As empresas precisam se reinventar, não só na sua oferta de valor como, e principalmente, na sua estrutura organizacional. Uma empresa capaz de enfrentar as incertezas do futuro (e são muitas) deve ser resiliente para se adaptar rapidamente as mudanças do mercado, da tecnologia, do ambiente de negócio e de todas as outras (imprevisíveis) alterações que podem acontecer nos próximos anos.
Para ser resiliente uma empresa precisa ser flexível na sua estrutura organizacional e ter eficientes canais de comunicação internos. Deve usar seus recursos e energias para as atividades que efetivamente tragam benefícios para sua atuação tanto comercial como social.
As preocupações estratégicas de qualquer organização moderna devem ser quanto à eficácia (fazer apenas o que deve ser feito), a eficiência (usar o mínimo de recursos para fazer o que deve ser feito), preservar o bem-estar dos colaboradores (pessoas felizes trabalham melhor e precisam de menos supervisão) e, finalmente zelar pela comunidade em que ela está inserida.
Para cuidar essas dimensões, as empresas podem estruturar suas diretorias estratégicas substituindo as diretorias tradicionais, que acabam formando silos quase independentes (como se fossem organizações diferentes dentro da mesma empresa), criando quatro diretorias horizontais: Diretoria de Eficácia, Diretoria de Eficiência, Diretoria do Bem-Estar e Diretoria de Responsabilidade Social.
- A Diretoria de Eficácia busca revisar todos os processos internos para identificar aqueles que não agregam valor aos produtos/serviços e que não precisariam ser realizados. Essa diretoria precisa cuidar da aderência do produto/serviço às necessidades e expectativas dos clientes. É nela que se instalam as equipes de design e produtos. Seu objetivo maior é garantir que em todos os processos sejam executadas apenas as atividades que realmente precisam serem feitas para atender (e superar) as expectativas dos clientes (internos e externos)
- A Diretora de Eficiência deve buscar a redução dos desperdícios em todos os processos da organização, desde os de marketing passando pelos administrativos (RH, contabilidade, compras etc.) até os de produção. Devem-se eliminar os desperdícios de tempo, espaço, matéria prima e mão de obra. Reduzir ao mínimo (se possível eliminar) os estoques de insumos e produtos acabados. Reduzir os erros e o retrabalho através da análise das suas ocorrências e incorporação de ações para mitigar a suas ocorrências futuras. Alguns processos internos nasceram para atender exigências momentâneas e se perpetuaram, devendo então serem eliminados. Outros existem para atender exigências legais que também não agregam valor ao produto/serviço, mas precisam ser realizados
- A Diretoria do Bem-estar deve se focar na qualidade de vido do trabalhador dentro e fora da empresa. Seu objetivo é fazer com que a vida do trabalhador seja agradável, dentro das suas expectativas a tal ponto que ele não pense em sair da empresa. Um ambiente de trabalho agradável é aquele onde o trabalhador pode colocar em prática todas as suas competências e ser reconhecido por isso. Onde ele recebe desafios dentro da sua capacidade de realização. Trabalhadores contentes trabalham com mais dedicação e necessitam de menos supervisão (permitindo horizontalizar o organograma). Organização autônoma descentralizada (Decentralized Autonomous Organization - DAO) e organizações holocráticas estão surgindo nas novas, e inovadoras, empresas. Os casos de sucesso pressionaram para que as empresas tradicionais revejam suas estruturas de comando e controle tradicionais dando mais responsabilidade e autonomia para seus trabalhadores.
- A Diretoria da Responsabilidade Social deve cuidar para que a comunidade onde a empresa está instalada reconheça a organização como uma benfeitora da sua região. Ajudar na manutenção de equipamentos públicos, priorizar a contratação de colabores e prestadores de serviços locais, capacitar jovens e adultos em atividades que possam lhe gerar renda extra são algumas das ações que a empresa pode fazer para a comunidade local. Quando a empresa é apropriada pela comunidade local, fica mais fácil contratar trabalhadores locais, os riscos são reduzidos e a própria sociedade divulga as virtudes da empresa para o mercado. A responsabilidade social cobre também as questões de preservação e recuperação do meio-ambiente e da prática concorrencial ética e sustentável.
Todas essas mudanças são necessárias para atender as exigências de um mercado consumidor mais esclarecido e engajado e de legislações cada vez mais rigorosas quanto ao meio ambiente e as questões sociais. Não podemos usar os mesmos organogramas do século XIX para empresa do século XXI.
Inovação Social | Negócio de Impacto | Ecossistemas | Governança | Multiplicadora B | DE&I | ESG| ODS
3 aJá quero pra vida! E por ser minha praia, vejo a Diretoria de Responsabilidade Social como estratégica. Mas infelizmente vejo que as organizações ainda não se atentaram para esse tema com o olhar mais ampliado, e principalmente sem ideias pré concebidas e conceitos retrógrados.
Doutor em Desenvolvimento Sustentável c/ Tese em Inovação / Administrador e Economista / Professor / Consultor / Mentor / Coordenador de Tecnologia e de Inovação / Fomento em PD&I
3 aCaro Foina, muito boa a reflexão! E de tabela aponta caminhos, o que é mais importante ainda… parabéns!!!
Diretor de Relações Institucionais e Governamentais na Hilab
3 aMuito bom.
Gestor de Projetos Sênior da Crathus Assessoria e Gestão Empresarial Ltda.
3 aOlá Foina, excelente reflexão. Parabéns pela iniciativa. O problema que vejo é elaborar boas práticas para realmente eliminar os silos já que, na minha opinião, eles fazem parte do "modelo mental" de muitos executivos, além do que são "núcleos de poder" dentro das organizações e ao eliminar esses núcleos tira-se muitos da "área de acomodação". Ótimo tema para a reflexão.