Empatia e os universos distantes

Empatia e os universos distantes

Recentemente, fui convidado a fazer uma palestra para um grupo de líderes do Graacc como encerramento da sua escola de liderança.

Ao longo do ano, eles tiveram diversos encontros com foco em questões relacionadas à criação e ao desenvolvimento de um ambiente de maior segurança psicológica. Curioso, pois foi a primeira vez que tive a oportunidade de trabalhar esse tema em um hospital, local onde as primeiras pesquisas sobre o assunto, conduzidas pela Dra. Amy Edmondson, começaram — mas isso é conversa para outro momento.

Após uma conversa inicial com as profissionais responsáveis pela criação e condução dessa escola, para entender melhor o contexto e como poderia ajudá-los, chegamos ao tema empatia. Eu sei, empatia é um tema tão debatido; todo mundo sabe o que significa. Sim, é verdade, mas isso não muda o fato de que poucos de nós conseguem utilizar essa capacidade com maestria e naturalidade.

A ideia central aqui foi a de que cada um de nós tem sua própria história.

Peço permissão para te convidar a refletir sobre a sua própria história, só um pouquinho. Para você estar aqui, agora, neste momento, com certeza enfrentou muitas batalhas — batalhas que te marcaram e moldaram a pessoa que você é hoje. Tanto pessoais quanto profissionais, ao longo dessa jornada você contou com o apoio de pessoas que te encorajaram, que te sustentaram, que te deram a mão quando você precisou e que a soltaram quando perceberam que o que você precisava era apenas um pouco de autoconfiança para seguir com suas próprias pernas. Assim como eu, você também deve ter enfrentado batalhas que perdeu — algumas que podem ainda doer —, mas que te tornaram mais forte e sábio.

Essas experiências, apesar de comuns a todos nós, nos tornam únicos. Cada um carrega dentro de si um universo próprio, uma história singular, com vivências e saberes únicos. E, ao falarmos sobre criar ambientes onde as pessoas se sintam vistas, desafiadas, mas também reconhecidas por seus esforços e contribuições, onde possam se expressar livremente, estamos nos referindo à capacidade de acessar esses universos que são, paradoxalmente, tão próximos e tão distantes de nós. Sob essa ótica, a empatia é, sem dúvida, uma de nossas principais ferramentas.

Talvez o aspecto mais desafiador para exercer a empatia seja silenciar os nossos julgamentos, até porque eles surgem de maneira muito rápida. Nesse sentido, a escuta atenta e ativa pode ser a nossa melhor chance de acessar esses universos e construir, em conjunto, as melhores soluções para determinadas situações, criando um ambiente de aprendizado e engajamento.

O GRAACC tem como propósito, juntos, garantir ao maior número possível de crianças e adolescentes todas as chances de cura do câncer infantojuvenil, com qualidade de vida. É o primeiro centro médico brasileiro especializado em oncologia pediátrica a receber a acreditação internacional JCI, reconhecendo a excelência e a segurança de seus procedimentos e práticas.

Meu profundo agradecimento por essa oportunidade e minha mais sincera admiração a esses profissionais que se dedicam a uma causa tão nobre.

Caio Camargo

Especialista em inovação e gestão no varejo | LinkedIn Top Voice | Palestrante e autor bestseller | Apresentador do [varejocast]

2 sem

Excelente texto. Ao meu ver, vivemos em um mundo onde todos tem facilmente ferramentas para espalhar julgamentos alheios, às vezes somente pela vontade de ser conhecido (e reconhecido). Ter autocontrole tanto para evitar, como saber assimilar julgamentos é um dos skills mais importantes nos dias de hoje.

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