Em que pensam os publicitários?
Hoje vi um anúncio de uma empresa importante, grande e amplamente conhecida que dizia: "Ofertas Top 10".
Posso tentar imaginar o que o publicitário que escolheu isso pensou mas, analisemos calmamente a chamada.
Ao dizer que as sua ofertas são "Top 10", exatamente o que se está a dizer é que o que ele oferece está numa lista em pé de igualdade com outros 9. Isso é o literal. Na prática, entretanto, estamos acostumados a ver esse tipo de declaração somente quando o anunciante está no fim da lista, afinal, se ele estivesse entre os 5 ou 3 primeiros, o anúncio seria "Top 5" ou "Top 3", o que causaria muito mais impacto.
Mas mesmo "Top 10" seria ótimo se estivéssemos contando com um universo de, no mínimo, centenas, mas não é o que acontece no nicho de mercado que esse anunciante ocupa. Provavelmente no mesmo nicho que ele, se muito, conseguiríamos citar outros 9 para completar a lista, o que, por fim, quer dizer que ele não se destaca em nada sequer na sua própria lista!
Vejam que a campanha simplesmente se utilizou da chamada "Ofertas Top 10", sem nenhuma outra informação ou sequer vínculo dessa chamada com o que se exibiu a seguir.
Naturalmente os leitores entendem que eu não posso divulgar o anunciante ou citar qualquer referência ao anúncio feito (embora não seja nada difícil encontrá-lo).
Resta, de qualquer forma, a conclusão de que o publicitário num dia infeliz não pensou direito no que fazia e criou um anúncio, no fim das contas, negativo para sua empresa.
Certo, a vida é dele, eu não tenho nada a ver com a empresa dele (exceto ser um freguês muito eventual) mas a lição para mim mesmo é importante e inegável:
- Se tiver que fazer algo, faça bem feito. O mal feito de hoje será um impiedoso perseguidor por muito mais tempo do que o gasto para cometê-lo.
(Eu costumava dizer "faz mal feito, faz duas vezes", numa alusão recursiva que nem todo mundo entendia e então acabei por deixar de dizer, mas que bem poderia vir a calhar agora.)