Em respeito à Saúde dos Cuidadores

Em respeito à Saúde dos Cuidadores

Quem cuidará dos cuidadores? 

Rotinas exaustivas, situações invisíveis, mau estar velado. Como evitar que o cuidador se torne também, paciente? Hoje, falaremos sobre a qualidade de vida dos cuidadores informais.

São pessoas que assumem essa função dentro de suas famílias, seja o paciente um pai, um filho, companheiro ou outro ente querido. Elas acumulam responsabilidades e sobrecargas que comprometem a saúde e a qualidade da própria vida. Desencadeando muitas vezes, sintomas de depressão e ansiedade, estafa física e mental. 

Mas, de quem é essa causa? Como a sociedade, o governo, as empresas, as próprias famílias, lidam com esse desafio? São situações cada vez mais presente nos lares, e na vida, de muitos brasileiros. A pretensão é observar, meditar e questionar sobre paradigmas, cultura e comportamentos sociais aos quais esses cuidadores estão submetidos.

Como adotar um verdadeiro senso de comunidade, que atenue a rotina dessas pessoas? Como contribuir com uma realidade coletiva mais humana, com maior equilíbrio e bem-estar integral para todos? 


Saúde é um direito fundamental para todas as pessoas.

A OMS (Organização Mundial de Saúde) prevê que haverá no Brasil em 2030, 2,7 milhões de diagnósticos de Alzheimer, doença neurodegenerativa comum em idosos. Já o Instituto Inclusão Brasil, publicou em abril deste ano, ter havido um aumento expressivo de quadros de autismo da infância à adolescência, em todo o mundo: 4x mais que há 20 anos.

Essa elevação de doenças mentais, percebidas tanto em crianças como na terceira idade, exige também que haja quem cuide de forma dedicada, desses pacientes. Uma posição ocupada na maioria das vezes, por mulheres. São elas que assumem essa função dentro de suas famílias.

Mães, esposas, filhas, lideram a responsabilidade por vezes de forma solitária, e atravessam desafios invisíveis não encontrando suporte ideal que seja capaz de atenuar sua rotina.

E quem cuidará delas, afinal?

Somente a empatia é capaz de viabilizar soluções que empoderem essas mulheres. De pessoas à instituições - sejam publicas ou privadas. Somente havendo uma atuação conjunta: leis eficazes, consciência coletiva, mobilização social, equidade, compaixão, educação, redução da indiferença, do preconceito e de julgamentos que enfraquecem o sistema de cuidado e a saúde dos envolvidos - tanto do paciente como do cuidador.

Os cuidadores sofrem e adoecem silenciosamente. Reprimem sintomas, e por vezes, se culpam. Cuidar de uma pessoa com necessidades complexas, significa um conjunto de desafios, que agravam a qualidade de vida, sujeitando o cuidador a elevados níveis de sobrecarga física, emocional e social. Situações que envolvem a dinâmica, podem causar adoecimento psíquico, baixa satisfação pessoal, cansaço extremo, limitações profissionais, e dissabor com a própria vida.

Controlar a hora dos medicamentos, acompanhar consultas e terapias, mediar o conforto, viabilizar as refeições, trocar curativos, garantir hábitos de higiene, acolher emocionalmente, atenuar as crises, fazer companhia. Amar incondicionalmente. Conciliar com os afazeres do lar, e dentre as preocupações com os sintomas do paciente, tentar cuidar de si mesmo. 

Essas eram as atribuições da minha mãe, que a cada ano, se tornavam mais desafiadoras, diante da evolução do quadro de demência do meu pai, que por 12 anos, conviveu com o Alzheimer. Minha mãe, foi sua cuidadora permanente por tempo integral por muitos anos, sofreu de depressão e ansiedade e por muito pouco, não adoeceu.

Essa dinâmica acontece em muitos lares. Seja por conta de pacientes com demência, doenças crônicas, qualquer limitação ou comorbidade. Seja idoso, adulto, ou criança. Seja no cuidado de alguma deficiência física, ou mental. Algum transtorno que torna o paciente, dependente, e que em algum grau, o incapacita ou desorganiza sua qualidade de vida.

Trata-se de situações de extrema complexidade, que envolvem múltiplas restrições, elevam o custo de vida, esbarram em preconceito social e isolamento, e podem limitar tanto o paciente, como o cuidador.

É necessário empoderar essas pessoas. Apoiar sua saúde mental. Cuidadores que muitas vezes não tem escolhas, nem suporte familiar. Que comprometem sua carreira, sua vida social, que atravessam restrições financeiras, que impossibilitam inclusive, o investimento no autocuidado.

Em cada lar, existe um desafio. Mas, quando isso envolve saúde, é importante existir generosidade e um sistema que acomode essa parcela da população, cada vez mais crescente.

Estimular não somente pacientes, mas cuidadores a iniciativas de bem estar. Buscando meios de revigorar o entusiasmo pela vida. A mobilização de entidades, o letramento a cuidadores, o suporte emocional, programas dedicados. Horários de trabalho flexíveis, e empatia.

Discursos oficiais polidos que ocultam indiferença, são sintomas sociais comuns. Nessa contramão, que aconteça o sorriso sincero, uma esculta acolhedora e vontade real de apoiar. Apesar de simples, essas iniciativas surtem efeitos profundamente positivos. Por vezes é preciso somente falar de outro assunto e "respirar do lado de fora". A depender do grau do cuidado, nem as noites de sono são plenamente possíveis ao cuidador.

Entramos em dezembro, mês de festas naturalmente eleito para reflexões e posturas mais humanizadas. Que seja hora de integrarmos para todos os meses, essa fraternidade.

E se você é quem cuida de alguém, saiba que jamais esteve só. Sua força se revela na perseverança e no cuidado, do que significa o verdadeiro amor. Em qualquer intervalo, faça algo por você, escute uma música bonita, olhe para o céu, escreva, respire profundamente. Viva um dia por vez. A vida elege missões incompreendidas, mas que fortalecem a expressão de ser. É promovendo um passo por vez, que tudo se realiza com a leveza que possível for.

Desejo que viva um instante de cada vez, sempre que possa vá à natureza.

Pelo fluxo da saúde, dos fatos e da vida.

Fontes:

Agência Senado

Veja Saúde

Instituto Inclusão Brasil

www.saudenofluxo.com.br


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