Crise é momento para líder se destacar, afirma filósofo

"Nosso país vive uma coisa estupenda, que é um momento febril. Não há cura sem febre para a maior parte das patologias.” É assim que o filósofo, escritor e professor universitário Mario Sergio Cortella descreveu o momento atual da economia e política brasileira em palestra sobre perspectivas e oportunidades realizada na quinta-feira (5), último dia da Feira Apas (Associação Paulista de Supermercados) 2016, em São Paulo.

Para o londrinense nascido em 1954, crises são momentos nos quais é possível identificar quem é capaz de encabeçar processos de fortalecimento. Em tempos assim, é principalmente importante que o líder inspire pessoas e atue com cinco competências essenciais, segundo Cortella.

O filósofo as caracteriza como abrir a mente, elevar a equipe, inovar a obra, recrear o espírito e ser capaz de empreender o futuro. Com várias obras publicadas, como o livro "Não nascemos prontos" (2006), Cortella já foi Secretário Municipal de Educação de São Paulo (entre 1991 e 1992) e inclui em seu currículo como professor aulas no Departamento de Teologia e Ciências da Religião e de pós-graduação da PUC-SP, onde atua há mais de trinta anos, além de passagens pela Fundação Dom Cabral e Fundação Getúlio Vargas.

MENTE ABERTA
A velocidade das alterações na sociedade exige do grande gestor a atitude de manter a mente aberta. "A pessoa diz: Estou no negócio há 20, 30, 40 anos, já tenho conhecimento. Cuidado! A coisa mais perigosa no mundo é a arrogância, a suposição de que já se está pronto".

Cortella relembrou os varejistas presentes no evento como o cenário mundial mudou em 25 anos. Em 1991, o Ocidente enxergava como seu adversário o comunismo, não o Estado Islâmico. Naquela época, Fernando Collor era presidente e a inflação chegava a 3.000% ao ano, de acordo com o escritor. "O varejo muda, a condição do mundo muda, a maneira de se fazer negócio muda. Quando se perde essa perspectiva, perde-se a capacidade de se liderar".