Entendendo as causas da estagnação econômica da Amazônia

Entendendo as causas da estagnação econômica da Amazônia

           Paulo Guedes, o extraordinário ministro da Economia, quando afirma em suas palestras, que enquanto se concentrar recursos no governo federal, a Federação não existe, o que prova que a transação política está inacabada entre outras falhas. Ao bom entendedor, isso quer dizer de maneira bem clara que o Regime Federativo não passa de uma peça institucional decorativa e nunca foi levado em consideração. Essa é uma verdade que os amazônidas sabem e veem sofrendo com perdas irrecuperáveis a longo tempo. Os Estados amazônicos, Pará, Amazonas, Acre, Amapá, Rondônia e Roraima, estão sendo ignorados pelas elites políticas desde a Proclamação de República, substituídos pela Amazônia geográfica, a Floresta Amazônica, s Selva Amazônica, a Floresta Equatorial da Amazônia, a Floresta Pluvial ou pela Hiléia Amazônica, pois, é o que interessa para os governos brasileiros realizarem experiências desastrosas e utilizarem a região, como medida de troca, e os países desenvolvidos tentativas permanentes de saque e de domínio da região.

           Para os governos brasileiros e os países desenvolvidos, só existe a Amazônia Floresta, sem seres humanos, sem centros urbanos, sem Estados, para nossa tristeza e revolta, o grande responsável por essa anomalia é o governo brasileiro, que sempre tratou a Amazônia como uma floresta para garantir ajuda e recursos do exterior para pagar suas dívidas irresponsavelmente feitas.

           O exemplo mais contundente dessa verdade foi quando o Ministério do Meio Ambiente, em setembro de 2009, anunciava oficialmente o encerramento do Programa Piloto para Proteção das Florestas Tropicais do Brasil, depois de quase duas décadas de atividade. Definido outrora pelo Ministério como “[...] o maior programa de cooperação multilateral relacionado a uma temática ambiental de importância global e o maior programa mundial para a proteção de florestas tropicais e manejo de seus recursos em um único país [...]”, o PPG-7 foi uma iniciativa em conjunto, dos sete países mais industrializados da época (G-7), mais os Países Baixos, o Banco Mundial e o Governo Brasileiro.  

           Sob a justificativa de reduzir a taxa de desmatamento na Amazônia, na Cimeira de Houston, em 1990, o G-7 lançou o programa, acolhido favoravelmente pelo Brasil, comprometendo-se a financiar uma série de projetos que deviam respeitar cinco linhas de ação: a experimentação e a demonstração de atividades que visam conciliar a conservação e o desenvolvimento; a conservação de áreas protegidas; a demarcação de terras indígenas; a consolidação das instituições públicas responsáveis pelas políticas ambientais; e a pesquisa científica. A parceria entre a comunidade internacional e o Brasil era baseada em quatros objetivos: ajudar a preservar os enormes recursos genéticos que estas dispõem; reduzir a contribuição das florestas brasileiras na emissão de gás carbônico, fornecer um exemplo de cooperação entre os países desenvolvidos e em desenvolvimento.

           O Programa, como sempre foi seu objetivo, contribuiu para engessar a economia amazônica apoiando a criação de mais de 100 milhões de hectares de áreas protegidas na Amazônia e Mata Atlântica, nos quais estão incluídos 2,1 milhões de hectares de reservas extrativistas, 44 milhões de hectares de terras indígenas demarcadas e 72 milhões de hectares de corredores ecológicos.

           Esse Programa Ambiental estava infestado de conceitos de Gramsci, o comunista que com suas teses orientou a maneira mais inteligente de como o Brasil se tornaria um país comunista sem necessidade de uma revolução sangrenta. De acordo com Gramsci, o movimento do centro para a periferia deve ocorrer de acordo com uma revolução passiva e do transformismo. Implementados de cima para baixo, a mudança não é causada por uma transformação radical e global do país, mas é introduzida através de um sistema de amortecimento e cooptação das forças sociais, políticas e econômicas, permitindo assim a continuidade do poder dominante. A ordem mundial hegemônica, uma vez reconhecida por seu caráter universal, cria um conjunto de normas e regimes a fim de garantir a ideia dominante de produção, por intermédio das instituições internacionais. No contexto ideológico quem detém o poder, tem papel fundamental na definição da ação dos estados e dos atores subordinados, sendo o produto da nova ordem mundial hegemônica o que por sua vez, legitima e ajuda sua reprodução em regiões periféricas, amortecendo as tentativas externas de contestação ou revolta. A abordagem teórica gramsciniana permite mostrar o quadro internacional que inspirou o PPG-7, influenciado pela criação de um Governo Mundial, que tem como componente o novo comunismo com apoio dos EUA enquanto administrado pelo partido democrático, que representa o comunismo americano.

           O PPG-7 foi montado dentro de um contexto político de economia global que objetiva o domínio do mercado global e consequentemente o comando de nações em desenvolvimento com a potencialidade econômica conhecida do Brasil.

           Os criadores e promotores do Programa Piloto ligaram sua iniciativa a uma ordem mundial pré-estabelecida objetivando ter o controle dos recursos naturais da Amazônia, aceito, sem pestanejar, por governos brasileiros venais, passando por cima dos Estados Amazônicos, ignorando o regime federativo, uma simples peça decorativa institucional, como bem lembra Paulo Guedes em suas lúcidas palestras.

           Antes desse processo de ataque mundialista sobre a Amazônia, os países desenvolvidos estiveram presente nos momentos mais significativos da história da Amazônia: no ciclo da borracha, quando a elite política dominante brasileira ignorou o poder econômico da borracha, entregou aos ingleses a borracha e evitou que a Amazônia se desenvolvesse; nas diversas tentativas brasileiras da expansão da fronteira amazônica; obstaculizando a realização de grandes projetos de infraestrutura; e agora mais efetivamente colocando um “Cavalo de Tróia” na região amazônica, que são as reservas indígenas, extrativistas, florestais, Reserva Legal (confisco disfarçado), e de outras naturezas, ações que ignoraram a existência dos Estados Amazônicos, uma espécie de decretação de morte econômica.

           A política ambiental mundial e brasileira, não foi uma criação e decisão do povo brasileiro, foi a decisão de uma “Castália”, um mundo de egoístas ricos, e de cientistas famintos de dólares a eles atrelados. A política ambiental teve origem nos países ricos, desenvolvidos, que depois de destruírem seus ambientes e usarem seus recursos naturais e piratearem os recursos de nações pobres, se acharam com direito de mandar no mundo, usando para esse fim o meio ambiente e a mídia, instrumentos diabólicos.

           A Amazônia é o que é em nossos dias, porque sempre foi uma região submetida ao saque por brasileiros e estrangeiros, discriminada, cobiçada e ignorada, desde sua descoberta e posse. Enquanto os portugueses premeditaram a posse da Amazônia, o G-7 premeditou o comando da Amazônia.

           O atual governo brasileiro enquanto não entregar de fato e de direito a Amazônia ao Estado do Pará, do Amazonas, do Amapá, do Acre, de Rondônia e de Roraima, não se livrará da política ambiental elaborada para a Amazônia, criada no seio dos países ricos objetivando sua conquista. É absolutamente incompreensível que se imponha aos estados amazônicos políticas de qualquer natureza, mesmo que esteja na Constituição. Enquanto a Amazônia não for efetivamente dos Estados Amazônicos, os brasileiros amazônicos estarão sem desenvolvimento sob comando de terceiros, e o regime federativo será apenas um papel sem valor.

Armando Soares


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