Enquanto espero a vacina...

Enquanto espero a vacina...

Tempos atrás, quando a pandemia dava sinais de arrefecimento, lembro que eu acompanhava os gráficos que uma pessoa postava aqui no LinkedIn. Não sei exatamente a formação ou especialização dele, mas me parecia ser mais de exatas do que biomédicas. Mas os gráficos eram bem claros, e muitos seguidores aguardavam ansiosamente os seus comentários, nos quais me incluo. Trabalho árduo o dele, diário, sempre com informações que refletiam a “torcida” de todos para que a pandemia acabasse logo.

Durante um tempo, essa foi a tônica das postagens, sendo seguida também por inúmeros comentários de seus leitores.

Mas eu fui percebendo que a pandemia precisava de mais análises, já que ela, por ser algo novo e desconhecido, não seguia, exatamente, tendências estatísticas. A falsa sensação de que tudo começava a entrar nos eixos e estava controlada, fez com que comentários sobre a “segunda onda”, que já se fazia presente na Europa, fossem ignorados. Me lembro de ter insistido para que o isolamento e distanciamento, o uso de máscaras e álcool gel e sabão fossem mantidos, apesar da euforia da maioria dos comentários, vendo as curvas dos gráficos caindo no país.

Para minha surpresa, uma pessoa qualquer de Curitiba, fez um comentário agressivo em cima do meu, dizendo que eu não precisava ficar “insistindo nas medidas de prevenção”, já que todos ali as sabiam de cor, tendo total adesão do dono do post. Achei aquilo estranho. A pandemia, como mencionado no começo desse artigo, não era uma questão matemática, muito menos seguia de acordo com nossos desejos e torcida. era preciso mais, e reforçar aquilo que pensávamos que sabíamos de cor era não só desejável, mas imprescindível.

Por todos os bons trabalhos prestados pelo estatístico até então, e mesmo decepcionado com a orientação que ele NÃO DEU para seus leitores de que, SIM, as medidas de prevenção deveriam continuar, resolvi deixar de segui-lo, já que, mesmo torcendo para "um dia a menos para o final da crise", sem que os esforços fossem mantidos teríamos um agravamento da situação. E nem era preciso ser vidente, cientista ou qualquer coisa do tipo, bastando observar a história e acompanhar o desenrolar da pandemia na Europa e nos Estados Unidos, que haviam se encarregado, mais uma vez, de nos mostrar o que nos aguardava. Porém, como brasileiros esperançosos e crentes nos desejos que irão se realizar como num passe de mágica, sempre é mais fácil “torcer” de braços e dedos cruzados do que antever a situação e antecipar-se na prevenção.

Pois é. Estamos hoje vivendo a aceleração dos casos, das mortes, das internações críticas, e tudo isso vem da inconsequência e falta de civilidade de muitos, que abandonaram as medidas de prevenção muito antes da hora, fizeram festas, churrascos, baladas, lotaram praias e foram onde não precisariam ir, e pior, como a pessoa da Curitiba julgava saber, sem as devidas medidas de proteção.

Hoje culpa-se o Governo, os órgãos públicos e outros serviços que fizeram e estão fazendo a parte que lhes cabe, indo contra todos, tanto os que querem o lockdown como os que querem liberdade para sair e viver. Ninguém tem razão nos seus argumentos, mas todos podem e devem fazer as suas partes, e tentar enxergar que o real inimigo é o vírus, e não as pessoas, por mais diferentes que sejam as suas necessidades e opiniões.

Como não dá para combinar com o vírus, só nos resta esperar a vacinação, e "torcer" para que o vírus não se transmute a ponto de se tornar indestrutível.

Entre para ver ou adicionar um comentário

Outras pessoas também visualizaram

Conferir tópicos