Embreagem: Funcionamento, Dicas de Uso e Aplicação.
1. FUNCIONAMENTO
A embreagem ainda terá os seus anos de glória, juntamente com os motores a combustão interna. Enquanto as lacunas dos veículos elétricos que utilizam o inversor de frequência para interferir na moderação da velocidade do trem de força não são preenchidas os kit’s ganham cenário de aplicação e por tal relevância alguns veículos já utilizam até mais de uma (embreagem) os famosos “dual clutchs” que são pioneiros quando o assunto caminha para alto desempenho e tempo de acoplamento entre marchas.
A embreagem é um componente do trem de força (Power Train) que tem como função principal transferir a rotação e o torque do motor (Potência Disponível) em força trativa fazendo o uso de atrito para atender as características de: aceleração, gradiente de rampa e velocidade. Esses parâmetros são idealizados previamente em projeto e “nascem” antes mesmo do projeto do veículo estar pronto. Basicamente o conjunto é construído de forma a atender os pré-requisitos formulados na fase do ante-projeto.
Basicamente a embreagem possui 4 funções principais:
- Transmitir torque do motor para transmissão;
- Interromper o fluxo de torque quando necessário permitindo a troca de marchas na transmissão;
- Controlar e modular o torque transmitido entre o volante e o platô gerando conforto durante a fase de acoplamento e liberação do acionamento do pedal de embreagem;
- Atenuar a chegada da vibração torcional do motor ao sistema de transmissão.
Os principais componentes de um kit de embreagem estão representados abaixo:
Figura 1 – Embreagem e seus componentes
Fonte: Notas de A. - Prof. Leandro Perestrelo
O “kit “quando é projetado considera uma capacidade de transmissão de torque máxima corrigido por um coeficiente de segurança de transmissão que é dado em função da utilização do veículo (moto, passeio ou comercial). O dimensionamento é dado em função das seguintes variáveis: torque a ser transmitido, número de faces do disco, raio médio do disco utilizado, coeficiente de atrito material utilizado no conjunto e a carga exercida pela placa de pressão.
Entre o “pé do motorista” e “rolamento de embreagem, atuador ou colar” como é popularmente conhecido, existe um sistema de acoplamento da embreagem que tem como função traduzir as expectativas do condutor até a mola membrana (componente da embreagem) para realizar a interrupção ou não do fluxo de torque gerado pelo motor a ser transferido pela transmissão até a roda. Em transmissões automatizadas o processo é similar, porém o acionamento do motorista é substituído por um robô devidamente calibrado e sensorizado.
Os sistemas de acionamento mais comuns são via: Cabo, Varão, Hidráulico, Semi- Hidráulico, Semi-Hidráulico com Servo Atuador, Eletro-hidráulico, Eletromecânico e Pneumático. A carga de debreagem (força exercida no pedal transferida ao platô através da mola membrana) é dado em função do desgaste do disco, curso de acionamento do mancal/colar e o tipo de sistema utilizado. Valores até 18kg para veículos comerciais 16 KG para veículos de passeio/pickups são aceitáveis de acordo com a literatura automotiva.
É um mito dizer que a durabilidade de um kit de embreagem é dado em função da quilometragem de utilização deste veículo e é uma verdade dizer que manter pressionado o pedal da embreagem é prejudicial ao acoplamento do conjunto.
É correto afirmar que kits de embreagem possuem Desgaste do material de atrito que é medido em: Milímetros Cúbicos de material desperdiçado no acoplamento em função do trabalho de atrito exercido pelo conjunto em Megajoules (mm³/MJ). Esse desgaste é proporcional a uma série de variáveis influenciadas pelo estilo de condução e o tipo de pista que o veículo percorre, tal desgaste faz com que a força de debreagem seja maior ao longo da vida útil dos kits.
O trabalho de atrito a ser realizado pela embreagem é influenciado por algumas variáveis como: gradiente de rampa, raio dinâmico do conjunto (pneu/roda), tipo de pista, relação de marcha e relação final, rendimento do power train, rotação do motor e da transmissão no ato do acoplamento, tempo de deslizamento durante a fase de acoplamento, torque transmitido pela embreagem, temperatura entre outros aspectos construtivos.
2. DURABILIDADE
Em resumo, é correto afirmar que a durabilidade do kit é função do:
- Motorista: Estilo de condução e Habilidade.
- Ambiente: Inclinação de pista; tipo de pista; frequência de partidas; quantidade de partidas.
- Veículo: Momento de inércia; Torque do motor; Dimensionamento do conjunto: tamanho, coeficiente do material de atrito, modulação; Sensibilidade do acelerador e Isolação acústica de ruídos e vibrações.
Essas diferenciações são palpáveis do ponto vista prático: Imagine partir um veículo em asfalto liso ou em areia fofa, condutor experiente ou recém habilitado, veículo urbano ou rodoviário, veículo parte no plano descarregado ou em rampa carregado e etc.
Um condutor destreinado pode acelerar o processo de desgaste do material de atrito em até 80%.
Figura 2 – Embreagem – Fim de vida
Fonte: Autor
3. DICAS PARA APLICAÇÃO
- As marcas que fornecem tecnologia e desenvolvimento para montadora são: LUK, ZF SACHS, VALEO.
- A consulta ao catálogo do fabricante é de extrema importância para aplicação.
- O uso de embreagem recondicionada e remanufaturada não é indicado.
- Os conjuntos que trabalham “a seco” deverão estar isento de fluídos proveniente do motor ou transmissão.
- O aperto do componente platô deverá ser devidamente aplicado e distribuído para que não haja desequilíbrio e empeno da peça durante a aplicação.
- O manejo, transporte e armazenamento dos kits são de fundamental importância para garantia do funcionamento do conjunto.
- A superfície do volante deverá estar devidamente lisa e com índices de rugosidade aceitável para garantia do funcionamento do conjunto.
- Conferir o sistema de acionamento é de vital importância para o sistema bem como a sua devida manutenção, troca de fluidos, cabos e outros.
Figura 3 – Aplicação Embreagem Honda Fit 1.4 2008
Fonte: Autor
4. DICAS PARA O USO
- Evitar partir o veículo em rampa.
- Evitar fazer modulações em rampa no intuito de “queimar” embreagem em busca de torque e potência.
- Evitar descansar o pé no pedal de embreagem.
- Conciliar o giro do motor ideal de acoplamento para o tipo de pista e inclinação desejada na partida.
- Executar revisões periódicas no veículo.
4. CONCLUSÃO
É possível perceber o quanto que as características gerais de construção da embreagem e principalmente o condutos influência na vida útil dos kits, bem como a responsabilidade pela aplicação e manutenção sistema é de vital importância.
Na dúvida, consulte sempre um especialista e nos mais é só curtir o prazer de andar sobre rodas.