudo o que está ao nosso alcance para que nossos filhos entendam e vivam de uma forma responsável e coerente a sua religiosidade, independente da crença professada em nosso lar? A juventude consegue viver de forma saudável e positiva as máximas do evangelho?
A grande verdade é que tudo ficou bem mais difícil. Quanto mais tecnologia, mais facilidades, e, quanto mais facilidades, mais distância da Espiritualidade. O mundo moderno está materialista demais e viver a fé e na fé, se tornou uma dificuldade; desta forma, como fazer com que nossas crianças tenham fé num Deus supremo e se tornem crentes se vivem quase que o tempo todo no meio de uma sociedade que aboliu os valores religiosos e de olhos atentos no celular com games e tantas mídias sociais atrativas? Poucas famílias ainda falam de Deus no dia-a-dia, isso quanto existe diálogo familiar no seu cotidiano. Por isso, é preciso que os pais se atentem que a fé ficou longe daquela fé que era passada de geração em geração. Essa garotada que está aí não se atrela mais a ideias e doutrinas, mas precisam viver experiências gratificantes.
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Precisamos mostrar aos nossos meninos e meninas porque acreditar em Deus é importante, é necessário, é fundamental, só que com exemplos pessoais e vivência naquilo que pregamos. O novo modelo de educação na fé requer transmitir à nossos descendentes experiências reais e não apenas ideias, dogmas e doutrinas. Mais do que ensinar, precisamos viver valores cristãos dentro de nossas casas. Mais do que impor normas e costumes, ajudá-los a desenvolver a responsabilidade pessoal . Essa meninada não quer saber de ladainhas, precisa de exemplos, principalmente na educação da fé, onde o mais decisivo é o exemplo. Nossos jovens precisam encontrar dentro da própria casa os seus modelos de identificação, para que entendam como devem se comportar na sociedade em que estão imersos, conseguindo viver a sua fé de forma saudável, alegre e responsável.