A empregabilidade para a Geração X em tempos de Reforma Previdenciária: você contrataria o Jorge Paulo Lennam?
A terminologia de Geração X foi criada por Jane Deverson ao realizar um estudo em 1964 a respeito da juventude britânica. Depois disso, o termo somente viria a ser popularizado pelo romance "Geração X: contos para uma cultura acelerada" (1991), do autor canadense Dou-glas Coupland sobre os jovens do final dos anos 1980 e o seu estilo de vida. E foi a partir da análise dessa geração, que foram surgindo outras gerações como é o caso da Z, da Y e da mais recente, a Flux.
Por estar na faixa etária compreendida pelo estudo, sou uma integrante da geração X, a favor da reforma na previdência social, pois me considero muito capaz, atuante e pró-ativa para ser afastada do mercado de trabalho tão cedo. Mesmo sabendo que, por ser professora, serei também incluída na mesma, mas penso que os governantes terão que repensar uma forma de inserir ou manter o trabalhador que estiver acima dos seus 45 anos de idade no mercado de trabalho. Por que 45 anos? Você deve estar se perguntando... Há um tempo recebi uma informação que os "headhunters" ou as empresas de recolocação profissional têm recebido a incumbência do setor empresarial para procurarem apenas profissionais que estejam entre ou até essa faixa etária. O que é um absurdo! Principalmente se considerarmos que o jovem hoje só entra no mercado de trabalho após a conclusão do seu curso acadêmico, a não ser que esse faça um curso técnico que o gabarite para exercer alguma profissão, porque senão, só poderá fazer parte do setor produtivo, se for diplomado. Ou seja, ao contrário de nós, que começamos a trabalhar bem mais cedo, terá pouco tempo para trabalhar e constituir um patrimônio para garantir uma qualidade de vida melhor até a sua aposentadoria. E se essa tendência mercadológica reforçar esse estigma, que só os que têm até 45 anos tem capacidade para trabalhar nas empresas, aí teremos uma população de trabalhadores desempregados e sem condições de pagar as suas contribuições previdenciárias ou até mesmo de se aposentar. O que seria muito temerário para o governo e para a população, porque sem contribuição, como os governantes poderão arcar com os ônus da saúde e da previdência social?
É bom o governo e as empresas criarem um mecanismo para que revejam essa política e passem a ver que o profissional acima de 45 anos está em plena produtividade, com pensamentos que contribuem e agregam ainda mais ao setor produtivo. Porque esse tem mais experiência, resiliência, vontade, formação profissional qualificada e objetivos palpáveis para si e para a sociedade, porque já viveu em diferentes momentos de crises, conseguiu manter-se e, geralmente, gerencia bem a empresa-família que possui.
Lendo uma matéria na revista HSM Management, vi que concatenada a essa geração X, há a Geração Flux onde essa é definida como "um grupo de pessoas com mentalidade aberta à instabilidade e capaz de tolerar a redefinição de profissões, dos modelos de negócio e das diretrizes, em geral. Elas ligam-se em missões e têm todas as idades; trata-se de definição mais psicológica do que demográfica.” Diante dessa definição, podemos ter uma ideia do profissional que é necessário agora e futuramente nas empresas, teremos que ter todas as faixas etárias buscando um só movimento e que saibam lidar com todas as "tensões, mudanças e situações no dia a dia de uma empresa. E quem tem mais capacidade para lidar com isso? Os acima de 45 anos, of course! Os abaixo dessa faixa etária tem a tão esperada energia, mas tem pouca experiência e maturidade para conseguir ver soluções a médio e longo prazo, por serem muito "instantâneos" e desistirem logo dos desafios. Recentemente teve uma pesquisa registrando que os jovens não querem "vestir" a camisa das empresas por não quererem se ligar por muito tempo a uma coisa, pois, querem mais é viajar, viver novas experiências e por isso não querem perder muito tempo com problemas dos seus empregadores. Será que esse é um perfil que as empresas precisam neste instante. Pois, a todo tempo vivemos momentos de crises e são essas que fazem as empresas buscarem soluções para se superarem e crescerem no mercado exigente que temos. As gerações X ou Flux sabem muito bem o que é isso e tem mostrado que as companhias que só querem no seu quadro profissionais jovens, talvez não conseguirão se reinventarem e nem sobreviverem por muito tempo no mercado.
Temos como exemplo a AMBEV que é uma empresa que tem conquistado o mundo. Para o Jorge Paulo Lennam, um dos seus fundadores, conseguir ser um dos homens mais ricos do mundo ele se apegou a quê? Na sua experiência, na resiliência ou no saber aproveitar-se da força de mão de obra jovem que é mais barata e também mais "descartável"? Se fosse apenas à mão de obra abaixo dos 45 anos, certamente ele não chegaria onde está! Quantos anos ele tem? Hoje ele é uma sumidade em gestão, paga-se caro para ouvi-lo e é UM VELHO para o mercado de trabalho, segundo a informação anterior, correto? Então, por que ouvi-lo? Por que não descartá-lo como a maioria das empresas quer fazer com os profissionais acima de 45 anos? O que será dos profissionais de 50 e 60 anos daqui para frente? Certamente, esses empreendimentos que têm praticado essa política gostaria muito de ter um CEO como o Lennam em sua equipe, certo?
Destarte, como fizeram com a Lei Nº 8.213 chamada de Lei PCD, que coatou as empresas a contratarem portadores com deficiência para integrar também o quadro funcional, o que mostrou ser um grande acerto, pois, têm pessoas competentíssimas que estavam fora do mercado de trabalho por não terem tido oportunidade, o que agora foi revertido a favor deles e das próprias empresas que os contratam. Assim, o governo e os nossos legisladores deveriam estabelecer uma lei semelhante exigindo do setor empresarial e industrial, que tenham em seu quadro de profissionais, pessoas nas faixas etárias entre 45 e 65 anos. Assim, o setor ganharia uma força de trabalho mais qualificada, dedicada e dessa forma, esses empregadores ajudariam inserir e manter essa categoria no setor laboral até conseguirem se aposentar, ou até mesmo, continuar tendo uma vida mais digna até o fim do seu período laborativo. Não é o que ocorre com o Lennam, que tem 79 anos? E se ele fosse retirado do mercado aos 45 anos, o que seria da AMBEV?
Isabel Cristina Ribeiro Côrtes - Tel: (31) 99305 0676
Bibliografia
- Revista HSM Management. As próximas 2 horas e a Geração Flux. ,p 20-25. Ed 109.
Diretoria Comercial, Gerência Regional, Key Account, Operações de Vendas, Planejamento e Gestão.
5 aExcelente !!