Empreendedorismo no novo governo Lula: as práticas ESG como fator de sobrevivência das empresas
Imagem: Agência Brasil - EBC / Tauan Alencar

Empreendedorismo no novo governo Lula: as práticas ESG como fator de sobrevivência das empresas

A reeleição de Lula trouxe otimismo para muitos, mas, ao mesmo tempo, preocupações. Especialmente entre empreendedores e empresários, há certa insegurança sobre o impacto que o novo governo terá sobre os negócios, e sobre o que esperar do futuro da economia nacional.

A meu ver, o discurso de posse realizado no dia 1º de janeiro é uma confirmação de que há, sim, respaldo para esperar tal impacto. Se ele será positivo ou negativo, somente o futuro dirá. Mas, acredito firmemente que, sob uma perspectiva microeconômica, a resposta dependerá essencialmente da capacidade de reação e adaptação de cada empresa.

Explico: já há algum tempo, venho defendendo que a adoção de práticas ESG (práticas ambientais, sociais e de governança), embora não seja obrigatória para a maior parte das empresas, vai muito além da busca por um diferencial competitivo, e, em pouco tempo, se converterá em um fator determinante para a continuidade dos negócios.

Em determinado momento, durante o discurso de posse, Lula defendeu que seu governo irá incentivar o empreendedorismo, sem, contudo, deixar de lado as questões sociais envolvidas. Esse ponto de vista reflete e sumariza aquilo que está no cerne das práticas ESG: não se trata de filantropia, mas de, a partir de um propósito claro, garantir o crescimento e o desenvolvimento, de forma sustentável.

O termo “sustentável”, nesse contexto, vai muito além da questão ambiental. Acredito que mesmo atividades econômicas essencialmente poluentes, como aquelas relacionadas aos combustíveis fósseis, podem produzir um impacto positivo, e promover a sustentabilidade, como algo necessário à sua própria sobrevivência.

A sustentabilidade, sob uma ótica mais ampla, trata-se de suprir necessidades atuais, sem prejudicar as oportunidades futuras; implica contemplar, para além do ambiente, também os aspectos sociais e econômicos. E é aqui, na intersecção entre essas três formas de sustentabilidade, que se revela o ESG.

A partir de 2023, as empresas de capital aberto terão o dever de apresentar seus relatórios de sustentabilidade, expondo as práticas ESG adotadas, e demonstrando os critérios adotados para a análise. Isso é resultado da Resolução 59 da CVM, republicada em 2022, a qual vai ao encontro do discurso de posse, em defesa do crescimento sustentável.

Essa obrigatoriedade tende a repercutir sobre toda a cadeia de fornecedores que atendem a essas empresas de capital aberto, pois a sustentabilidade deve estar presente em toda a cadeia.

Com isso, me parece claro que a adoção de práticas ESG pelas empresas brasileiras não é algo que surge exclusivamente no âmbito político, ou que se limita a determinado posicionamento (embora os três pilares tenham surgido reiteradamente ao longo do discurso de posse).

Trata-se de uma tendência mundial irrefreável, que será fator determinante para a sobrevivência das empresas nos próximos anos, independentemente do ramo de atuação.


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